Apesar de começar o segundo semestre em queda, a avaliação dos economistas para o real é de cautela. "O quadro está muito volátil. Nossa expectativa de final de ano é R$ 5,35, mas a incerteza é grande", afirma o economista da Tendências, Silvio Campos Neto. Ele avalia que há espaço para um dólar mais baixo, conforme a pandemia for superada. "Mas os riscos fiscais internos são significativos", disse ele, ao justificar sua visão mais conservadora para a moeda brasileira.
Campos Neto vê uma mudança de patamar que "parece mais definitiva" no câmbio, com o dólar deixando de operar próximo a R$ 4,00 antes da crise para algo próximo a R$ 5,00 a partir de agora.
No exterior, o dólar teve queda generalizada hoje, após os indicadores da indústria, incluindo o relatório dos gerentes de compra (PMI, na sigla em inglês), mostrarem recuperação da atividade. Também ajudou o relatório ADP, que mede o emprego no setor privado nos EUA, surpreender, não pela criação de 2,4 milhões de vagas em junho, mas com revisão para cima nos números de maio.
O estrategista do banco canadense BMO Capital Markets, Ben Jeffery, ressalta que estes indicadores positivos ajudaram a aumentar ainda mais a expectativa pelo relatório oficial mensal de emprego (chamado de payroll), que teve divulgação antecipada para amanhã (2) por conta do feriado na sexta nos EUA. Após a surpresa com as 10 milhões de vagas criadas em maio, a dúvida é se haverá revisões neste dado e se o número de junho também será forte, embora Jeffery reconheça que está difícil agora nova surpresa como no relatório de maio.
Na ata do Federal Reserve divulgada na tarde de hoje, que não chegou a ter impacto no mercado de moedas, o BC americano reafirmou o comprometimento de usar todas as ferramentas necessárias para lidar com os efeitos da pandemia. Já o presidente Donald Trump prometeu anunciar mais medidas de estímulo, desta vez para os salários.
Em meio a liquidez elevada no mercado internacional, o fluxo de capital para o emergentes bateu em US$ 32 bilhões em junho, de US$ 3,5 bilhões em maio, de acordo com dados preliminares do Instituto Internacional de Finanças (IIF). O Brasil, porém, seguiu perdendo recursos. Pelo canal financeiro, houve saídas líquidas de US$ 4,007 bilhões no mês recém-terminado, até o dia 26, segundo dados do Banco Central.