Por Luiz Fernando Santos Reis*
O “Novo Normal” é um conceito, muito em moda, que vem sendo usado para tentar retratar como será a vida após a pandemia de covid-19. Mas o que significa? Haverá um momento que possa delimitar essa tão esperada transição, estabelecendo um marco? Acabou a pandemia e vamos retomar a vida, ou teremos de nos habituar a conviver com o risco?

Essa retomada tem que ser analisada por diversos aspectos. Sem dúvida, antes de todos, o principal diz respeito à garantia da vida. Mas para que isso possa se tornar realidade terá que ser dada à população uma série de condições que permita a retomada do ritmo de trabalho sem que haja risco. Será que isso é possível? Ou vamos viver na “corda bamba” até que se tenha descoberto uma vacina para imunizar a maioria da população?

Devemos lembrar que, por conta das restrições que foram impostas, todos os segmentos sofreram perdas consideráveis. Um bom exemplo é o sistema de transporte urbano, fundamental para o sucesso da retomada, e que sofreu queda brutal. O governo do estado determinou uma redução de 50% da capacidade de lotação dos transportes públicos que, somada às restrições de circulação das pessoas, significou enorme queda na receita do sistema.

Se a frota em condições normais já era insuficiente, como ficará na retomada para atender a demanda? Devemos lembrar que a determinação de só “transportar passageiros sentados” ainda irá persistir por algum tempo.

E o vírus, como fica? Segundo especialista que ouvi em uma webinar, “o vírus não vai embora, veio para ficar. A pessoa não se sente doente, mas vai transmiti-lo. O vírus se multiplica até atingir uma pessoa mais debilitada. Essa vai ficar muito doente”.

Nessa realidade, e até que a maioria da população esteja vacinada, “dá para voltar”? Segundo essa especialista, “dá”. Mas vamos ter que pensar em cada processo que vamos viver para evitar a propagação. Temos que aprender a conviver com a mudança de alguns hábitos, como o tão arraigado, entre os brasileiros, aperto de mão ou abraço. As mudanças terão que ocorrer nos ambientes de trabalho e sociais.

Será que estamos preparados para isso? Será que, após tanto tempo que passamos trabalhando em home office, voltaremos a usar nossos escritórios da mesma maneira que antes? E os hábitos de convívio social, continuarão os mesmos? Quando poderemos voltar a circular sem receio de sermos contaminados ou de contaminar alguém?

Acho que ainda são questionamentos sem resposta. Ao que me parece, e ao que tenho ouvido dizer, vamos viver um aprendizado de convivência com a existência do vírus. E também um reaprendizado para conviver nos mais diversos ambientes que frequentarmos.

Nesse instante me preocupa a falta de medo e respeito com que tudo é tratado em nosso país. Parece que normas foram feitas para serem desrespeitadas. Acontece que nesse caso o desrespeito pode ser fatal!

O “Novo Normal” será um processo lento e progressivo. E no qual juízo, respeito às determinações e preceitos podem significar a diferença entre a vida e a morte.

*Presidente executivo da Associação das Empresas de Engenharia do Rio de Janeiro (Aeerj)