Aras diz estar "tranquilo" e que conversas foram triviaisReprodução/TSE
Publicado 01/09/2022 07:59
A Procuradoria-Geral da República (PGR) manifestou na quarta-feira, 31, posição contrária ao pedido para levantar o sigilo das supostas conversas entre o procurador-geral da República, Augusto Aras, e ao menos um empresário bolsonarista. 
O empresário era parte do grupo que foi alvo da operação da Polícia Federal na última semana por suspeita de apologia a um golpe de Estado.

O pedido para tornar as conversas públicas foi feito pelos senadores Randolfe Rodrigues (Rede-AP), Renan Calheiros (MDB-AL), Humberto Costa (PT-PE) e Fabiano Contarato (PT-ES). Eles cobraram o "escrutínio social e amplo das reais intenções de determinadas autoridades federais".

A existência de conversas entre Aras e pelo menos um dos empresários foi revelada pelo "Jota". Conforme o site, Aras, que acumula a PGR com a Procuradoria-Geral Eleitoral, trocou mensagens com Meyer Nigri, dono da construtora Tecnisa, de quem é amigo. A interlocutores, o procurador-geral disse que estava "tranquilo", pois os diálogos com Nigri foram "triviais" e tratavam de livros, obras de arte e vinhos.

A vice-procuradora-geral da República Lindôra Araújo, braço direito de Aras, afirmou em sua manifestação que os senadores estão tentando se "autopromover" em "pleno período eleitoral". "Constantes e reiteradas petições de agentes políticos no Supremo Tribunal Federal têm se afigurado como estratagemas para possíveis intenções midiáticas daqueles que, cada vez mais, endereçam pedidos abusivos e descabidos à Suprema Corte e, ainda, chicana nas redes sociais, confessando o esquema", criticou Lindôra.

Ela argumentou, ainda, que os senadores não têm legitimidade para pedir acesso a informações sigilosas. Lindôra também acusa os parlamentares de tentar avançar sobre prerrogativas exclusivas dos órgãos de investigação.

Oministro do Supremo Alexandre de Moraes determinou o bloqueio de contas bancárias dos empresários atendendo a um pedido de Randolfe . A PF não fez a solicitação.

Críticas

"Referidos parlamentares, investidos de típica função legislativa, não podem, de forma anômala, intentarem assumir a condução investigativa e proceder à persecução, usurpando as funções precípuas das autoridades investigativas competentes, sob pena de violação à própria separação de Poderes estabelecida constitucionalmente", escreveu a vice-procuradora-geral.

Na avaliação de Lindôra, não existe base jurídica para o pedido dos parlamentares. Ela afirmou que os senadores usaram "conjecturas e ilações para iniciarem e conduzirem frentes investigatórias com espetacularização midiática".

A manifestação foi enviada ao gabinete de Moraes, que mandou a Procuradoria-Geral se manifestar sobre o pedido feito pelos parlamentares.

A ação contra os empresários causou uma crise entre Moraes e Aras. O procurador-geral afirmou que só soube da operação quando ela ocorreu, no dia 23 de agosto. Moraes rebateu e disse que a PGR foi intimada na véspera.
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