Agenda do Rei Charles III é quase idêntica a que estava prevista para marçoAFP
Publicado 18/09/2023 09:04 | Atualizado 18/09/2023 09:05
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O rei Charles III iniciará na quarta-feira, 20, uma aguardada viagem à França, seis meses depois dos distúrbios e greves no país vizinho que forçaram o adiamento daquela que seria sua primeira visita de Estado no posto de monarca.

A viagem de três dias do chefe de Estado britânico, de 74 anos, e da rainha consorte, Camilla, começará na quarta em Paris e terminará em Bordeaux, com uma agenda quase idêntica a que estava prevista para março.

O programa inclui eventos cerimoniais com o presidente Emmanuel Macron, cuja reforma da Previdência provocou os distúrbios sociais no início do ano, assim como encontros mais informais com a população.

O casal real, o presidente Macron e sua esposa, Brigitte, serão recebidos no Arco do Triunfo de Paris, onde depositarão coroas de flores antes de um desfile pela avenida Champs-Élysées.

O presidente e a primeira-dama oferecerão a Charles e Camilla um banquete em Versalhes, o palácio ao oeste de Paris que é símbolo da monarquia francesa, mas também da violenta revolução republicana de 1789.

Outro momento de grande destaque será o discurso, provavelmente em francês, do rei Charles aos parlamentares no Senado.

Vários compromissos terão como temas questões defendidas pelos dois casais, como o meio ambiente e a sustentabilidade, a educação, ou o espírito empreendedor dos jovens.

Também acontecerão encontros com a comunidade local e estrelas do esporte em Saint-Denis, no subúrbio norte de Paris, onde fica o Stade de France, sede dos Jogos Olímpicos de 2024.

Depois, o monarca viajará para Bordeaux, cidade do sudoeste francês que foi governada no século XII por Henrique II e onde vivem atualmente 39.000 expatriados britânicos.

Na região, o monarca visitará vinhedos orgânicos e se reunirá com bombeiros que lutam contra incêndios florestais, agravados pela mudança climática.

Nos dois países, a visita é considerada uma celebração de séculos de relações entre nações vizinhas, cujos políticos tentam reconstruir pontes após brigas provocadas pelo Brexit.

Após as críticas dos agora ex-chefes de governo britânicos Boris Johnson e Liz Truss à França, o atual primeiro-ministro do Reino Unido, Rishi Sunak, estabeleceu relações melhores com Macron. Ambos compartilham a experiência no mundo das finanças e uma propensão por ternos elegantes e o uso das redes sociais.

Como chefe de Estado de uma monarquia constitucional, o rei britânico deve respeitar uma estrita neutralidade política. Mas a política nunca fica à margem das visitas de Estado, e a viagem de Charles segue a estratégia mais amistosa de Sunak com a França.

Normalidade
Ed Owens, historiador da monarquia e escritor, reis e rainhas "são o ás na manga da diplomacia (...) acima da política partidária do momento", como as tensões persistentes entre Londres e Paris a respeito das viagens de migrantes do norte da França para o Reino Unido através do Canal da Mancha.

"Haverá uma certa diplomacia informal", disse Owens à AFP, mas o analista considera que o objetivo final é apresentar Charles "como um rei ecologista".

Depois de um primeiro ano no trono marcado pela estabilidade e pela continuidade, mais do que por uma reforma radical, a visita transmite "uma abordagem de normalidade na diplomacia real".

"Charles se apresenta como uma figura um pouco mais íntima, mas a monarquia continua sendo, em grande medida, a monarquia de Elizabeth II", acrescenta.

Charles e Macron se reuniram durante a coroação do rei em maio. A homenagem do presidente francês a Elizabeth II após sua morte em setembro do ano passado foi bem-recebida no Reino Unido. Durante o funeral de Estado, Macron convidou o novo rei a visitar a França.

Com o adiamento da visita à França em março, o casal real viajou para a Alemanha, onde visitou Berlim e Hamburgo.
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