Publicado 22/05/2023 12:45 | Atualizado 22/05/2023 12:51
Em meio à pressão do governo brasileiro, do Real Madrid e das redes sociais, o Ministério do Esporte da Espanha informou em nota oficial que já iniciou a análise das imagens do caso envolvendo o racismo sofrido por Vini Jr, desta vez por torcedores do Valencia.
Dentro da pasta, a Comissão Permanente contra Violência, Racismo, Xenofobia e Intolerância é a responsável por punir os responsáveis. Os membros se reuniram nesta segunda-feira (22).
"Estão sendo realizadas tarefas de análise das imagens disponíveis para conseguir a identificação dos autores dos referidos insultos e condutas para propor as sanções correspondentes", diz a nota.
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Já o Movimento contra a Intolerância e a Associação de Jogadores de Futebol da Espanha entraram com uma queixa crime no Ministério Público Espanhol. E o Real Madrid acionou a Procuradoria-Geral do Estado para denunciar crime de ódio e discriminação.
No comunicado, o Ministério do Esporte da Espanha condenou os insultos racistas e reiterou "absoluta rejeição a este tipo de comportamento", além de afirmar que os clubes devem identificar os responsáveis, além de educar o comportamento dos torcedores no estádio.
A manifestação acontece antes de o governo brasileiro se manifestar oficialmente ao espanhol sobre o caso. O Itamaraty convocará a embaixadora da Espanha, Mar Fernández-Palacios, para explicações. No domingo, o Ministério da Igualdade Racial disse que iria notificar nesta manhã autoridades espanholas e LaLiga. A ideia é pressionar no campo diplomático, já que não houve punições nos outros casos e os ataques a Vini Jr continuam.
A ministra da pasta, Anielle Franco, prestou solidariedade a Vini Jr e afirmou, nesta segunda-feira, que entrou em contato com familiares do jogador do Real Madrid.
"Inadmissível, que, em 2023, a gente ainda tenha que estar aqui chamando a imprensa, em uma coletiva, falando sobre racismo. Se tem uma coisa que assola a nossa comunidade preta é o racismo. E esse mal é um caso que a gente precisa combater na raiz", afirmou.
No domingo, o presidente Lula cobrou a Fifa e a LaLiga, organizadora do Campeonato Espanhol, providências sobre os casos seguidos de racismo contra Vini Jr.
Entenda o caso de Vini Jr
O brasileiro foi vítima pela nona vez de racismo na Espanha. Na derrota do Real Madrid por 1 a 0 , a torcida do Valencia gritou insultos racistas direcionados ao jogador brasileiro no segundo tempo da partida, que foi paralisada e depois retomada pelo árbitro, por causa das ofensas.
"Não foi a primeira vez, nem a segunda e nem a terceira. O racismo é o normal na LaLiga. A competição acha normal, a federação também e os adversários incentivam. Lamento muito. O campeonato que já foi de Ronaldinho, Ronaldo, Cristiano e Messi hoje é dos racistas", criticou o jogador nas redes sociais, admitindo pela primeira vez que pode sair da Espanha por causa do racismo.
O episódio gerou revolta no Real Madrid, cujo técnico, Carlo Ancelotti, dedicou sua entrevista coletiva inteira para falar sobre o caso de racismo, ao fim da partida. A polêmica aumentou em seguida quando o presidente da LaLiga, Javier Tebas, criticou Vini por ter reclamado da postura da entidade diante dos casos de racismo.
São muitos os episódios de preconceito racial contra Vini Jr. Recentemente, o brasileiro depôs na Justiça espanhola no âmbito do caso em que foi xingado de "macaco" por um torcedor do Mallorca em fevereiro deste ano.
Vini Jr recebeu muitos apoios nas redes sociais de vários jogadores, clubes e da CBF, além de outros esportistas, como Lewis Hamilton, enquanto a imprensa espanhola tentou minimizar o acontecido.
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