Publicado 27/03/2024 12:58
Rio - A rigidez na suspensão de Gabigol, que pegou um gancho de dois anos por tentar fraudar um exame antidoping, causou espanto no Flamengo e em alguns torcedores. No entanto, em entrevista ao "UOL", Ivan Pacheco, um dos auditores do TJ-AD, negou qualquer tipo de perseguição ao atacante e explicou como a pena foi calculada.
"A pena é baseada no código. Todos os ritos processuais e legais foram cumpridos. Ninguém inventou essa pena para o Gabigol, não se fez um julgamento especial porque é ele. O rito seguiu estritamente de acordo com o regulamento", declarou Ivan.
"O controle, a coleta das amostras, todo procedimento da notificação dos atletas até lacrarem as amostras e mandar para o laboratório seguem um padrão internacional. Segundo os oficiais de controle que foram coletar as amostras do Gabriel, ele não manteve esse padrão. Eles caracterizaram isso como tentativa de fraude", completou.
Flamengo e Gabigol já anunciaram que vão recorrer na Corte Arbitral do Esporte (CAS) e tentam um efeito suspensivo para dar condições de jogo ao atacante. Caso o recurso não seja aceito, ele terá que ficar cerca de um ano longe dos gramados, já que a punição começa a valer em 8 de abril de 2023, dia do exame.
"Houve uma demora entre a promotoria fazer a acusação e chegar no tribunal antidopagem. Um outro artigo, o 163, diz que entre a denúncia e o julgamento, se houver um atraso significativo sem que isso parta de algum motivo do atleta, a pena vai ser cumprida a partir do dia da coleta dos exames. Por isso ele vai ter que cumprir até abril do ano que vem. Não houve participação do atleta na demora, então ele tem esse direito", afirmou Ivan Pacheco.
Internamente, o Flamengo entende que a rigidez na punição a Gabigol só aconteceu por conta da visibilidade proporcionada pelo camisa 10. A diretoria não vê fraude por parte do jogador, mas sim um mau comportamento.
Entenda o caso
Gabigol é acusado de dificultar a realização de um exame antidoping surpresa no dia 8 de abril de 2023, no Ninho do Urubu. Segundo os agentes, ele se mostrou contrariado desde a chegada da equipe antidopagem ao local, por volta de 8h40.
Os responsáveis pelo exame alegam que Gabigol não se dirigiu a eles antes do treino do Flamengo e os ignorou também após a atividade, indo direto almoçar. Eles também afirmam que foram tratados com desrespeito pelo camisa 10, que se irritou em vários momentos.
À exceção de Gabigol, os outros atletas do Flamengo fizeram o exame antes do treino das 10h, o que é recomendável. Além disso, o atacante cometeu outras irregularidades, como ter ido ao banheiro na hora do exame sem a presença de um dos fiscais, além de ter entregue o pote sem a tampa.
O ídolo do Flamengo foi enquadrado no artigo 122 do Código Brasileiro Antidopagem, que fala em "fraude ou tentativa de fraude de qualquer parte do processo de controle" e prevê suspensão de até quatro anos em caso de condenação.
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