Publicado 16/05/2024 12:27 | Atualizado 16/05/2024 14:10
Rio - O corpo da lenda do jornalismo esportivo, Washington Rodrigues, chegou à Gávea, Zona Sul, do Rio, no começo desta tarde de quinta-feira, para ser velado. Apolinho, como era conhecido o radialista, morreu aos 87 anos, na noite da última quarta-feira, vítima de um câncer. O velório do ícone do rádio ocorre no Salão Nobre do Flamengo. O sepultamento será no Cemitério São João Batista, em Botafogo, às 16h, nesta quinta.
Publicidade"O futebol de salão é um esporte brasileiro. Eu fui para mostrar como eram as regras, apresentar jogadores e dirigentes", disse Apolinho, em entrevista ao Museu da Pelada, em 2017. Ele se destacou e acabou convidado para participar de um programa na rádio. Mais tarde, uma nova oportunidade surgiu para Apolinho.
Isso porque dois jornalistas que transmitiam um jogo entre Vasco e Bonsucesso no Maracanã brigaram ao vivo. O diretor do rádio suspendeu a dupla por 15 dias e pediu para Apolinho trabalhar nas partidas de futebol naquele período.
Com o fim da suspensão, os jornalistas voltaram ao trabalho. Apolinho, então, passou a fazer a reportagem do futebol de aspirantes.
Depois, foi para a Rádio Nacional, onde se tornou profissional, em 1966. Ele ficou até 1969, quando ingressou na Globo. Desde então, passou pelas Rádios Continental, Vera Curz, Tupi e Nacional.
Apolinho, aliás, não trabalhou só na rádio. Ele foi colunista do jornal O Dia e Meia Hora. O comunicador também levou os talentos para a televisão.
Apolinho, aliás, não trabalhou só na rádio. Ele foi colunista do jornal O Dia e Meia Hora. O comunicador também levou os talentos para a televisão.
"Trabalhei em todas as emissoras de televisão aberta: TV Globo, TV Tupi, TV Rio, TV Excelsior, TV Educativa, Rede Manchete, Record TV, CNT… Todas elas! Mas minha paixão mesmo é o rádio”, contou o comunicador, à Rádio Tupi, em 2021.
Por que Apolinho?
O apelido surgiu quando trabalhava na Rádio Globo, que comprou os equipamentos de comunicação dos astronautas da missão Apollo 11, da Nasa. "O apelido veio do microfone. O microfone se chamava Apolinho, porque era usado pelos astronautas na missão Apollo 11. A rádio comprou aquele equipamento. Então, deu ao microfone o nome de Apolinho. Aí o Waldir Amaral, que era o narrador, falava: ‘Lá vai o Washington Rodrigues com o seu Apolinho", disse o radialista, ao Museu da Pelada.
Treinador e dirigente
Apolinho também trabalhou como técnico do Flamengo em 1995, ano do centenário do clube. Na época, Kleber Leite era o presidente do clube da Gávea.
"Eu achei que o Kleber queria minha opinião sobre a indicação de um técnico. Minha sugestão era o Telê Santana, que conseguiria acalmar o racha interno, com disciplina, e fazer que as cobranças diminuíssem. Mas ele me disse que o escolhido era eu”, contou Apolinho, à ESPN, em 2019.
"Aquilo foi uma convocação. Eu tinha de ir. Eu saí da arquibancada para comandar a minha paixão”, completou.
De acordo com o site 'Fla Estatística', ele comandou o time em 26 jogos. No período, foram 11 vitórias, oito empates e sete derrotas. Em 1998, teve nova passagem pelo Flamengo, dessa vez como dirigente.
No ano seguinte, deixou o cargo e retornou à Rádio Tupi, onde estava desde então. Ele comandava o “Show do Apolinho”, que ia ao ar de segunda à sexta-feira, das 17h às 19h. Além disso, formou uma parceria de sucesso nas transmissões ao lado de José Carlos Araújo, o Garotinho.
Rubro-negro amado por todos
Apolinho nunca escondeu ser torcedor do Flamengo, mas como sempre mostrava imparcialidade, rapidamente teve a aceitação de todas as torcidas do Rio. Ele, inclusive, já recebeu aplausos de uma organizada do Vasco.
"Nunca a torcida do Vasco me hostilizou. Ganhei um prêmio, uma coruja de mármore, dada pela Força Jovem. Minha mulher falou: ‘Você vai apanhar’. E eu: ‘Vou ser homenageado, como vou apanhar?’. Cheguei lá e deram uma vaia, tudo armado. Tremi um pouquinho, mas depois aplaudiram. Sou carinhosamente tratado lá”, contou Apolinho, ao Redação SporTV, em 2016.
Bordões e gírias
Lenda do rádio, Apolinho marcou para sempre a cultura futebolística brasileira. Ao longo da carreira, o jornalista criou vários bordões que são usados pelos torcedores até os dias de hoje. Como exemplo, pode-se citar: “chocolate” (para indicar goleada); “mais feliz que pinto no lixo”; “capinar sentado”; e “briga de cachorro grande”.
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