As agências da Previdência, como essa de Copacabana, estão fechadas a até (pelo menos) 21 de agosto - Estefan Radovicz / Agencia O Dia
As agências da Previdência, como essa de Copacabana, estão fechadas a até (pelo menos) 21 de agostoEstefan Radovicz / Agencia O Dia
Por MARTHA IMENES
Os postos do INSS seriam reabertos hoje, mas diante da escalada de contaminação por coronavírus e da pressão de servidores, a data foi adiada para 24 de agosto. E, mais à frente, se os números da covid-19 não derem uma recuada, essa reabertura pode ser adiada novamente. E tanta preocupação tem motivo: os casos confirmados e suspeitos de pessoal contaminado pela doença no INSS no Estado do Rio de Janeiro, até o último dia 28, chegou a 43, com dois óbitos, ambos na gerência-executiva (Gerex) Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. A capital registra o maior número de casos: 27. Os demais municípios tiveram 16 notificações, segundo informações do próprio INSS.

Desde o final de março, quando foi notificada a primeira morte por coronavírus no país, a maioria dos servidores trabalha de casa. Segundo o instituto, essa medida foi fundamental para que a quantidade de casos no INSS no estado não fosse ainda maior.

O temor de contaminação com o coronavírus tem deixado quem trabalha nas unidades apreensivo. "As agências não estão prontas para reabrir, em muitas faltam divisórias, dispenser de álcool gel, marcação nas cadeiras e no chão para garantir o distanciamento, sem contar que faltam termômetros e máscaras. Com o agravante de que a maioria dos servidores se enquadra no grupo de risco", denunciou um servidor do INSS. O instituto nega a situação.

Questionado pelo jornal O DIA sobre quantos postos devem abrir no Rio, o INSS informou que ainda não foram definidas as unidades que vão retomar as atividades.  Mas, segundo uma fonte, algumas gerências já sabem as agências que terão que reabrir e nos próximos dias outras devem entrar nessa lista. A retomada será gradual. Por enquanto, serão quatro unidades na região de Caxias, sendo duas com atendimento pericial. Na gerência Centro serão três e em Petrópolis, uma.

Peritos advertem que postos não têm condições de abrir
Os médicos peritos têm feito pressão para que as agências do INSS somente sejam reabertas após adequação e fiscalização de autoridades sanitárias e entidades que representam os trabalhadores.

Embora o instituto negue, um perito informou ao jornal O DIA que as unidades não têm condições de retomar o atendimento. "Mesmo antes da pandemia encontrávamos dificuldade em postos que tinham o atendimento pericial no segundo piso e o elevador não funcionava. Agora com menos funcionários a tendência é piorar", lamentou o perito médico que pediu para não ser identificado.

A crise do abre-não-abre das agências levou a uma debandada na chefia dos peritos no Brasil. Na semana passada, a secretária nacional de Perícia Médica, Karina Braido, pediu demissão junto com 120 coordenadores e chefes regionais da perícia. O sistema de perícia médica, é vinculado ao Ministério da Economia e presta serviço ao INSS.

Os servidores alegam que o órgão não adotou as medidas se segurança para reabrir os postos, o que inviabiliza o trabalho. Mas, segundo o INSS, todas as medidas de segurança para que as agências retomem o trabalho estão sendo tomadas. Os servidores discordam.

Contratação 'no telhado'
E as contratações emergenciais de aposentados, servidores do INSS aposentados e militares da reserva para dar um "up" no atendimento e nos processos em análise do instituto, a quantas anda?

Segundo um servidor, essas contratações estão em um impasse. "Na gerência que estou lotado, por exemplo, foram designadas cento e poucas pessoas nessas condições, mas somente 65 passaram para o processo de contratação. E mesmo assim alguns estão com problemas no salário porque o percentual sobre o soldo de um militar dá menos que o de um servidor aposentado, que receberá R$ 2,1 mil por mês", conta.

Esses trabalhadores aposentados foram contratados de forma temporária para dar conta dos benefícios represados no INSS. Dados de junho apontam que 1.282.274 de pessoas esperavam pela primeira avaliação dos seus requerimentos e 520.035 passaram pela análise e caíram em exigência.