Operação MineirinhaReprodução
Dessa forma, as empresas participantes da fraude obtêm vantagem indevida quando vendem o produto, supostamente comprado por estabelecimentos mineiros, para postos localizados em terras fluminenses a preços menores. Segundo fontes do mercado, há cerca de 100 postos no esquema e funcionários abraçaram a prática irregular para bater metas. Situações como essa reforçam a intenção do governo federal de criar alíquota única do ICMS para todo o país para banir o esquema.
A fraude não é nova. Ela havia sido esquadrinhada nos anos 2000. A investigação da Agência Nacional do Petróleo (ANP), Polícia Federal, Ministério Público Federal resultou numa operação denominada “Mineirinha”. O esquema de sonegação de impostos foi detectado após o Ministério Público analisar notas fiscais que indicavam a comercialização de grande volume de combustível para poucos postos mineiros, postos estes que não tinham condição de armazenar os volumes declarados ou até mesmo já estavam fechados.
Durante a investigação, foram analisadas mais de 8000 notas fiscais emitidas pelas distribuidoras Ale, Ello, Esso e Ipiranga, entre julho e setembro de 2006. Segundo dados levantados à época, a sonegação provocou prejuízos ao erário público de cerca de R$ 1 bilhão.
Investigação sem punição
O assunto chegou até a Câmara dos Deputados, que instalou uma comissão para fiscalizar o assunto e as distribuidoras Ale, Ello, Esso e Ipiranga, alvos da operação Mineirinha. Uma das medidas da comissão foi convidar o ex-presidente da ANP Haroldo Lima para detalhar o esquema numa audiência pública. "Em Minas, alguns postos são tão decadentes que não tinham condições de comprar o combustível declarado nas notas fiscais", afirmou Lima. Na ocasião, Lima sugeriu que o Congresso aprovasse com rapidez a reforma tributária, que unifica as alíquotas de ICMS dos estados, para impedir a sonegação em diversos setores.
Só que a sugestão de Lima não foi levada adiante e a fiscalização proposta pela Câmara fracassou. O deputado federal Édio Lopes (PL-RR) apresentou requerimento para encerrar e arquivar os trabalhos da proposta de fiscalização porque, segundo ele, os motivos que “ensejaram a proposta foram dissipados”.
Passados 14 anos do episódio, o esquema irregular volta com força total e, salvo a criação da alíquota única do ICMS, tem chances de durar por longo tempo. Ainda segundo relatos de fontes do mercado, funcionários das empresas de petróleo – que se submetem a regras de compliance mais rígidas - utilizam atualmente essa prática para baterem metas de vendas.
Há anos, o sindicato que representa as distribuidoras tenta combater a fraude e apoia o projeto de unificação de alíquotas de ICMS.
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