Levantamento do Data Favela mostra que pobres são mais solidários. Na foto, a distribuição de cesta básica na Cidade de Deus - Fotos da Equipe de Fotojornalismo do Jornal O DIA e MEIA HORA - Instagram: @odiafoto
Levantamento do Data Favela mostra que pobres são mais solidários. Na foto, a distribuição de cesta básica na Cidade de DeusFotos da Equipe de Fotojornalismo do Jornal O DIA e MEIA HORA - Instagram: @odiafoto
Por Marina Cardoso

A menos de uma semana para o fim do prazo estabelecido pelo governo federal para que os trabalhadores se cadastrem no auxílio emergencial de R$ 600, os valores da prorrogação da renda básica são incertos. O governo já informou que vai estender por mais três meses o benefício, mas ainda não sabe o valor das parcelas. O que foi confirmado pelo ministro da Economia Paulo Guedes, em live ao lado do presidente Jair Bolsonaro, foi a liberação do pagamento da terceira parcela dos "seiscentão" a partir de sábado.

E esse valor da prorrogação foi motivo de desencontro ontem. Na parte da manhã, o ministro da Secretaria de Governo da Presidência da República, Luiz Eduardo Ramos, divulgou em rede social os valores de três parcelas adicionais que serão pagas pelo governo, mas, minutos depois, apagou a publicação. Segundo o ministro, elas seriam de R$ 500, R$ 400 e R$ 300.

À noite, Bolsonaro confirmou o que o ministro apagou. De acordo com o presidente, a "ideia" do governo é pagar mais três parcelas do auxílio, nos valores de R$ 500, R$ 400 e R$ 300, respectivamente. Segundo Bolsonaro, a prorrogação está confirmada, mas os valores das parcelas ainda estão em estudo.

Na postagem do ministro, ainda havia a informação de que a proposta faria o benefício chegar neste ano a pelo menos R$ 229,5 bilhões. E que isso representa 53% de toda a transferência de renda já feita no programa Bolsa Família desde o início, em 2004.

Confusão

A publicação do ministro na rede social foi feita antes de uma reunião que havia sido marcada com o presidente para debater o futuro das novas parcelas do auxílio emergencial.

A prorrogação do auxílio vem sendo discutida há alguns dias entre parlamentares, ministros e o presidente Bolsonaro. Nesta semana, o presidente afirmou que a União não aguentaria o pagamento de R$ 600 por mais três meses, proposta defendida pelo presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ).

Vale ressaltar para quem não se inscreveu para receber o auxílio emergencial, o prazo vai até o próximo dia 2 no site ou aplicativo da Caixa Econômica. 

 

Ajuda entre os moradores das favelas
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Mais da metade dos moradores das favelas que receberam o auxílio emergencial utilizaram o benefício para ajudar familiares e amigos. É o que diz a pesquisa inédita do Data Favela, em parceria com Instituto Locomotiva, da Central Única das Favelas (Cufa) e da Favela Holding, que afirma que 62% das pessoas usaram o dinheiro com essa finalidade.
A pesquisa evidencia que neste momento de necessidade extrema a força dos laços de solidariedade entre os moradores da favela ajudou quem não tem renda para enfrentar a pandemia. Ainda segundo a pesquisa, quase 7 em cada 10 famílias pediram o auxílio emergencial e 41% ainda não conseguiram receber o auxílio emergencial.
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Além da ajuda aos familiares e amigos, o auxílio foi destinado também para compra de alimentos, de produtos de higiene, produtos de limpeza, remédios e pagamentos de contas básicas. 
De acordo com Celso Athayde, diretor da Favela Holding, fundador da Cufa e do Data Favela, a pesquisa evidencia problemas enfrentados pelos moradores nas favelas. "Essa pesquisa deixa claro que a pandemia impactou da pior forma na favela. Precisamos de política pública nesses territórios, porque o estudo também comprova que senso de solidariedade, coletividade e organização a favela tem de sobra".
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