Publicado 23/08/2022 10:52 | Atualizado 23/08/2022 11:07
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) anunciou a reabertura da linha de crédito para empresas de menor porte. A medida já havia sido tomada pela instituição contra a crise da pandemia, em 2020. Desta vez, a nova fase do Programa Emergencial de Acesso a Crédito (Peac), se estenderá aos microempreendedores individuais (MEIs) e pequenas empresas.
Com previsão de duração até dezembro de 2023, o programa poderá garantir até R$ 22 bilhões em empréstimos, aceitos a partir de R$1 mil e concedidos por bancos comerciais.
Na última quinta-feira, 18, o presidente do BNDES, Gustavo Montezano, disse que a experiência do Peac mostrou que a figura do "fiador de crédito" para o "herói nacional" (referência aos pequenos empresários) é "muito eficiente". Segundo ele, até mesmo os políticos perceberam o sucesso do programa, pois a ampliação do crédito para pequenos negócios é uma iniciativa que rende votos.
"A classe política entendeu que, em vez de dar R$ 10 bilhões para uma empresa grande ficar com o subsídio para ela, dar R$ 1 bilhão para mil empresas pequenas é mais desenvolvimento social, mais desenvolvimento econômico, e mais voto no fim do dia", afirmou Montezano, durante um evento promovido pelo banco BTG Pactual, com transmissão pela internet.
Ontem, o diretor de Participações, Mercado de Capitais e Crédito Indireto do BNDES, Bruno Laskowsky, negou ao Estadão qualquer intenção eleitoral na reabertura do Peac. Segundo o executivo, a nova fase do programa de garantia de crédito já vinha em gestação havia tempos, incluindo aí discussões com os bancos comerciais que operam o programa.
"Viemos conversando há muito tempo, não é conjuntural. Quando definimos que a nossa estratégia no BNDES é ampliar a acessibilidade de crédito para as PMEs (pequenas e médias empresas), há três anos, viemos conversando com o sistema (bancário) todo", alegou.
De acordo com o executivo, a experiência com a primeira fase do Peac serviu para desenvolver o sistema de integração com os bancos comerciais que concedem os empréstimos garantidos e para calibrar modelos de análise de risco. No entanto, os cenários econômicos de 2020 e o atual são diferentes.
Mudança de foco
Na nova fase, o foco está na "força empreendedora" dos pequenos negócios, incluindo os MEIs, que precisam de financiamentos como "combustível" para crescer. "Na rodada emergencial, o tema era uma crise de risco. Havia liquidez, mas ela ficou represada. A engenharia foi dar um seguro para os agentes (financeiros, ou seja, os bancos comerciais) se sentirem mais confortáveis para distribuir crédito", disse o diretor do BNDES.
Agora, a ação é mais focada nos negócios realmente pequenos. "É mais segmentado. O MEI, com os juros mais altos, a crise geopolítica (como a guerra na Ucrânia), questões objetivas do Brasil (como a campanha eleitoral), tem mais dificuldade de pegar crédito no mercado", afirmou Laskowsky.
Na primeira fase, o Peac garantiu, até 31 de dezembro de 2020, 135.720 empréstimos, tomados por 114.355 empresas, no valor total de R$ 92,1 bilhões. Os financiamentos foram concedidos por cerca de 40 bancos, com destaque para Itaú (com R$ 15,657 bilhões), Bradesco (15,484 bilhões) e Caixa (R$ 15,094 bilhões).
Embora emergencial, a medida atacou um problema estrutural do Brasil: as dificuldades enfrentadas pelos pequenos negócios para tomar empréstimos. A falta de garantias para oferecer aos bancos - imóveis, fábricas ou fianças corporativas, entre outras - sempre foi apontada como um dos fatores por trás desse gargalo. Como resultado, as empresas pequenas têm empréstimos negados ou, quando recebem sinal verde, os juros são elevados. Na pandemia, o problema poderia diminuir a eficácia de outras medidas facilitadoras de financiamentos, causando o que economistas chamam de empoçamento.
"A classe política entendeu que, em vez de dar R$ 10 bilhões para uma empresa grande ficar com o subsídio para ela, dar R$ 1 bilhão para mil empresas pequenas é mais desenvolvimento social, mais desenvolvimento econômico, e mais voto no fim do dia", afirmou Montezano, durante um evento promovido pelo banco BTG Pactual, com transmissão pela internet.
Ontem, o diretor de Participações, Mercado de Capitais e Crédito Indireto do BNDES, Bruno Laskowsky, negou ao Estadão qualquer intenção eleitoral na reabertura do Peac. Segundo o executivo, a nova fase do programa de garantia de crédito já vinha em gestação havia tempos, incluindo aí discussões com os bancos comerciais que operam o programa.
"Viemos conversando há muito tempo, não é conjuntural. Quando definimos que a nossa estratégia no BNDES é ampliar a acessibilidade de crédito para as PMEs (pequenas e médias empresas), há três anos, viemos conversando com o sistema (bancário) todo", alegou.
De acordo com o executivo, a experiência com a primeira fase do Peac serviu para desenvolver o sistema de integração com os bancos comerciais que concedem os empréstimos garantidos e para calibrar modelos de análise de risco. No entanto, os cenários econômicos de 2020 e o atual são diferentes.
Mudança de foco
Na nova fase, o foco está na "força empreendedora" dos pequenos negócios, incluindo os MEIs, que precisam de financiamentos como "combustível" para crescer. "Na rodada emergencial, o tema era uma crise de risco. Havia liquidez, mas ela ficou represada. A engenharia foi dar um seguro para os agentes (financeiros, ou seja, os bancos comerciais) se sentirem mais confortáveis para distribuir crédito", disse o diretor do BNDES.
Agora, a ação é mais focada nos negócios realmente pequenos. "É mais segmentado. O MEI, com os juros mais altos, a crise geopolítica (como a guerra na Ucrânia), questões objetivas do Brasil (como a campanha eleitoral), tem mais dificuldade de pegar crédito no mercado", afirmou Laskowsky.
Na primeira fase, o Peac garantiu, até 31 de dezembro de 2020, 135.720 empréstimos, tomados por 114.355 empresas, no valor total de R$ 92,1 bilhões. Os financiamentos foram concedidos por cerca de 40 bancos, com destaque para Itaú (com R$ 15,657 bilhões), Bradesco (15,484 bilhões) e Caixa (R$ 15,094 bilhões).
Embora emergencial, a medida atacou um problema estrutural do Brasil: as dificuldades enfrentadas pelos pequenos negócios para tomar empréstimos. A falta de garantias para oferecer aos bancos - imóveis, fábricas ou fianças corporativas, entre outras - sempre foi apontada como um dos fatores por trás desse gargalo. Como resultado, as empresas pequenas têm empréstimos negados ou, quando recebem sinal verde, os juros são elevados. Na pandemia, o problema poderia diminuir a eficácia de outras medidas facilitadoras de financiamentos, causando o que economistas chamam de empoçamento.
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