Viagem de Charles III foi adiada devido aos protestos contra a reforma da Previdência na FrançaPOOL / AFP
Publicado 24/03/2023 13:00
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O rei Charles III deixará mais para frente sua viagem à França, cancelada nesta sexta-feira, 24, a pedido do presidente Emmanuel Macron, em meio aos protestos contra a reforma da Previdência, o que tornará a Alemanha seu primeiro destino como rei britânico.

O monarca inglês, de 74 anos, e a rainha consorte, Camilla, de 75 anos, "esperam com grande entusiasmo a oportunidade de visitar a França assim que as datas forem definidas", anunciou o Palácio de Buckingham nesta sexta-feira, 24, dois dias antes de sua viagem programada para Paris, que seria sua primeira visita de Estado desde que assumiu o trono em setembro.

"A decisão foi tomada de comum acordo, depois que o presidente da França pediu ao governo britânico para adiar a visita", prevista para acontecer entre 26 e 28 de março, declarou em Londres um porta-voz do primeiro-ministro Rishi Sunak. Na véspera, esse assessor afirmou não ter "conhecimento de nenhuma mudança de planos".

Sem se pronunciar até agora, Buckingham vem acompanhando de perto, nos últimos dias, a turbulenta situação na França, onde toneladas de lixo se acumulam nas ruas, e um sindicato ferroviário afirmou que a viagem do monarca britânico, cuidadosamente planejada por meses, "estava em seu radar".

Segundo a imprensa britânica, a logística da viagem vinha sendo revisada há dias, e medidas estavam sendo estudadas para reduzir as interações entre o casal real e o público francês.

Muito menos popular que Elizabeth II, falecida em 8 de setembro, Charles III foi vaiado por antimonarquistas durante viagens recentes pelo Reino Unido.

Charles e Camilla viajariam de Paris para Berlim no dia 29. Apesar da mudança de última hora, eles manterão a visita de Estado à Alemanha, programada para até 31 de março.

Melhora nas relações
Estas viagens ao exterior, antes mesmo da cerimônia oficial de coroação em 6 de maio em Londres, buscam celebrar uma história comum, mas também "olhar para o futuro, mostrando as muitas formas de trabalho conjunto entre Reino Unido, França e Alemanha", afirmou o Palácio, citando "a luta contra a mudança climática e a resposta ao conflito na Ucrânia".

O fato de, inicialmente, ter escolhido a França como o primeiro destino oficial de Charles III desde a morte de sua mãe, poucas semanas após uma visita de Sunak, mostra uma "melhora nas relações entre os dois países após um período difícil", explicou à AFP o ex-embaixador britânico na França Peter Ricketts.

"As coisas não seguiram bem nos anos posteriores ao Brexit (...) não havia confiança de Paris em Boris Johnson", comentou, referindo-se ao polêmico ex-primeiro-ministro. "A chegada de Rishi Sunak, muito mais compatível com o presidente Macron, mudou muito as coisas", acrescentou.

A programação, agora adiada sem data, incluía uma cerimônia no Arco do Triunfo junto com Macron e sua esposa, Brigitte, e um discurso do monarca a deputados e senadores franceses.

Charles III, um ferrenho defensor do meio ambiente, também planejava tratar deste tema em Bordeaux, com a visita a uma inovadora vinícola orgânica e uma viagem às regiões afetadas por incêndios florestais no verão passado.

A viagem coloca a monarquia britânica de volta ao foco das atenções, após semanas de manchetes sobre a controversa autobiografia do filho mais novo de Charles, o príncipe Harry, e um documentário igualmente crítico sobre a família real na Netflix.
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