Publicado 20/05/2021 19:12
Israel e o Hamas, movimento islamita no poder na Faixa de Gaza, anunciaram na noite desta quinta-feira (20) que aprovaram um acordo de cessar-fogo com vistas a encerrar mais de dez dias de confrontos sangrentos.
"O gabinete (de segurança) aceitou por unanimidade a recomendação dos funcionários de segurança (...) de aceitar a iniciativa egípcia de cessar-fogo bilateral sem condições", informaram em um comunicado as autoridades israelenses.
Na Faixa de Gaza, o Hamas confirmou a entrada em vigor desta trégua a partir das 02h locais de sexta-feira (20h de quinta, horário de Brasília). Além do Hamas, a Jihad Islâmica, segundo grupo armado o enclave, confirmou a trégua.
"Duas delegações egípcias serão enviadas a Tel Aviv e aos Territórios Palestinos para monitorar a implementação (do cessar-fogo) e o processo para manter as condições estáveis permanentemente", disseram fontes à AFP, sublinhando que esta "trégua simultânea e mútua" foi "negociada pelo Egito".
O anúncio é feito após mais de 10 dias de confrontos sangrentos entre Israel e o Hamas, que iniciou a hostilidade no último 10, com o lançamento de foguetes contra o território israelense, em solidariedade a centenas de palestinos feridos em confrontos com a polícia de Israel na Esplanada das Mesquitas, em Jerusalém.
Após esse primeiro disparo de foguetes, Israel lançou uma operação para reduzir a capacidade militar do Hamas, que consistiu em ataques aéreos ao pequeno território sob bloqueio isralense, de 2 milhões de habitantes.
Já o Hamas e a Jihad Islâmica lançaram mais de 4.300 foguetes conta o território de Israel, uma quantidade e em uma intensidade nunca vistas antes. O escudo antimíssil israelense interceptou cerca de 90% dos projéteis.
Os confrontos causaram mais de 230 mortes do lado palestino, incluindo cerca de 60 crianças e muitos combatentes do Hamas e da Jihad Islâmica, e 12 mortes em Israel, entre eles uma criança de seis anos, uma adolescente de 16 anos e um soldado.
Diante da Assembleia Geral da ONU, o secretário-geral Antonio Guterres considerou nesta quinta-feira que "os confrontos deveriam parar imediatamente" e que eram "inaceitáveis".
- Apoio alemão -A chanceler alemã, Angela Merkel, apoiou nesta quinta-feira "contatos indiretos" com o movimento islâmico Hamas, considerado um grupo "terrorista" pela União Europeia (UE), essenciais segundo ela para conseguir um cessar-fogo com Israel.
Merkel também defendeu um "cessar-fogo rápido" em uma entrevista por telefone com o presidente palestino, Mahmoud Abas.
Após um apelo do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, em favor de uma "desescalada" imediata da violência, o chefe da diplomacia alemã, Heiko Maas, chegou à região nesta quinta-feira.
"Esperamos um retorno à calma nas próximas horas ou amanhã (sexta-feira), mas isso depende da cessação da agressão pelas forças de ocupação em Gaza e Jerusalém", disse um alto funcionário do Hamas à AFP.
O enviado da ONU para o Oriente Médio, Tor Wennesland, estava no Catar, onde se encontraria com o chefe do Hamas, Ismail Haniyeh, disseram fontes diplomáticas à AFP.
E o Conselho de Direitos Humanos da ONU anunciou que realizará uma reunião especial no dia 27 de maio sobre a situação nos Territórios Palestinos.
Os confrontos foram causados pela ameaça de expulsão de famílias palestinas em favor de colonos israelenses em um bairro palestino de Jerusalém Oriental, ocupado por Israel há mais de 50 anos.
O exército israelense bombardeou Gaza constantemente, um enclave densamente povoado de dois milhões de pessoas e sob bloqueio israelense há quase 15 anos.
Cinco palestinos foram mortos em bombardeios israelenses na Faixa de Gaza nesta quinta-feira, elevando o número total de palestinos mortos neste enclave desde o início do conflito para 232, de acordo com o Ministério da Saúde local.
Em Israel, o lançamento de foguetes de Gaza causou 12 mortes, de acordo com a polícia israelense.
O Comitê Internacional da Cruz Vermelha estimou que "a população de Gaza e Israel precisa urgentemente de uma trégua", acrescentando que informou a Israel e ao Hamas que nesta quinta-feira seu pessoal "será destacado para atender às necessidades urgentes".
A este respeito, a Organização Mundial de Saúde (OMS) no Mediterrâneo Oriental afirmou nesta quinta-feira que são necessários sete milhões de dólares nos próximos seis meses para responder à crise de saúde nos Territórios Palestinianos.
Nos últimos 10 dias, inúmeros confrontos com as forças israelenses também estouraram em várias cidades palestinas e campos na Cisjordânia, causando mais de 25 mortes, o pior número neste território em anos.
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