Publicado 30/05/2021 08:00
Rio - Para valorizar os "bons pagadores", a Serasa lançou, na última quarta-feira, a pontuação de crédito Serasa Score 2.0, que dá menos peso ao histórico de dívidas. Na nova modalidade, o cálculo passa a atribuir ainda mais peso aos bons hábitos financeiros, incluindo informações do SPC Brasil e do Cadastro Positivo, que mostra o relatório de pagamentos, como cartão de crédito, empréstimos, limite de crédito, entre outros.
O novo modelo, que estará disponível primeiramente pelo aplicativo da Serasa, poderá ser consultado por toda a população nas próximas semanas. A instituição estima que a modalidade trará mais autonomia aos brasileiros, pois passa a disponibilizar o impacto que cada ação tem no cálculo da pontuação. Segundo a Serasa, ficará mais fácil realizar um planejamento financeiro mais assertivo, avaliando como cada decisão irá impactar o Serasa Score.
De acordo com o gerente da Serasa, Matheus Moura, o novo cálculo vai balancear a análise, uma vez que as dívidas continuam sendo consideradas, mas serão utilizados dados do Cadastro Positivo. "No modelo 1.0, o pagamento de crédito tinha um peso de 13%, já na nova metodologia vai para 43%. Então, pagar as contas em dia terá um impacto muito maior do que as dívidas, por exemplo. O histórico de dívidas tinha um peso de 30%, mas agora caiu para 13%", explica Moura.
Como negociar e quitar dívidas
No mês passado, o Brasil e o Estado do Rio registraram um novo recorde no número de inadimplentes, com 62,98 milhões e 3,31 milhões, respectivamente, conforme um levantamento da Serasa. Se você está no vermelho e pretende negociar os débitos, deve começar pelo planejamento financeiro, listando os ganhos e os gastos mensais.
Sem complicação e visando a facilidade, Moura orienta que o planejamento não precisa ser feito em gráficos ou planilhas: "Mas você deve saber quanto ganha e quanto gasta. Parece trivial, mas a maioria das pessoas não sabe quanto gasta por mês em grandes linhas. É importante saber sobre as contas fixas como luz, água, telefone, internet e aluguel, por exemplo", exemplifica.
Os economistas reforçam que consumidor endividado deve cortar custos não essenciais, com o intuito de pagar os débitos e não entrar em novas pendências. O educador financeiro e especialista em finanças Felipe Nogueira explica que o pagamento da dívida não pode comprometer mais do que 30% do orçamento. Ele reforça que o consumidor deve fazer um planejamento, incluindo todas as dívidas no papel.
Na avaliação do especialista, os débitos mais caros devem ser liquidados primeiro. "Analise as taxas de juros cobradas e as que apresentarem a maior taxa de juros, devem ser priorizadas para pagamento". E acrescenta: "Sempre lembrando de analisar que cheque especial e cartão de crédito apresentam altas taxas de juros rotativos, então, não deixe a bola de neve crescer", aconselha Nogueira.
Se o valor a pagar é maior do que o recebido em salário ou pensão, o consumidor endividado precisará reorganizar as despesas, analisando o que pode ou não ser cortado. Foi o que recomendou a economista e professora do Ibmec RJ Ana Beatriz Moraes. "Avalie se pode conseguir uma renda extra ou se é possível vender algum item que não utiliza para conseguir um valor extraordinário", indica.
Para organizar a vida financeira com o objetivo de ficar no azul, o primeiro passo é avaliar como está o seu orçamento. Sendo assim, a professora aconselha que o inadimplente estude as receitas e as despesas, e verifique quais são os gastos que ultrapassam o valor recebido mensalmente. "Vale observar que entrar no vermelho significa receber '10' e gastar '15'", pondera Moraes.
Após listar os custos e identificar os que se encaixam no orçamento, o consumidor pode negociar por meio do aplicativo da Serasa, disponível na Apple Store e na Google Play. Na plataforma, empresas oferecem até 90% de desconto para liquidar os débitos. "Então, você fez o planejamento financeiro, já sabe quanto pode gastar por mês, basta entrar no aplicativo e observar se a parcela cabe no orçamento. É importante honrar o acordo, porque se quebrá-lo, a dívida voltará com juros", alerta o gerente da Serasa.
Empréstimo
Vale a pena fazer empréstimo para bancar uma dívida? Para a economista e professora do Ibmec RJ Ana Beatriz Moraes, o crédito não deve ser a primeira opção. De acordo com ela, antes de assumir mais um compromisso, o consumidor deve saber se não é possível pagar a dívida atual reorganizando o orçamento e revisando os gastos. "Se não for possível, deve-se considerar fazer um empréstimo, mas sempre pensando em contrair um empréstimo mais barato", avalia Moraes.
"O empréstimo pode ser uma boa ferramenta desde que você analise corretamente o montante total que precisará pagar para conseguir resolver o problema de forma integral. Um ponto importante também é o fato de você conseguir honrar com o valor da parcela do empréstimo, não criando um novo problema financeiro", esclarece o especialista em finanças Marlon Glaciano.
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