Publicado 24/10/2022 13:09
Rio - A Polícia Civil instaurou um inquérito para apurar a agressão sofrida pelo profissional da Inter TV, afiliada à TV Globo, Rogério de Paula, de 59 anos, na tarde do último domingo (23), enquanto trabalhava cobrindo a prisão do ex-deputado Roberto Jefferson pela Polícia Federal, em Comendador Levy Gasparian, município do interior do Rio. O agressor foi identificado como Diogo Lincoln Resende, de 41 anos, e trabalhava como assessor do vereador Robson Souza (PSDB), na Câmara Municipal de Três Rios. Ele foi exonerado na manhã desta segunda-feira (24).
"Ontem (domingo) mesmo, o delegado que estava de plantão já deu início a investigação e a polícia está trabalhando no caso. Hoje (segunda), pela manhã, um policial já foi ao hospital para ouvir a vítima e continuarmos os procedimentos. O agressor já foi identificado e estamos tentando localiza-lo neste momento", relatou o delegado Cláudio Batista, titular da 108ª DP (Três Rios), que atende ao município de Levy Gasparian.
O delegado também falou sobre a tipificação do crime pelo qual o agressor deve responder. "A princípio, ele vai responder por lesão corporal. Para sabermos exatamente como será enquadrado, precisamos esperar o parecer do hospital e o resultado do exame no IML, mas, a princípio, é esse o crime", explicou Batista.
Segundo informações divulgadas pela assessoria da Polícia Civil, testemunhas estão sendo ouvidas nesta fase da investigação, e Diogo Resende prestará depoimento em breve. A vítima também deverá ser ouvida, na delegacia, quando for liberada dos cuidados médicos.
O Hospital Nossa Senhora da Conceição, em Três Rios, para onde o jornalista foi no último domingo (23), informou que "o cinegrafista da Inter TV passou por atendimento e, no momento, está estável. Já deixou a UTI e encontra-se no quarto do hospital". Não foi informado quando ele receberá alta. Rogério chegou lúcido e sem sangramentos à unidade médica, mas precisou permanecer sob observação durante a madrugada.
O Hospital Nossa Senhora da Conceição, em Três Rios, para onde o jornalista foi no último domingo (23), informou que "o cinegrafista da Inter TV passou por atendimento e, no momento, está estável. Já deixou a UTI e encontra-se no quarto do hospital". Não foi informado quando ele receberá alta. Rogério chegou lúcido e sem sangramentos à unidade médica, mas precisou permanecer sob observação durante a madrugada.
Na manhã desta segunda-feira (24), a Câmara Municipal de Três Rios divulgou uma nota informando que o assessor não faz mais parte do corpo de funcionários da casa. Confira a nota na íntegra.
"A Casa Legislativa trirriense vem a público externar repúdio às atitudes do assessor parlamentar Diogo Lincoln Resende, no episódio ocorrido em Comendador Levy Gasparian neste domingo, dia 23. Essa não é a atitude que se espera de um servidor. Informamos também, que após ter ciência do ocorrido, o vereador Robson de Souza (Robson dentista) não teve outra alternativa e solicitou à presidência, a exoneração imediata do servidor. Já que o vereador não compactua com qualquer tipo de violência e desrespeito. Ainda mais com um jornalista no exercício da sua função. Ressaltamos que o vereador é a favor da democracia, diálogo e da liberdade de expressão
O presidente da Câmara de Vereadores, Ercules Rodrigues (Professor Erquinho), defensor da liberdade de imprensa e do respeito aos profissionais que fazem seu trabalho com responsabilidade, também manifestou-se e repudiou todo e qualquer tipo de agressão seja verbal ou física. Ao cinegrafista, nossos votos de célere recuperação"
O presidente da Câmara de Vereadores, Ercules Rodrigues (Professor Erquinho), defensor da liberdade de imprensa e do respeito aos profissionais que fazem seu trabalho com responsabilidade, também manifestou-se e repudiou todo e qualquer tipo de agressão seja verbal ou física. Ao cinegrafista, nossos votos de célere recuperação"
Procurado pelo DIA, o vereador Robson Souza (PSDB), para quem Diogo trabalhava, ainda não se posicionou sobre o ocorrido. O espaço está aberto para manifestação.
Associações e sindicatos de jornalistas se manifestam
O Sindicato dos Jornalistas do Município do Rio de Janeiro e a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) emitiram uma nota conjunta de repúdio ao ataque. “Não podemos naturalizar e nem aceitar essa situação. Desde 2019, houve uma explosão da violência contra a categoria, a partir da chegada ao poder da extrema-direita. Passamos de 135 agressões, em 2018, para 430 em 2021. Com Jair Bolsonaro no governo, há três vezes mais agressões a jornalistas do que havia antes. É mais do que um caso por dia. Desde que chegou ao poder, o presidente é o principal agressor: em 2021, Bolsonaro realizou 147 agressões a jornalistas, 34% do total nacional. Somando as agressões cometidas por seus apoiadores, filhos políticos e membros do governo, o bolsonarismo responde por 70% dos casos de violência registrados contra a categoria no ano passado. A Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) e os Sindicatos de Jornalistas do Município do Rio de Janeiro e do Estado do Rio repudiam e condenam mais esse ato de violência contra um trabalhador da mídia. Ao mesmo tempo, cobram das autoridades a apuração e punição do agressor.”
A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), em nota, também lamentou o ocorrido e cobrou rapidez na investigação. "A Abraji se solidariza com o repórter cinematográfico Rogério de Paula e toda equipe da InterTV. Espera que as autoridades fluminenses investiguem com celeridade a agressão ao cinegrafista. É inadmissível que profissionais de imprensa sejam impedidos de realizar o seu trabalho de levar informações de interesse público para a sociedade. Além do ataque contra o repórter cinematográfico, foram registradas hostilidades contra outros jornalistas no entorno da casa do ex-deputado. Isso é sinal de que, nos próximos dias, todas as entidades que prezam por um ambiente democrático no Brasil devem permanecer vigilantes em defesa do exercício do jornalismo. A Abraji também pede especial atenção das autoridades de segurança pública do país para que jornalistas tenham condições de trabalhar em segurança. Recomenda ainda que veículos de imprensa reforcem orientações e condições de segurança a seus profissionais na cobertura eleitoral".
O Sindicato de Jornalistas do Estado do Rio divulgou nota, na manhã desta segunda-feira (24), repudiando o ataque. "(...) O Sindicato tem denunciado assassinatos e dezenas de agressões a jornalistas no interior do Estado . Esta agressão é mais uma da série de violência que vem ocorrendo em todo país e que aumentou em mais de 30 por cento desde que o Bolsonaro assumiu o governo. Na realidade, ele é o principal agressor contra jornalistas, principalmente, mulheres jornalistas. O Sindicato condena mais um atentado ao direito democrático e ao exercício profissional de informar. O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado do Rio de Janeiro aliado da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) condena, repudia, a agressão covarde e solicita urgentes providências das autoridades para apurar e punir o agressor".
O Sindicato dos Jornalistas do Município do Rio de Janeiro e a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) emitiram uma nota conjunta de repúdio ao ataque. “Não podemos naturalizar e nem aceitar essa situação. Desde 2019, houve uma explosão da violência contra a categoria, a partir da chegada ao poder da extrema-direita. Passamos de 135 agressões, em 2018, para 430 em 2021. Com Jair Bolsonaro no governo, há três vezes mais agressões a jornalistas do que havia antes. É mais do que um caso por dia. Desde que chegou ao poder, o presidente é o principal agressor: em 2021, Bolsonaro realizou 147 agressões a jornalistas, 34% do total nacional. Somando as agressões cometidas por seus apoiadores, filhos políticos e membros do governo, o bolsonarismo responde por 70% dos casos de violência registrados contra a categoria no ano passado. A Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) e os Sindicatos de Jornalistas do Município do Rio de Janeiro e do Estado do Rio repudiam e condenam mais esse ato de violência contra um trabalhador da mídia. Ao mesmo tempo, cobram das autoridades a apuração e punição do agressor.”
A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), em nota, também lamentou o ocorrido e cobrou rapidez na investigação. "A Abraji se solidariza com o repórter cinematográfico Rogério de Paula e toda equipe da InterTV. Espera que as autoridades fluminenses investiguem com celeridade a agressão ao cinegrafista. É inadmissível que profissionais de imprensa sejam impedidos de realizar o seu trabalho de levar informações de interesse público para a sociedade. Além do ataque contra o repórter cinematográfico, foram registradas hostilidades contra outros jornalistas no entorno da casa do ex-deputado. Isso é sinal de que, nos próximos dias, todas as entidades que prezam por um ambiente democrático no Brasil devem permanecer vigilantes em defesa do exercício do jornalismo. A Abraji também pede especial atenção das autoridades de segurança pública do país para que jornalistas tenham condições de trabalhar em segurança. Recomenda ainda que veículos de imprensa reforcem orientações e condições de segurança a seus profissionais na cobertura eleitoral".
O Sindicato de Jornalistas do Estado do Rio divulgou nota, na manhã desta segunda-feira (24), repudiando o ataque. "(...) O Sindicato tem denunciado assassinatos e dezenas de agressões a jornalistas no interior do Estado . Esta agressão é mais uma da série de violência que vem ocorrendo em todo país e que aumentou em mais de 30 por cento desde que o Bolsonaro assumiu o governo. Na realidade, ele é o principal agressor contra jornalistas, principalmente, mulheres jornalistas. O Sindicato condena mais um atentado ao direito democrático e ao exercício profissional de informar. O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado do Rio de Janeiro aliado da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) condena, repudia, a agressão covarde e solicita urgentes providências das autoridades para apurar e punir o agressor".
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