Daniel Alves está em situação complicada na EspanhaUilses Ruiz / AFP
Publicado 22/02/2024 09:40 | Atualizado 22/02/2024 09:41
Espanha - A advogada de Daniel Alves, Inés Guardiola, afirmou que recorrerá da condenação do jogador a quatro anos e meio por agressão sexual a uma mulher em uma boate de Barcelona, na Espanha. Após a confirmação da sentença nesta quinta-feira (22), ela disse aos jornalistas presentes no Tribunal que seu cliente "está inteiro" e segue acreditando em sua inocência no caso.
"Neste momento só posso dizer que vamos recorrer da sentença. Continuo acreditando na inocência do Sr. Alves. Tenho que estudar a sentença, mas posso adiantar que vamos recorrer. Alves está inteiro. Como vocês entenderão, quatro anos e seis meses é melhor que os nove e 12 que a acusação pedia, mas acredito na inocência do Alves e vamos recorrer. Defenderemos sua inocência até o fim", afirmou Guardiola.
Além dos quatro anos e meio de prisão, Daniel Alves também passará cinco anos em liberdade vigiada após deixar a prisão. Ele será obrigado a ficar a pelo menos um quilômetro de distância da casa e do local de trabalho da vítima e não tentar qualquer contato com ela, além de uma indenização de 150 mil euros (R$ 805 mil) por danos morais e físicos e arcar com as custas do processo. A sentença cabe recurso para as duas partes.
Durante o julgamento, os advogados da vítima lutaram para que Daniel Alves pegasse a pena máxima de 12 anos de prisão, enquanto a promotoria lutava por nove anos. Já a defesa do jogador tentou sua absolvição, alegando intoxicação alcoólica, reparação de dano pelo pagamento de 150 mil euros (R$ 801 mil), e violação do direito fundamental do acusado, uma vez que a investigação teve início sem o conhecimento do brasileiro.
Alegação de embriaguez
No terceiro e último dia do julgamento, Daniel Alves voltou a alegar que estava embriagado naquela noite. O ex-jogador afirmou que bebeu cerca de duas garrafas de vinho e um copo de uísque, antes de seguir para um bar onde consumiu gin tônica.
"Não sou um homem violento. Não a forcei a praticar sexo oral forçadamente", disse o ex-atleta.
A esposa de Daniel Alves, Joana Sanz, prestou depoimento no segundo dia do julgamento e também afirmou que o ex-jogador tinha bebido muito.
"Ele foi comer com seus amigos no restaurante. Passou o dia aí e voltou era quase 4 (horas) da manhã. Voltou muito bêbado, uma pessoa com muito álcool. Bateu no armário e caiu na cama", disse
As informações foram contestadas pela promotoria, que citou que o acusado "a pegou pelo cabelo com força, forçou a fazer sexo oral, deu tapa na cara, a penetrou por trás e ejaculou dentro e fora". Além disso, também apontou que o brasileiro não estava embriagado e que parecia "normal" através das imagens das câmeras da boate Sutton.
Ausência de lesão vaginal
Especialistas de ambas as partes analisaram as condições da vítima após o ocorrido. Um perito forense da defesa de Daniel Alves alegou que os exames não apontavam nenhuma lesão vaginal e isso provaria que não houve relação forçada entre as partes. No entanto, o médico forense da promotoria afirmou que em um estudo com 500 mulheres, apenas 22% das que haviam feito sexo não consensual tinham lesões vaginais.
"Nesse caso, não encontramos nenhuma lesão, mas não podemos dizer que não tenha nenhuma agressão", disse o especialista.
A psicóloga forense que representa a vítima também explicou o fato da jovem, de 23 anos, não estar tomando remédios para estresse pós-traumático.
"Quando estamos com uma paciente que sofre com sintomas pós-traumáticos tão variados, é alguém que tem a sensação de perder o controle da vida e das emoções. Não estar tomando medicação não significa que não tenha uma síndrome pós-traumática. Muitos não querem tomar para não estarem sob efeito de remédios. Um dos indicadores da condição de vítima é sentir culpa por algo que de fora está claro", disse a profissional.
Mulheres acusam o ex-atleta de apalpá-las
Na mesma noite, outras duas mulheres dizem ter sido tocadas pelo ex-atleta. Segundo uma amiga e uma prima da vítima, Daniel Alves as apalpou e logo em seguida as convidou para a área VIP da boate Sutton, onde ele estava com um amigo.
O fato teria acontecido momentos antes de Daniel levar a mulher, que o acusa de estupro ao banheiro da boate. Ambas também confirmaram que o brasileiro teria apresentando um comportamento agressivo naquela noite.
Tentativa de fuga em caso de liberdade condicional
Desde janeiro de 2023, quando foi preso, Daniel Alves fez três pedidos de liberdade condicional, mas nenhum foi aceito pela Justiça espanhola. A alegação era o risco do jogador voltar para o Brasil, uma vez que os dois países não possuem acordo de extradição.
"Assim que lhe dessem a liberdade condicional ele iria fugir para o Brasil", afirmou o presidiário, que teve sua identidade mantida em sigilo pelo programa de TV "Fiesta", onde o caso foi revelado.
Relembre
O caso teve sua primeira repercussão na imprensa espanhola ainda em 2022. No dia 31 de dezembro, o diário ABC revelou que Daniel Alves teria violentado sexualmente uma jovem na casa noturna Sutton no dia anterior. A mulher esteve acompanhada por amigas a todo o instante e a equipe de segurança da casa noturna acionou a polícia, que colheu o depoimento da vítima.
No dia 10 de janeiro, a Justiça espanhola aceitou a denúncia e passou a investigar o jogador brasileiro, que, por muitos anos, defendeu a camisa do Barcelona. Inconsistências nas versões dadas pelo atleta à Justiça, além da possibilidade de fuga do país europeu, fizeram com que a juíza Maria Concepción Canton Martín decretasse a prisão no dia 20 de janeiro de 2023.
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