Debate aconteceu nos estúdios da Band em BotafogoNayra Halm / Parceiro/Agência O Dia
Por O Dia
Publicado 18/10/2018 22:53 | Atualizado 19/10/2018 07:23

Rio - Os candidatos ao governo do estado, Eduardo Paes (DEM) e Wilson Witzel (PSC), participaram, na noite desta quinta-feira, do primeiro debate do segundo turno na TV. O tom do evento, realizado pela Rede Bandeirantes dividido em quatro blocos, foi de ataques. Ao longo de mais de mais de uma hora, foram feitos vários pedidos de direito de resposta, o ex-prefeito e o ex-juiz trocaram farpas em diversos temas e pouco falaram de propostas.

Logo no inicio, Paes provocou o adversário sobre ele ter deixado o Espírito Santo na época em que foi juiz pelo estado. O ex-prefeito questionou se o candidato do PSC teria condições de enfrentar o crime organizado do Rio se quando teve a oportunidade "fugiu do Espírito Santo com ameaça de morte".

Witzel rebateu dizendo que o candidato do DEM "amarelou" quando foi prefeito por não ter armado a Guarda Municipal. "Minha experiência como juiz criminal me credencia para enfrentar o crime organizado do Rio de Janeiro (...) Não toleramos mais corruptos. É a turma do (governador Luiz Fernando) Pezão, do (ex-governador, Sérgio) Cabral, que você representa, que nós vamos tirar do poder", alfinetou.

Gestão

Em sua primeira pergunta, Witzel quis saber o que Paes irá fazer na área da saúde. O tema logo saiu da pauta, já que ambos continuaram com a troca de acusações, com o ex-juiz alegando que seu adversário "terá os direitos políticos cassados".

O ex-prefeito se defendeu no tema citando o número de Clínicas da Família que fez em seu governo e atacando a inexperiência em gestão pública do candidato do PSC. "Não consigo nem lembrar o que esse candidato tem gerido na vida (...) A população sabe bem o tratamento que a gente deu no meu governo".

Eduardo Paes (DEM)Nayra Halm / Parceiro/Agência O Dia

Corrupção

Em um embate sobre corrupção, Witzel provocou Paes citando novamente o ex-governador Sérgio Cabral e o ex-presidente da Alerj Jorge Picciani como aliados do ex-prefeito. Paes rebateu dizendo que o adversário é amigo de Mário Peixoto (sócio de Picciani e do ex-deputado Paulo Mello) e do presidente do partido do PSC, Pastor Everaldo.

"Quem anda com sócio do Picianni é você (...) Essas pessoas que te cercam, o Everaldo, esses personagens. A gente tem que olhar que história é essa de corrupção", Paes rebateu, dizendo que Witzel também seria amigo de Luiz Carlos Cavalcanti Azenha, advogado do traficante Antônio Francisco Bonfim Lopes, o Nem da Rocinha, e que foi condenado nesta semana por subornar policiais.

Witzel rebateu contando quem é seu coordenador de campanha e associando Paes ao clã Picciani. "Quem anda com o Picciani é você. Você é que financia os filhos do Picciani. Ele (Rafael Picciani) foi o seu secretário. Você botou ele lá na sua secretaria de Transportes (...) Você come na mesa do Cabral. Você divide o guardanapo com o Cabral. Quantas vezes vamos ter que dizer para a sociedade que você representa o atraso na sociedade brasileira?", rebateu, avisando que o ex-prefeito "não passaria no teste de integridade".

Em outro momento acalorado, Paes classificou as afirmações do adversário como injúrias e disse que não iria dar voz de prisão a ele, como o candidato do PSC ameaçou fazer, em um vídeo direcionado ao ex-prefeito

Vídeo polêmico

Ainda sobre corrupção, Paes citou a polêmica do vídeo em que Witzel aparece em um evento com servidores do Judiciário. "Você acha que é um exemplo de ética aquela cena, você ensinando os outros a ganhar R$ 4 mil a mais?", o ex-prefeito questionou.

O candidato do PSC afirmou que a reunião em questão era sobre previdência e focou na afirmação de Paes sobre ele ter dito, no evento, que assumiu o lugar de um juiz. "O juiz titular não pode expulsar o juiz substituto. Ele só pode ser retirado dali por outra determinação do tribunal, se ele aceitar", disse. "Você está balançando a cabeça, mas essa é a realidade. Não há nenhum tipo de engenharia".

Wilson Witzel (PSC)Nayra Halm / Parceiro/Agência O Dia

Ética

Paes continuou com as acusações, dizendo que Witzel recebeu auxílio-moradia na época em que era juiz, mesmo tendo um imóvel próprio, que não pagou IPTU e que teria feito um empréstimo, pelo qual teria sido processado. "Que ética é essa? A gente vai vendo esse rol de coisas que te envolve... estou falando aqui das suas atividades, quando você era juiz federal. Como você quer posar de candidato da ética com tantas confusões?", o ex-prefeito criticou.

O candidato do PSC rebateu as afirmações do adversário citando a delação premiada do ex-secretário de Obras de Paes, sobre casos de corrupção na pasta. "Não ensino juiz a fazer nada ilegal. Você ensinou o seu secretário de Obras. Está na delação do seu secretário de Obras. Ele diz que você ensinou como fraudar os contratos do BRT. Esse tipo de coisas você pode ter certeza que não vou ensinar a ninguém", disse, citando uma suposta percentagem dos projetos em questão, que teria sido direcionada ao ex-prefeito.

Foi quando Paes teve um direito de resposta concedido, o único dentre todos pedidos no debate. "Ele (Witzel) está usando de maneira covarde isso na televisão, de uma delação de um ex-secretario meu. Infelizmente ele foi pego cometendo crime, duas vezes presos, prestou três depoimentos, nunca citou meu nome e a 48 horas das eleições surge essa história. Ele não me acusa de receber nada (...) O Alexandre Pinto, quando faz essa referência a mim, disse que ouviu dizer", o ex-prefeito se defendeu, aproveitando para alfinetar o adversário. "Péssimo professor, mas de vez em quando deve conhecer alguma coisa de Direito".

Aliados

Em uma pergunta ao ex-juiz, Paes voltou a falar de Mário Peixoto, dizendo que o candidato do PSC tem relações próximas com ele. Witzel respondeu dizendo que conversou com muita gente para fazer o programa de sua campanha. "Essa pessoas contribuíram muito. Você está aficionado por este personagem, que é amigo do seu correligionário de partido (Jorge Picciani). Então, essas relações é que você tem que explicar. São relações que infelizmente mancham o estado".

O ex-prefeito rebateu dizendo que o adversário "mais uma vez não explicou a relação dele com Mário Peixoto". "Convivia como prefeito com esses políticos e nunca me aproximei. Você não! Vem estabelecendo relação próxima", Paes questionou.

Em uma pergunta sobre previdência dos militares, Wiztel começou tentando provocar o adversário. "A minha pergunta vai para o soldado do Lula, candidato alinhado com as ideias do Lula, preso", o ex-juiz associou.

Ao começar sua resposta, Paes disse que não é "soldado do Lula", alegando que ao longo de sua gestão na Prefeitura trabalhou em parceria com três presidentes e três governadores. "Vou me relacionar, inclusive, com o prefeito que te apoia aqui no Rio (Marcelo Crivella).

Debate aconteceu na noite desta quinta-feiraNayra Halm / Parceiro/Agência O Dia

Placa de Marielle

Já com o debate se encaminhando para o fim, Paes questionou o candidato do PSC de ter estado junto dos então candidatos do PSL a deputado federal Rodrigo Amorim e Daniel Silveira, quando eles danificaram uma placa com o nome da ex-vereadora Marielle Franco. "O senhor estava lá participando daquele ato. O senhor acha que aquela manifestação enaltece um comportamento cristão, comemorando alguém enaltecendo o assassinato de uma pessoa?", o ex-prefeito questionou.

Witzel respondeu dizendo que não tolera nenhum tipo de violência e intolerância na política. "A facada em Jair Bolsonaro foi um duro golpe em nossa democracia e a morte de Marielle também não é diferente", defendeu.

Paes não ficou satisfeito com as palavras do adversário e insistiu no assunto. "Eu não tinha visto o vídeo ainda. É muito chocante para qualquer cristão que preze a vida, que tenha o mínimo de valores. Enaltecer o assassinato de um ser humano e, no caso, um representante popular", defendeu.

Considerações finais

Em suas últimas palavras, Paes reforçou que não está envolvido em nenhum esquema de corrupção. "Tenho muito orgulho daquilo que fiz ao longo da minha vida pública. Quero poder levar essa minha experiência, esse amor ao Rio de Janeiro. Estou aqui porque acredito muio que dá para recuperar, dá para transformar", alegou.

Já Witzel agradeceu os votos recebidos no primeiro turno. "Tenho a certeza de que você está escolhendo alguém que tem compromisso com a ética, a decência, a dignidade", disse, para o debate ser encerrado.

ASSISTA AO DEBATE NA ÍNTEGRA A PARTIR DE 3MIN50S DO VÍDEO ABAIXO!

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