Publicado 28/10/2022 12:08 | Atualizado 28/10/2022 12:43
São Paulo - Os candidatos ao governo de São Paulo Tarcísio de Freitas (Republicanos) e Fernando Haddad (PT) se enfrentaram na noite desta quinta-feira, 27, no último debate antes do segundo turno das eleições. O encontro, promovido pela Rede Globo, foi mediado pelo jornalista Cesar Tralli. Entre os temas, destacaram-se a crise do oxigênio em Manaus, o valor do salário-mínimo e do Auxílio Brasil, o agronegócio e a pandemia de covid-19.
No confronto, que durou cerca de duas horas e foi dividido em quatro blocos, o ex-ministro da Infraestrutura e o ex-prefeito da capital paulista priorizaram temas nacionais, mencionando os candidatos à Presidência Jair Bolsonaro (PL) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT), seus padrinhos políticos, que também se enfrentam na emissora nesta sexta-feira, 28.
Um dos assuntos mais polêmicos do debate foi a falta de oxigênio na capital amazonense em um dos períodos mais críticos da pandemia. Haddad criticou a atuação de Bolsonaro na ocasião e disse que Tarcísio, então responsável pela Infraestrutura, teve responsabilidade no atraso da distribuição de insumos à rede de saúde do Amazonas.
O candidato do Republicanos, então, questionou ao petista sobre o que teria feito diante da situação. O ex-prefeito da capital paulista revidou: "Só tem barco e caminhão para levar oxigênio para Manaus?", ao que Tarcísio respondeu: "Para você ter ideia do volume a ser transportado de oxigênio, não dá para transportar em avião. Aliás, transportar oxigênio no avião é um risco".
Sobre salário-mínimo, Haddad afirmou que pretende aumentar o valor no estado para R$ 1.580. Em seguida, disse estar preocupado com o Sistema Único de Saúde (SUS) de São Paulo. Em resposta, Tarcísio alegou que queria "responder às perguntas", mas que era necessário "reestabelecer "a verdade" primeiro. O ex-ministro seguiu dizendo que a campanha dele vem sendo "bombardeada por fake news" e que precisava desmentir acusações. Dando continuidade, o candidato do Republicanos negou que pretenda aumentar a conta de água e que apenas "estuda a privatização da Sabesp".
O apoiador de Bolsonaro defendeu o candidato à reeleição, disse que é mentira a afirmação de que o presidente não aumentará o salário-mínimo e negou que o atual chefe do Executivo, se reeleito, vai suspender o Auxílio Brasil. Haddad criticou a falta de aumento real do valor nos últimos anos e disse que a remuneração "tem que acompanhar a inflação".
Tarcísio respondeu que pretende estabelecer o salário-mínimo entre R$ 1.550 e R$ 1.600 no estado. Ele afirmou que vai "fazer isso com responsabilidade" e que "não se resolve os problemas econômicos na canetada".
Ainda na temática da pandemia, mas trazendo a discussão para o âmbito estadual, Haddad perguntou a Freitas como ele pretende conduzir, se eleito, a questão da vacinação de crianças. Tarcísio alegou que a imunização infantil deve ser uma escolha dos responsáveis. "Tenho certeza que você vacinou seus filhos e eu, os meus. A gente não precisa obrigar um pai e a mãe a vacinar seu filho, ele sabe que aquilo é saúde."
Sobre mobilidade urbana, Haddad apontou a proposta de criar o Bilhete Único Metropolitano. Tarcísio rebateu: "Essa proposta é antiga, mas, na época, o Alckmin, que é vice do Lula, não topou. Nós vamos implementar, já sabemos inclusive quanto custa".
O candidato do Republicanos falou sobre a proximidade do petista com o Movimento dos Sem Terra (MST), que incomoda ruralistas do interior do estado, e disse que pretende "investir muito" no agronegócio. Ele perguntou ao adversário como pretende intermediar essa relação. Haddad afirmou que o MST vai "continuar produzindo", desviou o tema para o Auxílio Brasil, e retomou, dizendo que seu governo promoveu "o maior avanço da agricultura familiar e do agronegócio da história.
No fim do encontro, o assunto abordado foi o tiroteio em uma comunidade no bairro Paraisópolis, na Zona Sul da capital paulista. O candidato do PT questionou o do Republicanos sobre o fato de um membro da campanha de Freitas ter pedido a um cinegrafista que apagasse imagens do incidente.
"Se você tem uma imagem que você acha que pode colocar em risco a vida de alguém, você apaga ou leva para a autoridade policial? A autoridade policial é que decide manter ou não em sigilo aquela imagem", afirmou Haddad. Em resposta, Tarcísio disse que é "sensacionalismo" mencionar o assunto e falou que "é muito fácil julgar uma pessoa que está lá sob forte emoção, que agiu de boa-fé". Ele alegou, novamente, que o pedido foi para preservar a “segurança das pessoas”.
"O que você acha que a gente quer esconder?", indagou Tarcísio ao petista. Sem deixar ele se manifestar, Freitas respondeu: "Nada". A ação de abordar o cinegrafista foi de um agente licenciado da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Tarcísio disse que ele o agente são "amigos de longa data". O caso é investigado pela Polícia.
Nas considerações finais, Tarcísio agradeceu aos eleitores de SP e reforçou o distanciamento entre ele e o candidato do PT. "Nós temos duas linhas muito diferentes para o Estado de São Paulo: a linha do verde e amarelo, a linha do vermelho", disse.
Haddad finalizou o debate dizendo que "essa é a eleição das nossas vidas". Ele ainda fez observações sobre a importância global que terá o resultado deste dia 30. "O mundo inteiro está olhando para São Paulo. [O estado] é um país dentro de um país". O ex-prefeito agradeceu à emissora, aos eleitores e ao adversário.
No primeiro turno, quem levou a melhor foi o aliado de Bolsonaro, com 42,32% dos votos válidos, contra 35,70% do aliado de Lula. Em terceiro, ficou o atual governador e candidato à reeleição Rodrigo Garcia (PSDB), com 18,40%.
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