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Após saída de 114 presos em operação contra milícia, mais 23 ganham liberdade nesta sexta-feira

A Secretaria de Administração Penitenciária (Seap) aguarda a chegada dos oficiais de justiça com os alvarás de soltura para libertar os outros detidos

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Após saída de 114 presos em operação contra milícia, mais 23 ganham liberdade nesta sexta-feira

A Secretaria de Administração Penitenciária (Seap) aguarda a chegada dos oficiais de justiça com os alvarás de soltura para libertar os outros detidos

Suspeitos que foram presos em uma festa da milícia em Santa Cruz, conseguem o alvará de soltura e deixam o presídio de Gericinó, em BanguDaniel Castelo Branco
Por ADRIANO ARAÚJO
Publicado 27/04/2018 08:39 | Atualizado 27/04/2018 13:59

Rio - Dos 137 presos por suposto envolvimento com a milícia que ganharam a liberdade após decisão judicial, 114 já saíram da cadeia no Complexo de Gericinó, na Zona Oeste. Mais 23 vão deixar a cadeia ao longo desta sexta-feira.

Entre os que já deixaram na manhã de hoje estão Dirceu Lima Siqueira e Thiago Taveira da Silva, que foram recebidos pelos seus parentes. A Secretaria de Administração Penitenciária (Seap) estão libertando os presos conforme chegam os oficiais de justiça com os alvarás de soltura. O processo de soltura dos detidos na ação que prendeu 159 pessoas começou nesta quinta-feira e foi até tarde da noite. 

Frank Taveira da Silva, de 47 anos, aguarda a saída de Thiago, seu sobrinho, que foi preso quando foi para o pagode no sítio com a namorada. O rapaz, que trabalha com o tio fazendo serviços de obra e marcenaria, completou 29 anos dentro da cadeia, no último dia 13.

"Estávamos combinando um churrasco, sempre juntamos toda a família e amigos para comemorar. Mas agora vamos comemorar na próxima semana, em nome de Jesus, tanto o aniversário quanto a sua liberdade após essa prisão injusta", disse Frank. Neste sábado será realizada a festa de aniversário da sobrinha de Thiago, que completou 1 ano semana passada. A comemoração foi adiada após a prisão do tio, a quem a menina é muito apegada.

O tio de Thiago conta que o rapaz tem apenas um rim e sua vida é somente o trabalho, a academia e a igreja Assembleia de Deus de Areia Branca, em Santa Cruz, que frequenta desde criança, faz parte do grupo jovem e toca vários instrumentos na banda da congregação. Por pouco Frank também não foi à festa no sítio.

"Eu também iria com ele, a gente gosta de pagode e combinamos no meio da semana, mas acabei não indo devido ao nosso trabalho, já que fiquei com a coluna doendo por subir e descer escadas com materiais pesados. Ele tinha desistido, mas acabou indo com a namorada e aconteceu essa tragédia aí, com muita gente inocente presa", contou.

Segundo o tio, a família de Thiago sofreu muito durante todos esses dias em que ele ficou preso. Ele afirma que o rapaz nunca se envolveu em algo ilícito. "Nunca esperamos isso. A família toda da gente é trabalhadora, nunca tivemos envolvimento com nada, ganhamos nosso dinheiro honestamente. A mãe dele nem tem se alimentado direito desde que aconteceu isso e o pai nem conseguiu vir para cá, ele só chora, da muita pena", disse, reforçando a inocência do rapaz. "Ele é um garoto do bem, trabalhador."

Thiago Taveira faz parte da banda da igreja. "Ele é um garoto do bem, trabalhador", diz o tioReprodução Facebook

Preso com suposta deficiência no caso da milícia de Santa Cruz deixa a prisão

Renato da Silva Moraes Júnior foi o último preso do caso da milícia de Santa Cruz que deixou o Complexo Penitenciário de Bangu, na Zona Oeste da cidade, nesta quinta-feira. A situação do jovem de 23 anos, que trabalha como repositor de mercadorias em um sacolão, chamou a atenção dentre todos os 159 detidos na operação da Polícia Civil, no último dia 7, por ele supostamente ter uma deficiência mental. Ele saiu do presídio por volta das 22h.

Leonardo Souza, advogado que acompanha o caso da família de Renato. "O oficial de Justiça só leva o alvará à prisão depois da liberação da Polinter", completa.

Leonardo Souza, advogado que acompanha o caso da família de Renato, foi quem deixou ele em casa com a família, em Santa Cruz. Ele conta que a mãe do jovem não foi até a porta do presídio, como fizeram várias famílias, porque teve uma crise nervosa. O defensor se comoveu com a história do repositor.

"Após 15 anos advogando, mexeu comigo! Me emocionei e o sentimento é de dever cumprido e tristeza de ver os direitos fundamentais do ser humano serem negligenciados", ele desabafa. "A lição principal desse caso é que estamos invertendo os valores mais sagrados que temos. Existe uma vontade coletiva de punição a qualquer custo, desde que não seja dentro da casa de quem prega esse rigor. Quando o problema é dentro da sua casa, aí os critérios mudam. Quando a Constituição não é respeitada vemos este tipo de injustiça", acrescenta.

'Quero esquecer que fui tratado como presidiário', diz homem após ganhar liberdade

Após sair do Complexo de Gericinó, na tarde desta quinta-feira, Carlos André da Silva de Souza, um dos 159 presos na operação de combate a milícia em Santa Cruz, só queria esquecer os momentos em que viveu na cadeia. Ainda abalado, Carlos, que é eletricista de manutenção, negou que tenha envolvimento com a milícia.

"Estou feliz de poder ver minha família, vou poder ver meus filhos. Esse momento em que passei no presídio foi muito complicado, difícil de ser esquecido. Agradeço ao povo que lutou por nós, nós somos inocentes. Eu jamais seria um miliciano, tenho minha carteira de trabalho, meu contracheque, e tenho tudo para comprovar. Eu sinto vergonha pelos meus filhos vendo pela televisão, passando por um constrangimento desses. O que eu quero é esquecer os momentos em que fui tratado como presidiário. Quero apagar da minha vida", disse.

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