Publicado 20/05/2024 12:24
A morte do presidente iraniano, Ebrahim Raisi, em um acidente de helicóptero no domingo (19), abre um período de instabilidade para a República Islâmica, mas a diplomacia do país persa provavelmente manterá sua maneira de agir.
Raisi era considerado um dos favoritos para suceder ao Líder Supremo Ali Khamenei, e sua morte representa um desafio para as autoridades iranianas.
Mas a nível internacional, os analistas prevêem a continuidade do modus operandi, especialmente porque esta área está nas mãos do Aiatolá Khamenei e do Conselho Supremo de Segurança Nacional.
“Poderia surgir um sucessor tão conservador e leal ao sistema como Raisi”, estima Ali Vaez, especialista em Irã do International Crisis Group.
“Em matéria de política externa, o guia supremo e o corpo dos guardiões da revolução islâmica (a arma ideológica do regime) vão manter o controle sobre as decisões estratégicas”, disse o analista na rede social X.
Vaez prevê “mais continuidade do que mudança (...) em um período de incerteza e desafios significativos frente aos Estados Unidos e também na região.
'Status quo' e prioridade ao programa nuclear
PublicidadeRaisi era considerado um dos favoritos para suceder ao Líder Supremo Ali Khamenei, e sua morte representa um desafio para as autoridades iranianas.
Mas a nível internacional, os analistas prevêem a continuidade do modus operandi, especialmente porque esta área está nas mãos do Aiatolá Khamenei e do Conselho Supremo de Segurança Nacional.
“Poderia surgir um sucessor tão conservador e leal ao sistema como Raisi”, estima Ali Vaez, especialista em Irã do International Crisis Group.
“Em matéria de política externa, o guia supremo e o corpo dos guardiões da revolução islâmica (a arma ideológica do regime) vão manter o controle sobre as decisões estratégicas”, disse o analista na rede social X.
Vaez prevê “mais continuidade do que mudança (...) em um período de incerteza e desafios significativos frente aos Estados Unidos e também na região.
'Status quo' e prioridade ao programa nuclear
Farid Vahid, especialista em Irã da Fundação Jean-Jaurès, explica que “Raisi estava completamente em sintonia com os Guardiões da Revolução”, o que “lhes deu muito espaço e liberdade na região”.
A morte do presidente ocorreu em um momento de enormes tensões entre Irã e Israel, tendo como pano de fundo a guerra na Faixa de Gaza que eclodiu em 7 de outubro.
A situação piorou em 13 de abril, quando Teerã lançou um ataque sem precedentes contra o território israelense, com 350 drones e mísseis, a maioria dos quais interceptados com a ajuda dos Estados Unidos e de outros países aliados.
O Irã também apoia uma rede de grupos armados no “eixo da resistência” contra Israel, que inclui o Hezbollah libanês, o movimento islamista palestino Hamas em Gaza e os rebeldes huthis no Iêmen.
Jason Brodsky, especialista do Middle East Institute, espera um “status quo” nesta frente.
“Os guardiões da revolução dependem do guia supremo e mantêm contato com o Hezbollah, os huthis, o Hamas e outras milícias da região. O modus operandi e a grande estratégia da República Islâmica permanecerão os mesmos”, explicou à BBC.
Depois, há a questão nuclear. O Irã nega querer adquirir uma arma nuclear, mas não cumpriu os compromissos assumidos no âmbito do acordo internacional de 2015 que rege as suas atividades nucleares, em troca da suspensão das sanções internacionais.
O pacto foi reduzido a praticamente nada após a retirada unilateral dos Estados Unidos em 2018, sob a presidência de Donald Trump.
O responsável pelas negociações sobre o programa nuclear iraniano, Ali Bagheri, foi nomeado chanceler interino do Irã nesta segunda-feira, após a morte do ministro das Relações Exteriores, Hossein Amir Abdolahian, no mesmo acidente que vitimou Raisi.
Farid Vahid acredita que “o Irã só mudará radicalmente a sua política externa em relação a Israel, aos Estados Unidos ou ao seu programa nuclear se houver uma mudança de regime”.
A morte do presidente ocorreu em um momento de enormes tensões entre Irã e Israel, tendo como pano de fundo a guerra na Faixa de Gaza que eclodiu em 7 de outubro.
A situação piorou em 13 de abril, quando Teerã lançou um ataque sem precedentes contra o território israelense, com 350 drones e mísseis, a maioria dos quais interceptados com a ajuda dos Estados Unidos e de outros países aliados.
O Irã também apoia uma rede de grupos armados no “eixo da resistência” contra Israel, que inclui o Hezbollah libanês, o movimento islamista palestino Hamas em Gaza e os rebeldes huthis no Iêmen.
Jason Brodsky, especialista do Middle East Institute, espera um “status quo” nesta frente.
“Os guardiões da revolução dependem do guia supremo e mantêm contato com o Hezbollah, os huthis, o Hamas e outras milícias da região. O modus operandi e a grande estratégia da República Islâmica permanecerão os mesmos”, explicou à BBC.
Depois, há a questão nuclear. O Irã nega querer adquirir uma arma nuclear, mas não cumpriu os compromissos assumidos no âmbito do acordo internacional de 2015 que rege as suas atividades nucleares, em troca da suspensão das sanções internacionais.
O pacto foi reduzido a praticamente nada após a retirada unilateral dos Estados Unidos em 2018, sob a presidência de Donald Trump.
O responsável pelas negociações sobre o programa nuclear iraniano, Ali Bagheri, foi nomeado chanceler interino do Irã nesta segunda-feira, após a morte do ministro das Relações Exteriores, Hossein Amir Abdolahian, no mesmo acidente que vitimou Raisi.
Farid Vahid acredita que “o Irã só mudará radicalmente a sua política externa em relação a Israel, aos Estados Unidos ou ao seu programa nuclear se houver uma mudança de regime”.
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