Por Luiz Fernando Santos Reis*
Rio - É desnecessário falar sobre o momento que estamos vivendo no mundo, no Brasil e, principalmente, no Rio de Janeiro. A sensação é que está ocorrendo um desmanche de todas as nossas estruturas.

Vemos um estado estático, em função de denúncias e do processo de impeachement do governador, fruto dos desencontros e desastre que foi a política adotada para o combate a pandemia da covid-19. Não existem programas de investimento em nenhum setor e, para complicar mais, o estado segue na batalha para se manter no Plano de Recuperação Fiscal. Ainda vai enfrentar, pela frente, o processo de privatização da Cedae.

Já o Município do Rio de Janeiro, que vem tendo atuação bem mais conservadora no combate à pandemia, por outro lado, apresenta um enorme descontrole em relação aos gastos públicos. A Secretária Municipal de Infraestrutura, Habitação e Conservação, responsável pelos investimentos na área de infraestrutura, vem tendo uma atuação no mínimo preocupante. Acumula dívidas enormes com as empresas que para ela trabalham. Por exemplo: ainda persistem dívidas correspondentes às obras contratadas em regime de emergência, concluídas em março, para contenção das encostas da Avenida Niemeyer.
Nossas ruas estão esburacadas, o sistema de esgotamento de águas pluviais não funciona, qualquer chuva transforma as ruas em rios. Nossas pontes, viadutos e passarelas necessitam de obras urgentes de manutenção. Várias delas estão com tapumes e placas das empresas contratadas, no entanto, estão paradas por falta de pagamento.
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Aliás a falta de pagamento para as empresas que atuam no setor de obras públicas é uma constante. As obras realmente importantes vêm sendo relegadas a segundo plano enquanto verbas vêm sendo alocadas para recuperação e manutenção de praças e campos esportivos em determinadas regiões.
Não que não devam ser mantidas em condições de uso, ocorre que, com a escassez de recursos, que a Prefeitura confessa viver, não cabe, com tantas prioridades para garantir o bem estar, a saúde e a segurança da população, investir no que não é essencial.

Não vamos elencar todos os setores ou exemplos dos problemas que a prefeitura enfrenta no que tange a infraestrutura, no entanto, não podemos deixar de citar uma obra ícone que é a famosa via expressa Transbrasil, que se arrasta por, no mínimo, quatro anos transformando o uso da Avenida Brasil numa via crucis.

O que se constata com essa realidade quer seja do estado quer seja da prefeitura é que cada vez mais nosso setor se apequena, as empresas que atuam na construção e manutenção de nossa infraestrutura perdem substância, desaparecem e postos de trabalho são perdidos: de 2016 para hoje foram mais de 100 mil.

É importante lembrar que esse setor é a alavanca da retomada, o que mais, rapidamente, gera empregos e, feitas as escolhas em investimentos certos, a qualidade de vida da população melhora.


*Presidente-executivo da Associação das Empresas de Engenharia do Rio de Janeiro