Publicado 24/08/2021 10:55
Cabul - As tropas americanas intensificaram, nesta terça-feira, 24, as retiradas do Afeganistão, depois que os talibãs advertiram que permitiriam a continuidade deste tipo de operação por apenas mais uma semana, prazo considerado insuficiente por vários países ocidentais.
Nesta terça-feira, durante uma reunião de cúpula virtual do G7 dedicada ao Afeganistão, o Reino Unido, que preside atualmente o grupo, e outros aliados insistiram com os Estados Unidos sobre a necessidade de prorrogar a data-limite de 31 de agosto para conseguir retirar todas as pessoas que precisam deixar o país.
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, deseja manter a data prevista, mas é pressionado pelas imagens de milhares de afegãos desesperados que aguardam no aeroporto de Cabul por um voo humanitário que permita a fuga do regime talibã.
Antes da reunião, o ministro britânico da Defesa, Ben Wallace, considerou "pouco provável" que Washington aceite a prorrogação. "Mas com certeza vale a pena tentar e vamos fazer isto", declarou ao canal Sky News.
Nas palavras do ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Heiko Maas, o prazo de 31 de agosto "não é suficiente para retirar todos os que desejam sair".
"A situação é francamente dramática e cada dia que passa é pior, porque as pessoas têm consciência de que os prazos estão acabando", afirmou a ministra espanhola da Defesa, Margarita Robles.
Um alto funcionário da diplomacia da França declarou que, se o governo dos Estados Unidos retirar todas as suas tropas no prazo previsto, os soldados franceses terão de encerrar as operações de retirada na quinta-feira.
"Consequências"
Nesta terça-feira, durante uma reunião de cúpula virtual do G7 dedicada ao Afeganistão, o Reino Unido, que preside atualmente o grupo, e outros aliados insistiram com os Estados Unidos sobre a necessidade de prorrogar a data-limite de 31 de agosto para conseguir retirar todas as pessoas que precisam deixar o país.
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, deseja manter a data prevista, mas é pressionado pelas imagens de milhares de afegãos desesperados que aguardam no aeroporto de Cabul por um voo humanitário que permita a fuga do regime talibã.
Antes da reunião, o ministro britânico da Defesa, Ben Wallace, considerou "pouco provável" que Washington aceite a prorrogação. "Mas com certeza vale a pena tentar e vamos fazer isto", declarou ao canal Sky News.
Nas palavras do ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Heiko Maas, o prazo de 31 de agosto "não é suficiente para retirar todos os que desejam sair".
"A situação é francamente dramática e cada dia que passa é pior, porque as pessoas têm consciência de que os prazos estão acabando", afirmou a ministra espanhola da Defesa, Margarita Robles.
Um alto funcionário da diplomacia da França declarou que, se o governo dos Estados Unidos retirar todas as suas tropas no prazo previsto, os soldados franceses terão de encerrar as operações de retirada na quinta-feira.
"Consequências"
Pondo fim a duas décadas de guerra com uma ofensiva relâmpago que os levou a assumir o controle de Cabul em 15 de agosto, assim como da maior parte do país, os talibãs afirmaram que o prazo de 31 de agosto, data prevista para a retirada total das tropas estrangeiras, é uma "linha vermelha".
"Se Estados Unidos ou Reino Unido buscam mais tempo para continuar as retiradas, a resposta é não (...) Haveria consequências", alertou o porta-voz do grupo insurgente, Suhail Shaheen, para quem a presença além do prazo acordado seria o equivalente a "estender a ocupação".
Quase 50 mil pessoas foram retiradas do país a partir do aeroporto de Cabul desde 14 de agosto, a maioria delas em voos militares americanos, segundo os números de Washington. Apenas na segunda-feira, 23, saíram de Cabul 16 mil pessoas em voos de vários países, informou o Pentágono.
Uma multidão permanece reunida do lado de fora do aeroporto à espera da oportunidade de deixar o país. Muitas pessoas temem que os talibãs voltem a instaurar o mesmo regime fundamentalista e brutal que imperou quando permaneceram no poder, entre 1996 e 2001.
Além disso, os cidadãos que trabalharam para governos ou empresas estrangeiras nos últimos anos, artistas ou pessoas que defenderam a abertura do país e os direitos das mulheres ou minorias sabem que são alvos dos extremistas.
Na segunda-feira, um guarda afegão morreu, e três ficaram feridos em tiroteios no aeroporto. Várias pessoas faleceram em circunstâncias obscuras durante as operações de retirada.
"São os mesmos"
"Se Estados Unidos ou Reino Unido buscam mais tempo para continuar as retiradas, a resposta é não (...) Haveria consequências", alertou o porta-voz do grupo insurgente, Suhail Shaheen, para quem a presença além do prazo acordado seria o equivalente a "estender a ocupação".
Quase 50 mil pessoas foram retiradas do país a partir do aeroporto de Cabul desde 14 de agosto, a maioria delas em voos militares americanos, segundo os números de Washington. Apenas na segunda-feira, 23, saíram de Cabul 16 mil pessoas em voos de vários países, informou o Pentágono.
Uma multidão permanece reunida do lado de fora do aeroporto à espera da oportunidade de deixar o país. Muitas pessoas temem que os talibãs voltem a instaurar o mesmo regime fundamentalista e brutal que imperou quando permaneceram no poder, entre 1996 e 2001.
Além disso, os cidadãos que trabalharam para governos ou empresas estrangeiras nos últimos anos, artistas ou pessoas que defenderam a abertura do país e os direitos das mulheres ou minorias sabem que são alvos dos extremistas.
Na segunda-feira, um guarda afegão morreu, e três ficaram feridos em tiroteios no aeroporto. Várias pessoas faleceram em circunstâncias obscuras durante as operações de retirada.
"São os mesmos"
"Os talibãs são os mesmos há 20 anos", declarou Nilofar Bayat, ativista dos direitos da mulher e ex-capitã da equipe afegã de basquete em cadeira de rodas que fugiu para a Espanha.
Nesta terça-feira, a alta comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, advertiu que a forma como o Talibã pretende tratar as mulheres, especialmente no que diz respeito ao seu direito à educação, representará uma "linha vermelha".
Bachelet, que no início de agosto havia mencionado "relatórios que mostravam violações que poderiam constituir crimes de guerra" no Afeganistão, destacou nesta terça-feira, 24, que recebeu "informações confiáveis sobre graves violações do direito humanitário internacional e ataques contra os direitos humanos em várias zonas sob controle talibã".
O movimento, que trabalha na formação de um novo governo, afirma que mudou em comparação com o regime que administrou o país há 20 anos, inclusive declarando anistia para as forças militares e os funcionários do governo que estiveram à frente do país até o início do mês.
Um relatório da ONU divulgado na semana passada afirma, no entanto, que os islamitas seguem de "porta em porta" para procurar pessoas que trabalharam com o antigo governo, ou com as tropas internacionais.
Os fundamentalistas conseguiram impor uma calma relativa na capital, onde patrulham as ruas, mas o medo continua presente. Muitos cidadãos, sobretudo mulheres, não se arriscam a sair de casa.
Um núcleo de resistência aos talibãs persiste no vale de Panshir, ao nordeste de Cabul, chamado Frente Nacional de Resistência (FNR). O movimento é liderado por Ahmad Masud, filho do célebre comandante Masud, assassinado em 2001, e por Amrullah Saleh, vice-presidente do governo derrubado.
Na segunda-feira, os talibãs afirmaram que cercaram a região de Panshir, mas que preferiam negociar antes de combater.
O porta-voz da FNR, Ali Maisam Nazary, disse à AFP que se prepara "para um conflito de longa duração" com os talibãs, caso não seja alcançado um acordo para um "sistema de governo descentralizado".
Nesta terça-feira, a alta comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, advertiu que a forma como o Talibã pretende tratar as mulheres, especialmente no que diz respeito ao seu direito à educação, representará uma "linha vermelha".
Bachelet, que no início de agosto havia mencionado "relatórios que mostravam violações que poderiam constituir crimes de guerra" no Afeganistão, destacou nesta terça-feira, 24, que recebeu "informações confiáveis sobre graves violações do direito humanitário internacional e ataques contra os direitos humanos em várias zonas sob controle talibã".
O movimento, que trabalha na formação de um novo governo, afirma que mudou em comparação com o regime que administrou o país há 20 anos, inclusive declarando anistia para as forças militares e os funcionários do governo que estiveram à frente do país até o início do mês.
Um relatório da ONU divulgado na semana passada afirma, no entanto, que os islamitas seguem de "porta em porta" para procurar pessoas que trabalharam com o antigo governo, ou com as tropas internacionais.
Os fundamentalistas conseguiram impor uma calma relativa na capital, onde patrulham as ruas, mas o medo continua presente. Muitos cidadãos, sobretudo mulheres, não se arriscam a sair de casa.
Um núcleo de resistência aos talibãs persiste no vale de Panshir, ao nordeste de Cabul, chamado Frente Nacional de Resistência (FNR). O movimento é liderado por Ahmad Masud, filho do célebre comandante Masud, assassinado em 2001, e por Amrullah Saleh, vice-presidente do governo derrubado.
Na segunda-feira, os talibãs afirmaram que cercaram a região de Panshir, mas que preferiam negociar antes de combater.
O porta-voz da FNR, Ali Maisam Nazary, disse à AFP que se prepara "para um conflito de longa duração" com os talibãs, caso não seja alcançado um acordo para um "sistema de governo descentralizado".
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