Publicado 06/07/2021 08:35
Rio - Uma parte da verba do Sistema Único de Saúde (SUS) que deveria ser utilizada no combate à pandemia, foi desviada para o Ministério da Defesa. Ao todo, R$ 130 milhões da pasta foram destinados para irrigar 184 unidades militares, que não tem relação com o SUS, inclusive, os hospitais militares se negaram a abrir leitos para pacientes civis de Covid-19.
A informação foi levantada pela jornalista Malu Gaspar, com base em documentos enviados à CPI da Covid, no Senado. O estudo feito pela procuradora do Ministério Público de Contas de São Paulo, Élida Graziane Pinto, mostra que parte do dinheiro foi parar no exterior.
Comissões aeronáuticas brasileiras em Washington receberam R$ 55 milhões, e na Europa R$ 7,8 milhões, já para a Comissão do Exército Brasileiro em Washington foram depositados R$ 3,113 milhões e para o Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro R$ 1,067 milhão.
O dinheiro foi usado até para compra de veículos de tração mecânica (R$ 22 milhões) ou uniformes (R$ 1,2 milhão). Além disso, material esportivo, veterinário e roupas de camas foram comprados com o dinheiro da doença.
“A gestão sanitária da calamidade decorrente da pandemia infelizmente não foi orientada para salvar o maior número de vidas possível. A dinâmica da execução orçamentária foi muito suscetível a capturas e desvios”, afirma a procuradora no texto.
O Orçamento do SUS é de R$ 72 bilhões, dos R$ 730 bilhões que o governo destinou para o combate à pandemia. O detalhe é que uma parte desse "orçamento de guerra" não foi de fato para combater o vírus. Na lista de desvios, depois do Ministério da Defesa, vem a Secretaria de Aviação Civil, com R$ 80 milhões recebidos sem justificativa.
"Esses créditos foram criados especificamente para a covid. Quando se empenhou o dinheiro sem explicar como seria usado, abriu-se espaço para o desvio de recursos da saúde para possível aparelhamento de órgãos militares", diz Élida.
Leia mais