Rua Eugênio José Bernardes, em Jurujuba, será ponto para assistir jogos na CopaFoto: Arquivo Pessoal/Cleyton Dallas
Publicado 20/11/2022 13:00 | Atualizado 20/11/2022 14:08
Rio - A Copa do Mundo inicia neste domingo, com a partida entre o anfitrião Catar e Equador. Junto dela, o clima de cariocas torcendo para o hexacampeonato da seleção brasileira pode ter esfriado um pouco. Sem patrocínio, o Alzirão, uma das festas mais tradicionais do Rio, não acontecerá neste ano. Mas, do outro lado da ponte, moradores de Jurujuba, em Niterói, tentam reascender a tradição de infância de celebrar um Mundial e torcer pelo Brasil, que estreia na quinta-feira (24), diante da Sérvia.
Ao contrário do Alzirão, que acontece há 44 anos tradicionalmente entre as ruas Conde de Bonfim e Alzira Brandão, na Tijuca, Zona Norte do Rio, o morador de Niterói, Cleyton Dallas resolveu reunir um grupo de amigos para enfeitar, pela primeira vez, a rua Eugênio José Bernardes, em Jurujuba, Região Metropolitana do Rio. Ele, que entende a expectativa de uma Copa do Mundo desde criança, quis levar o espírito para novas gerações.
"Isso não aconteceu nas últimas Copas pela falta de motivação do bairro. O intuito é voltar com a cultura de pintar as ruas porque nós víamos muito isso quando éramos pequenos, o que acabou se perdendo. Eu e um grupo de amigos da comunidade nos sentamos e conversamos para voltarmos com esse costume porque as crianças crescem mais ligadas no celular e acabam não vendo isso", contou e emendou falando das dificuldades para a organização:
"Foi difícil para conseguir pessoas para nos ajudar a comprar as coisas. Mas, acredito que a união faz a força, e conseguimos comprar os fitilhos, as bandeiras, as tintas, os pigmentos para pintar o chão. Foi muito pela nossa força de vontade, deixar nossa rua enfeitada para passar os jogos para o pessoal em um telão", pontuou.
Um dos fatores que desmotivou muitas pessoas a torcerem pela Seleção nesta Copa foi a ligação da bandeira do Brasil a um extremo político nas eleições deste ano. Mas, para Cleyton, motivar novas gerações agora, irá retomar, aos poucos, a esperança e a tradição de vestir a camisa de nosso país.
"Eu percebo que tem muita resistência (política) ainda. O que nós estamos fazendo não vai mudar o bairro, mas é um grande passo para muitas coisas. A união é muito importante. Queremos fazer mais pela nossa comunidade e mostrar que existem outras formas de cultura, de melhoria, dos jovens irem para um caminho diferente. Não fará efeito de imediato, mas a longo prazo, sim", concluiu.
*Estagiária sob supervisão de Lucas Felbinger
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