Publicado 27/01/2023 12:09 | Atualizado 27/01/2023 12:13
Vaticano - O papa Bento XVI revelou, em carta enviada a seu biógrafo semanas antes de morrer, que a insônia foi o "motivo central" de sua renúncia ao pontificado em 2013. O texto foi divulgado nesta sexta-feira, 27, pela revista alemã 'Focus'.
O pontífice emérito, que faleceu em 31 de dezembro, aos 95 anos, mandou a carta em 28 de outubro para o alemão Peter Seewald.
No relato de Joseph Ratzinger, ele detalha que a "insônia o acompanhava sem interrupção desde a Jornada Mundial da Juventude de Colônia", em agosto de 2005, meses depois de ter sido eleito sucessor de João Paulo II.
O médico particular do pontífice receitou "remédios potentes" na ocasião, que em um primeiro momento permitiram a manutenção da carga de trabalho. Mas, de acordo com Bento XVI, os soníferos atingiram seus "limites" com o tempo.
Tomar remédios para dormir também teria provocado um incidente durante uma viagem ao México e a Cuba em março de 2012. Na primeira manhã da viagem, Bento XVI encontrou seu lenço "totalmente encharcado de sangue", segundo a carta citada pela revista Focus. "Devo ter batido em alguma coisa no banheiro e caído", escreveu.
Depois de um atendimento médico, os ferimentos não ficaram visíveis. Um novo médico insistiu, depois do incidente, por uma redução do uso de pílulas para dormir por parte de Bento XVI. Também recomendou que ele só participasse de eventos matinais durante as viagens ao exterior.
Na carta, Ratzinger afirma que tinha consciência de que as restrições médicas "seriam possíveis apenas por um curto período de tempo". A constatação o levou a abdicar do cargo em fevereiro de 2013, poucos meses antes da Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro, que ele não se considerava capaz de "enfrentar".
Desta forma, ele renunciou ao posto de líder da Igreja Católica com antecedência suficiente para permitir que seu sucessor, o papa Francisco, cumprisse a visita ao Brasil.
Bento XVI morreu no mosteiro dos jardins do Vaticano, onde passou os anos de sua aposentadoria. Seu pontificado foi marcado por várias crises, como o escândalo Vatileaks em 2012, que revelou uma ampla rede de corrupção no Vaticano, ou os casos de abusos sexuais contra menores de idade cometidos por religiosos em vários países.
Leia mais