Luiz RochaReprodução/Twitter
Publicado 14/08/2021 13:22 | Atualizado 14/08/2021 13:23
Rio - O Tribunal Regional do Trabalho de Minas Gerais (TRT-MG) condenou a agência Sports Agency, cujo CEO é o agente Luiz Rocha, por exercício ilegal de atividades com menores de idade. Além disso, a empresa também foi condenada por intimidar familiares e cobranças abusivas pelas prestações de serviço. As informações são do portal espanhol "Mundo Deportivo".
As investigações começaram há dois anos, quando o promotor Genderson Silveira Lisboa, do TRT-MG, recebeu uma denúncia anônima sobre o caso. O juiz Cláudio Roberto Carneiro de Castro condenou a empresa a pagar uma indenização por dano moral coletivo de R$ 200 mil. O valor será destinado ao Fundo Estadual para a Infância e Adolescência.
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A Sports Agency é uma empresa mineira, localizada em Belo Horizonte e trabalha com assessoria e consultoria de jogadores. Luiz Rocha, CEO da empresa, também é um dos empresários de Rodrigo Muniz, ex-jogador do Flamengo que foi recentemente vendido ao Fulham, da Inglaterra.
Inclusive, Luiz Rocha mora em Madrid e recentemente negociou a ida de Muniz para o Atlético de Madrid, mas as negociações não avançaram.
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A decisão do TRT, apesar de ainda caber recurso, tem efeito imediato. Ou seja, todos os contratos que a agência tem em vigor com familiares estão suspendidos, além da empresa estar proibida de assinar novos vínculos de agora em diante.
Em nota, o agente Luiz Rocha se defende e diz estar sendo alvo de uma articulação feita por concorrentes. Veja a nota na íntegra:
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 SOBRE OS OBSTÁCULOS ENFRENTADOS AO DESAFIAR O STATUS QUO NO FUTEBOL

Na formação que recebi dos meus pais, o trabalho e a honestidade têm enorme importância.

Trabalho muito e todos os dias da semana. Sou responsável por uma empresa que tem vários colaboradores e clientes.

Todos, colaboradores e clientes, sabem que não aceito participar de qualquer ilicitude.

Sou médico de formação e empreendedor por natureza. Graduei-me, no ano 2000, pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais e, um ano após me formar, decidi trabalhar com atletas de futebol. Inicialmente, tive algumas dúvidas por saber que se tratava de um meio difícil, contaminado pela corrupção em alguns setores. Vi, contudo, um desafio e uma oportunidade de fazer diferente.

Quando comecei, eu sustentava a minha família e as atividades do futebol com meu trabalho como médico. Depois, consegui deixar a medicina e me dedicar exclusivamente ao futebol. Já são mais de 20 anos de trabalho duro e honesto.

Nos últimos 5 anos, crescemos e fizemos alianças importantes no exterior. Incomodamos muito o mercado e desafiamos o status quo.

Durante nossa caminhada, a Traffic, do empresário José Hawilla, começou a trabalhar com atletas de futebol e, dada a capacidade financeira dessa empresa, tornou-se, para mim e para outros pequenos empresários, quase impossível competir. Os atletas eram seduzidos por ofertas financeiras vultuosas e acabavam rompendo o vínculo com seus intermediários para trabalhar com a Traffic.

José Hawilla, pivô do maior escândalo de corrupção do futebol mundial, foi preso pelo FBI em maio de 2013, dispôs-se a colaborar com as autoridades americanas e morreu no dia 25 de maio de 2018.

Há 3 anos, meu filho, na época com 13 anos de idade, abordou-me: “Pai, você não vai conseguir se não for corrupto”. Foi muito triste perceber que uma criança havia, de certo modo, constatado como algumas coisas funcionam. Respondi: “Papai pode não conseguir, mas irá tentar”.

Há alguns anos, contatei voluntariamente o Ministério Público do Rio Grande do Sul a fim de colaborar com uma investigação em andamento que apurava crimes ocorridos na gestão 2015/2016 do Sport Club Internacional.

Há aproximadamente dois 2 anos, fui surpreendido com uma convocação do Ministério Público do Trabalho, em Belo Horizonte. Achei que fora chamado para convalidar a minha colaboração com o Ministério Público do Rio Grande do Sul ou algo nessa linha.

Na verdade, o Ministério Público do Trabalho havia recebido uma denúncia anônima que acusava a minha empresa de “firmar contratos com atletas menores de idade com cobrança de comissões com base em salários e bolsas de formação (…), assim como tentar manter o vínculo destes atletas que queiram se desvincular da relação por meio de ameaças de cobranças de dívidas não existentes”. Um absurdo, pois tanto os contratos que celebramos quanto as cobranças que fizemos são legais e legítimas, assim como o nosso trabalho é legal e legítimo.

Desconfiamos e, logo em seguida, tivemos a confirmação de que a denúncia anônima era, na verdade, uma estratégia de algumas empresas concorrentes, encabeçada por uma empresa específica.

Fizemos uma denúncia, nos mesmos termos pelos quais fomos denunciados, no mesmo Ministério Público do Trabalho, que, diferentemente do que ocorreu em relação à minha empresa, não deu sequência ao inquérito. Fiquei estupefato e indignado.

Há várias irregularidades no processo em andamento e questões técnicas que terão de ser enfrentadas pelo Poder Judiciário. Houve apenas uma primeira decisão, da qual já recorremos e que ainda está sujeita a vários recursos. Demonstraremos, nas instâncias superiores, que nossa conduta é condizente, aliás, com a própria interpretação que a Escola Superior do Ministério Público da União possui sobre o dispositivo da Lei Pelé debatido no caso, contida no Manual de Atuação dos Procuradores.

Enfim, não temos nada a temer e continuaremos trabalhando com honestidade e transparência, como inúmeras pessoas de bem do meio do futebol, entre atletas, ex-atletas, dirigentes e até mesmo concorrentes, podem confirmar.

Quase todos os pais/atletas que deixaram de trabalhar conosco o fizeram após receberem recursos financeiros de empresas concorrentes. Os pais ignoravam os contratos firmados, recebiam dinheiro de empresas concorrentes e enviavam uma notificação dizendo serem nulos os contratos que haviam firmado conosco. Algo no mínimo incoerente, alegar nulidade de uma relação e iniciar relacionamento com uma empresa concorrente...

O fato é que a questão é muito mais complexa e profunda do que essa primeira decisão dá a entender. Confiamos que a verdade e a justiça irão prevalecer.

Luiz Henrique Antunes Rocha
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