Por Luiz Fernando Santos Reis*
O IBGE apresentou no mês de julho os “Indicadores Conjunturais - Covid-19, Pesquisa Pulso Empresa: Impacto da Covid-19 nas empresas”.  O estudo aponta que, na amostragem do setor da construção consultada em todo o país, 43% das empresas haviam fechado, gerando a demissão de aproximadamente 140 mil trabalhadores. O mais trágico é que o grupo mais fortemente atingido foi o das microempresas. Em nosso setor, o cenário que já não era bom foi agravado pela pandemia.

O governo federal, através do Ministério da Infraestrutura, pretende lançar o programa “Pro-Brasil”, que prevê investimentos da ordem de R$ 40,4 bilhões para o período de 2020 a 2023 em obras públicas e, somado ao de “Parcerias de Investimentos”, formará o Eixo Progresso do “Pró-Brasil”.

Em paralelo, está em desenvolvimento o “Eixo Ordem”, que contempla a modernização e os aperfeiçoamentos regulatórios para melhorar o ambiente de negócios e oferecer mais segurança jurídica aos investidores. Esses projetos somados à “Carteira de Concessões”, com a estimativa de gerar R$ 230 bilhões, constituem o tripé que servirão de base para retomar o desenvolvimento, o emprego e a Economia do nosso país.

Como fica o Estado do Rio de Janeiro nesse cenário? Se considerarmos que as três maiores concessões rodoviárias do país, que deverão ser leiloadas entre 2021 e 2022, estão em nosso estado, cria-se de imediato uma sensação de esperança.

No entanto, ao examinarmos detalhadamente os planos de investimentos, veremos que os mesmos só deverão ocorrer a partir do 3º ano, após o início da concessão, o que significa 2024. Em relação às obras do programa “Pro-Brasil” a situação é mais desesperadora. São 153 obras públicas e nenhuma no Estado do Rio.

Somos um estado onde o nível de desemprego aumenta exponencialmente. Só no setor da construção, antes do efeito covid-19, tivemos entre 2016 e 2020 a perda de cerca de 100 mil postos diretos. É sabido que o setor da construção é a mola do desenvolvimento, maior gerador de empregos e alavanca 67 outros setores. Nosso estado não aparenta ter capacidade de, no curto prazo, retomar um programa de investimentos em infraestrutura.

As prefeituras, além de estarem em ano de eleição, aparentam não ter fôlego para investir. O Município do Rio de Janeiro apresenta um cenário perverso para o setor. Os atrasos de pagamentos são uma constante, até para com as empresas que atenderam os chamados emergenciais para executar equipamentos de combate ao coronavírus.

O Estado do Rio perde força, representação, empregos e seus habitantes, qualidade de vida. Se não houver a participação do governo federal, veremos a situação se agravar cada vez mais. E é importante lembrar o ditado popular que dizia “chegamos ao fundo do poço” para representar que a situação não poderia piorar. Contudo, em decorrência dos últimos fatos em nosso estado, podemos concluir que esse poço não tem fundo.

*Presidente-executivo da Associação das Empresas de Engenharia do Rio de Janeiro (Aeerj)