Atentado só não aconteceu porque a arma falhou na hora de disparar contra a ex-presidente argentinaReprodução
Publicado 26/06/2024 10:37 | Atualizado 26/06/2024 10:43
A Justiça argentina inicia, nesta quarta-feira (26), o julgamento pela tentativa de homicídio de Cristina Kirchner em 2022, quando um homem disparou o gatilho a centímetros do rosto da então vice-presidente em uma tentativa fracassada de assassinato que chocou a sociedade e rompeu um limite político.
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O julgamento centra-se nos três acusados – o agressor, a sua ex-namorada e o empregador de ambos como vendedores ambulantes –, sem abordar supostos ideólogos ou possíveis apoios financeiros, pistas que a ex-presidente Kirchner pediu para serem investigadas e que fazem parte de um processo paralelo.

"O julgamento chega com uma investigação incompleta porque ainda precisamos saber muitas coisas sobre as verdadeiras motivações e se houve outras pessoas envolvidas", disse um dos advogados de Kirchner, Marcos Aldazábal.

O advogado considerou em todo o caso que será "muito importante conhecer o contexto de como as coisas aconteceram", algo que espera que venha à luz durante as audiências que ocorrerão todas as quartas-feiras em um processo que pode durar até um ano e contará com mais de 300 testemunhas, incluindo a própria Kirchner.

Os acusados
O agressor era um vendedor de doces que na noite de 1º de setembro de 2022 atacou Kirchner em frente à sua casa em Buenos Aires, misturado entre centenas de simpatizantes que foram apoiá-la quando estava sendo julgada por suposta fraude durante sua presidência (2007-2015).

Identificado como Fernando Sabag Montiel, de 37 anos, ele puxou o gatilho duas vezes sem que as balas saíssem e foi preso no local.

Sua namorada na época, Brenda Uliarte, que o acompanhou até as proximidades do local do incidente, foi presa dias depois, assim como Nicolás Carrizo, seu empregador como vendedor de doces e identificado como possível "planejador" do ataque.

Sabag Montiel, também motorista ocasional de uma locadora de carros e portador de tatuagens com símbolos nazistas, apresentava uma personalidade "narcisista" e um discurso "extravagante" com elementos de hostilidade a Kirchner, segundo especialistas.

Uliarte é acusada de ser "coautora" e instigadora, enquanto Carrizo é acusado de cumplicidade. Outras pessoas detidas como suspeitas foram libertadas à medida que avançava a investigação sobre a chamada "banda de los copitos", o grupo de vendedores ambulantes de algodão doce ao qual pertenciam os acusados.

Em meio às condenações públicas do ataque, adversários políticos, como a atual ministra da Segurança, Patricia Bullrich, ex-candidata presidencial pela força de direita Juntos pela Mudança, optaram pelo silêncio.

O ataque quebrou "um pacto democrático que é a base da democracia: o da não aceitação da violência contra o adversário", disse à AFP Iván Schuliaquer, formado em Ciência Política pela Universidade de Buenos Aires.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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