Venda de imóveis residenciais cresceu 56% na capital fluminenseFreepik
Pesquisa mostra crescimento de 56% na venda de imóveis residenciais no Rio; saiba se vale a pena investir
Com a pandemia da covid-19 e o aumento do tempo que se passa em casa, cariocas foram em busca de um novo espaço pra chamar de lar; confira as dicas de especialistas para evitar cair em furadas
Rio - A venda de imóveis na cidade do Rio cresceu cerca de 56% entre janeiro e setembro deste ano, segundo uma pesquisa elaborada pela área de inteligência da HomeHub, plataforma carioca de tecnologia imobiliária. Em partes, essa movimentação é resultado da pandemia da covid-19, que despertou nos cariocas a necessidade de se realocar em um imóvel que atendesse às necessidades da família, já que o tempo que se passa em casa aumentou exponencialmente. Outro fator importante nesse cenário é que, mesmo com algumas taxas de juros aumentando, o financiamento de um imóvel segue com juros mais baixos do que o aluguel.
Somente no mês de setembro, o crescimento da venda de imóveis na Zona Sul foi de 55%, enquanto na Barra e no Recreio a alta foi de 12%, em relação a setembro de 2020. Já considerando o acumulado neste ano, diversos bairros tradicionais da capital fluminense registraram crescimento expressivo nas vendas, como a Gávea (190%), Urca (150%), São Conrado (140%), Flamengo (131%), Santa Teresa (126%), Leme (122%), Catete (113%), Glória (95%) e Lagoa (87%).
Para o CEO da HomeHub, Rodolfo Araujo, o mercado de compra e venda de imóveis residenciais apresentou um cenário muito favorável para negociações nos últimos dois anos, o que influenciou diretamente no aumento de transações. "O crédito imobiliário com uma taxa de juros de um dígito empurrou muito o mercado nesses últimos dois anos e a tendência é que continue empurrando. Estamos falando de uma taxa de juros de 6.25% muito abaixo dos 14% ou 13% que costumávamos ver", explicou.
O líder de vendas da Loft, Theo Hamaoui, também apontou a necessidade de passar mais tempo em casa como um fator decisivo para o aquecimento do setor: "Outro fator é que as pessoas passaram a ficar mais tempo em casa devido a pandemia e perceberam a necessidade de comprar um imóvel maior ou mais atualizado ao contexto do mundo. A tendência do home office que chegou para ficar também fortalece o setor. Os consumidores passaram a enxergar seus lares como nunca, já que passaram a ficar muito mais tempo em casa".
Mas afinal, ainda compensa comprar um imóvel?
Diante do aquecimento do mercado, os preços dos imóveis tiveram um reajuste pequeno, na visão de Araujo. Esse ponto, segundo o CEO da Home Hub, já seria uma ótima justificativa para considerar o momento atual propício ao investimento da casa própria, mas é importante que o cidadão observe alguns pontos antes de tomar a decisão de adquirir um espaço.
"Os preços subiram muito pouco em comparação ao aquecimento da demanda. Então o mercado ainda se encontra num momento bastante interessante para compra de imóveis. Pontos importantes que devem ser analisados: muito cuidado com a localização do imóvel. A localização tem uma relação direta com liquidez, por isso tem que ter muito cuidado na escolha do ponto onde você quer comprar. O que tem de infraestrutura no entorno, se é uma região com registros de violência. Também é fundamental fazer um trabalho de pesquisa de preços para ver se esse preço está alinhado com a realidade do mercado e ter um cuidado especial com a documentação do imóvel. Por isso, a importância de ter um profissional para auxiliar nesses processos", afirmou.
O coro foi reforçado pelo economista Gilberto Braga que acrescentou: "Não se trata da compra de uma roupa ou de eletrodoméstico que o comprador pode parcelar em algumas vezes no cartão de crédito. A grande maioria das transações imobiliárias é com financiamento, ou seja, haverá uma dívida para muitos anos. Por isso, deve se pensar que a tendência é comprador ficar muito tempo naquele imóvel".
"Deve se imaginar o que vai acontecer com a sua vida e dos filhos tanto no presente, quanto no futuro. Isso implica em refletir se o imóvel escolhido irá suprir as suas principais necessidades. Aspectos como mobilidade, distância do trabalho, escola, facilidades e dificuldades devem ser ponderadas. Nunca se deve tomar a decisão olhando só o bem, mas tudo que ele impactará na vida de todos os membros da família", acrescentou.
Decidi que quero comprar a casa própria, e agora?
Tomada a decisão de que quer realmente investir em um lar pra chamar de seu, é importante que esse cliente comece a pesquisar não só o local onde quer morar, mas também a faixa de preço e o tipo de imóvel pelo qual está buscando. É na pesquisa e na negociação que os consumidores podem conseguir pagar os melhores valores, além de negociar as condições de acordo com o que cabe no orçamento da família.
"É bom estudar bastante todas as opções, visitar unidades, comparar vantagens e desvantagens de cada uma das escolhas. Estudar as propostas de financiamento, orçar os gastos de entrada. Sempre há gastos com cartórios referentes a escritura e registros, além de reformas, ainda que mínimas no caso de imóveis e de adaptação nos novos, como cortinas, box nos banheiros e móveis planejados sob medida. Tudo deve ser posto na ponta do lápis", orientou o economista.
Além disso, para evitar cair em furadas, a ajuda e acompanhamento de um profissional da área pode cair bem, conforme analisou Gilberto: "É legal sempre contar com assessoria de pessoas especializadas do mercado. É preciso verificar a documentação, se não há qualquer impedimento formal para a operação, se as taxas condominiais e de tributos, como IPTU, por exemplo, estão em ordem. Deve-se desconfiar de ofertas muito baratas, com preços bem abaixo de mercado, o que normalmente sugere a existência de problemas legais com o imóvel ou com os vendedores. Com relação ao imóvel, além do estado de conservação, analisar a posição do sol, se é arejado, barulho externo, valor do condomínio, facilidades e dificuldades na redondezas, se a região alaga quando chove".
O ponto de vista foi reforçado por Rodolfo Araujo, que concluiu: "Um aspecto que chama atenção é o cuidado que você tem que ter com a parte jurídica e com análise da documentação do imóvel e do vendedor. Esse é um ponto que precisa ser muito bem feito e com muito cuidado e por isso você precisa ter uma ótima assessoria jurídica e Imobiliária. Outro aspecto importante e acontece muito com coberturas, por exemplo, é a legalização da área construída. Você precisa ter o cuidado de entender se aquela cobertura que você está comprando está 100% legalizada ou se teve algum acréscimo de construção e que necessitava de mais valia, por exemplo".
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.