A Petrobras anunciou que vai reajustar mais uma vez os preços da gasolina e do diesel em suas refinarias a partir desta terça-feira, 26. O litro da gasolina vendido pela empresa às distribuidoras passará de R$ 2,98 para R$ 3,19, o que representa um aumento de R$ 0,21 ou de cerca de 7%. Já o litro do diesel, passará a ser vendido por R$ 3,34, cerca de 9% mais caro que o preço médio atual, de R$ 3,06. Somente esse ano, o diesel já acumula alta de 65,3% nas refinarias, enquanto o preço da gasolina subiu 73,4% no mesmo período.
A empresa informou que a parcela da gasolina vendida nas refinarias no preço final do produto encontrado nos postos chegará a R$ 2,33, com um aumento de R$ 0,15. A variação é menor que os R$ 0,21 de reajuste nas refinarias porque a gasolina tem uma mistura obrigatória de 27% de etanol anidro. No caso do diesel, a empresa calcula que o impacto para o consumidor final seja um aumento de R$ 0,24, porque o combustível vendido nos postos tem uma mistura obrigatória de 12% de biodiesel.
No último domingo, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) já tinha antecipado a alta. A declaração foi feita durante um evento em Brasília. "Infelizmente, pelos números do preço do petróleo lá fora e do dólar aqui dentro nos próximos dias, a partir de amanhã, infelizmente teremos reajuste do combustível", afirmou o mandatário. Esse é o segundo aumento no preço dos insumos no intervalo de 30 dias. No último dia 9, a gasolina já tinha sofrido um aumento de 7,2%, enquanto o valor do diesel foi elevado em 8,89% no dia 28 de setembro.
Na capital do Rio, até a última sexta-feira, 23 os cariocas estavam pagando em média R$ 6,93 no litro da gasolina nos postos, segundo a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Mas, em alguns pontos da cidade, como no Recreio dos Bandeirantes, Barra da Tijuca e Guadalupe o valor chegou a R$ 7,29.
Outra marca que chama atenção é o valor pago por litro do diesel S-10, com menor teor de enxofre, que alcançou o maior preço médio mensal real da última década (descontada a inflação), sendo vendido a R$ 5,033, conforme mostraram os dados do Monitor dos Preços dos Combustíveis, lançado dia 5 pelo Observatório Social da Petrobras (OSP). Esse valor está 23% acima da média da série histórica, iniciada em 2012, quando a ANP passou a contabilizar os preços do S-10.
O monitor demonstrou ainda que, comparado ao salário mínimo, o diesel teve um aumento de 10 pontos percentuais, subindo de 36% em dezembro de 2012 para 46% em outubro de 2021. Ou seja, um consumidor que abastece seu veículo com 100 litros de combustível num mês gastaria quase a metade de um salário mínimo para isso.
Na prática, a realização de aumentos consecutivos sobre o preço dos combustíveis pesa no bolso daqueles que mais precisam: os consumidores. Esse é o caso do Torneiro Mecânico e autônomo Carlos Eduardo, que passou a escolher entre um passeio com a família ou um dia de trabalho.
"O aumento tem impacto diretamente na minha vida social e profissional. Tenho que escolher entre sair um dia em família ou ir ao trabalho. Com o preço alto, não aumenta só a gasolina, mas também outros derivados do petróleo, o que acaba virando uma bola de neve, que muda o custo de tudo: alimentação, energia e por aí vai. Caso a situação fique estável ou o valor diminua, sabemos que, no final das contas, os preços pago pelo consumidor nunca volta ao justo", relatou.
Para o historiador Gabriel Vabo, de 35 anos, a responsabilidade do aumento está diretamente vinculada a falta de iniciativa da gestão federal. "O governo não tem nenhuma estratégia ou política para combater a alta dos preços dos combustíveis, assim como não tem para a inflação que ataca os alimentos e serviços de uma forma geral. Os cargos das estatais viraram moeda de troca, então temos interesses políticos e pessoais da família Bolsonaro prevalecendo, eles fazem piada da miséria que está o país", ponderou.
A Petrobras justifica que os reajustes no preço garantem que o mercado "siga sendo suprido em bases econômicas e sem riscos de desabastecimento".
"O alinhamento de preços ao mercado internacional se mostra especialmente relevante no momento que vivenciamos, com a demanda atípica recebida pela Petrobras para o mês de novembro de 2021. Os ajustes refletem também parte da elevação nos patamares internacionais de preços de petróleo, impactados pela oferta limitada frente ao crescimento da demanda mundial, e da taxa de câmbio", acrescentou a empresa.
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