Média de juros no rotativo do cartão de crédito praticado no Brasil foi de 455,1% ao ano Freepik
Fim do rotativo não pode levar a restrição em parcelado sem juros, diz Stone
Bancos defendem que é preciso reduzir o número de parcelas ou desincentivar o 'parcelado sem juros'
São Paulo - A Stone defende que as mudanças no crédito rotativo não restrinjam o parcelado sem juros, em posição oposta à de parte do mercado, que afirma que os juros do rotativo servem como subsídio cruzado ao parcelamento. O CEO da companhia, Pedro Zinner, afirma que alterações no instrumento poderiam reduzir a atividade econômica.
"Uma mudança regulatória que tira do lojista a possibilidade de oferecer as operações parceladas teria um impacto significativo nas operações de crédito e na economia, principalmente nesse período em que estamos começando a ter uma recuperação", diz ele ao Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado).
Zinner afirma que a Stone tem acompanhado o debate de perto e que ainda é cedo para estimar os impactos que as mudanças teriam para a empresa. No setor de maquininhas de cartões, a visão é de que o fim do parcelado sem juros se traduziria em um encolhimento dos volumes de transação processados e, consequentemente, das próprias companhias.
O economista-chefe da Stone, Vinicius Carrasco, afirma que o setor foi pego de surpresa pela possibilidade de que o fim do rotativo seja acompanhado de uma restrição ao parcelamento. "Desde março, acompanhamos de maneira muito próxima as discussões, interagimos de maneira muito próxima com os agentes de governo e a devolução sempre era de que o problema era o rotativo, o que achamos que faz sentido, é um problema distinto", diz.
Como mostrou o Broadcast na semana passada, os bancos defendem que é preciso reduzir o número de parcelas ou desincentivar o parcelado sem juros. Os bancos tradicionais afirmam que os altos juros do rotativo compensam a tomada de risco sem contrapartidas que os emissores têm ao oferecer o parcelamento livre de taxas. Fintechs e credenciadoras independentes, como a Stone, discordam da tese.
"Não temos a visão de que precise haver um reequilíbrio, a forma como as partes são remuneradas compensam os entes por suas atividades", diz Carrasco, que afirma ainda que as tarifas de intercâmbio, pagas pelas credenciadoras aos emissores, já cumprem esse papel. "Poderia ter um efeito bastante deletério na economia se machucássemos esse produto [o parcelado]."
Segundo Carrasco, falta clareza sobre os objetivos do Banco Central e do Ministério da Fazenda quanto ao parcelado, mas não está sobre a mesa a possibilidade de extinguir totalmente o instrumento.
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.