Flamengo e Palmeiras se enfrentaram pelas oitavas de final da Copa no BrasilGilvan de Souza / Flamengo
Publicado 08/08/2024 15:37
Rio - Torcedores do Flamengo passaram por momentos de terror após o jogo contra o Palmeiras, na noite da última quarta-feira (7), no Allianz Parque, em São Paulo, pela volta das oitavas de final da Copa do Brasil - que terminou com a classificação do time comandado por Tite. Isso porque membros de uma torcida organizada do Verdão atacaram os flamenguistas que saíam do setor destinado aos visitantes. Acuados, muitos rubro-negros foram agredidos e outros passaram mal por conta do susto.
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A confusão aconteceu na esquina da Rua Padre Antônio Tomás com a Rua Teixeira e Sousa e durou cerca de uma hora. Ao perceberem o ataque da torcida rival, os flamenguistas tentaram correr de volta para o estádio em busca de proteção. Na correria, muitas pessoas ficaram feridas e outras foram agredidas pelos membros da torcida uniformizada do clube paulista.
Em entrevista ao O DIA, o influenciador digital Vinícius Costa, de 25 anos, relatou o momento de tensão vivido pela torcida do Flamengo. Segundo o manauara, que vive no Rio, a Polícia Militar de São Paulo mostrou despreparo para controlar a confusão e tratou os rubro-negros com truculência.
"Na hora que a gente tentou voltar para o estádio, a polícia não deixou. Ali eu tive a certeza que nós iríamos apanhar muito, ou da polícia ou da organizada. Tinham mulheres, crianças e pessoas de idade... a galera estava com muito medo. A todo momento a polícia tratava a gente com truculência. Teve um torcedor que foi xingado por um policial. Teve um outro que tomou uma pancada de cacetete na cabeça e abriu a bochecha", relatou.
Durante a emboscada, os flamenguistas ficaram encurralados em frente a entrada do setor visitante, próximo a um tapume que dividia as torcidas, no mesmo local onde a palmeirense Gabriela Anelli, de 23 anos, morreu depois de ser atingida por uma garrafa durante uma briga entre torcedores de Flamengo e Palmeiras, em julho do ano passado.
"A gente ouvia barulho de bombas e a galera começou a ficar muito desesperada, até porque era impossível não lembrar do que aconteceu em 2023. A polícia em nenhum momento tentou nos tranquilizar, só mandava a gente calar a boca e deixava a gente mais desesperado", reforçou Vinícius.
A carioca Nicolle Beatrice, de 25 anos, foi ao Allianz Parque pela primeira vez para assistir a um jogo do seu time do coração. Ela estava acompanhada de alguns amigos, que presenciaram o início da confusão e revelaram outras tentativas de invasão no local.
"Foi disparado uma das piores sensações que eu senti na vida. É um sonho poder visitar outros estádios e acompanhar meu time do coração, mas no final da noite se tornou um pesadelo. Eu não sabia nem se eu ia sair dali. Depois, eu cheguei a cogitar que só sairia dali muito machucada. Foi desesperador", comentou.
Apesar da classificação do Flamengo às oitavas de final da Copa do Brasil, as lembranças que Nicolle terá desta noite não serão das melhores. Traumatizada, a flamenguista já não pretende retornar ao Allianz Parque para torcer por seu time.
"Nada vale a minha vida. Às vezes é melhor eu ver no conforto da minha casa ou me juntar com meus amigos em um bar e ver o jogo sã e salva do que passar por essa experiência de novo. Eu não acho certo um ser humano agredir o outro só por torcerem por times diferentes", lamentou.
Os times voltam a se enfrentar neste domingo (11), às 16h, no Maracanã, desta vez pelo Campeonato Brasileiro. Classificado às quartas de final da Copa do Brasil, o Flamengo aguarda pelo sorteio da CBF para conhecer seu adversário.
A Polícia Militar de São Paulo foi procurada pela reportagem para se posicionar sobre a confusão, porém ainda não se manifestou sobre o assunto.
*Reportagem do estagiário João Pedro Bellizzi, sob supervisão de Leonardo Bessa
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