No aguardo dos desdobramentos da discussões sobre as contas ficais brasileiras e das reuniões de política monetária do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central e do Federal Reserve (Fed, o BC dos Estados Unidos), na quarta-feira, 16, a moeda americana terminou em alta de 0,26% no mercado à vista, cotada em R$ 5,2890, distante da mínima do dia, registrada na parte da manhã, antes de vídeo postado por Bolsonaro, que foi de R$ 5,22, com o real acompanhando os demais emergentes após bons indicadores da atividade econômica chinesa.
O dólar acelerou o ritmo de valorização quando Bolsonaro prometeu no vídeo dar um "cartão vermelho" a quem sugere congelar aposentadorias. Em seguida, Paulo Guedes, tentou minimizar os ruídos, afirmando que o cartão não era para ele, além de ressaltar que as reformas estão avançando, a economia se recuperando e que ele estava presente na gravação do vídeo. No mercado futuro, o dólar para outubro subia 0,22% às 17 horas, cotado em R$ 5,2845.
"Uma das maiores preocupações com o Brasil é a consolidação fiscal em 2021, principalmente após a grande disparada de gastos fiscais deste ano", avalia o economista para América Latina em Nova York do banco Natixis, Benito Berber.
Ele observa que o trabalho de Guedes para ajustar as contas públicas é cada vez mais difícil e por isso sempre aparecem dúvidas sobre sua permanência no cargo. Berber ressalta que para conseguir controlar a situação fiscal ruim, Guedes vai ter que controlar o aumento de gastos e tentar cortar despesas. O economista projeta o dólar pressionado no Brasil pela frente, em meio às preocupações fiscais, ficando na casa dos R$ 5,40 pelos próximos 6 meses e em R$ 5,20 daqui a 9 meses.
Além da questão fiscal, a grande expectativa é para as reuniões de política monetária da quarta-feira. A mais aguardada é a do Fed. A diretora de moedas da gestora BK Asset Management, Kathy Lien, diz que o dólar pode se enfraquecer no mercado internacional na quarta, e os investidores estão se posicionando para este movimento, na expectativa por uma postura dovish dos dirigentes, ou seja, compromisso de manter os juros perto de zero e os estímulos monetários adicionais por mais tempo.
Além do Fed e do BC brasileiro, o Banco do Japão também fazem reuniões de política monetária. Para a reunião do Copom, o consenso é de manutenção dos juros, em meio à melhora da atividade, do aumento dos riscos fiscais e do aumento dos preços dos alimentos, ressaltam os economistas do JPMorgan, que esperam manutenção da Selic em 2% ao menos até o final de 2021.