Publicado 22/08/2023 12:22 | Atualizado 22/08/2023 12:25
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou nesta terça-feira, 22, que a solução para os problemas do crédito rotativo precisa considerar uma série de pontos para não gerar uma ruptura no mercado de crédito. De acordo com ele, a participação do cartão de crédito no consumo brasileiro é alta na comparação com outros países.
"A gente precisa achar uma solução que entenda que o parcelado sem juros é importante para o consumo brasileiro, não pode ter nenhuma ruptura", disse ele durante participação em evento do Santander, realizado em São Paulo nesta terça-feira. "Não tenho como dizer qual vai ser a solução, mas acho que a solução vai passar por esses pontos. Não fazer nada pode ser pior."
Um dos pontos em discussão, como tem mostrado o Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado), são eventuais restrições ao parcelamento sem juros, que de acordo com os bancos, é subsidiado pelos juros cobrados no crédito rotativo.
Campos Neto afirmou, por outro lado, que a inadimplência acima de 50% no rotativo mostra que "há algo de errado" com essa linha de crédito. Ele ainda disse que é preciso considerar que a inadimplência vista no cartão de crédito nos últimos meses também é fruto da rápida expansão da oferta, puxada majoritariamente por novos players de mercado.
"O negócio de crédito é um negócio de assimetria de informação. Isso fez com que alguns desses entrantes novos da operação de cartões tivessem inadimplência alta com juros altos", afirmou o presidente do BC.
Campos Neto disse que uma solução desorganizada pode gerar problemas para o consumo no País. Ele citou dados que mostram que os cartões de crédito representam 40% do consumo no Brasil. "Você pode concluir ou pelo menos especular que o cartão de crédito faz uma função além do que deveria", afirmou ele.
Ainda de acordo com o presidente do BC, o cartão de crédito é 20% do crédito no País, e nesse produto, só um terço das operações têm cobrança de juros, seja no rotativo, seja no parcelado. Com isso, cerca de 15% do crédito no País não tem a incidência de juros, comentou.
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