O eletricista Carlos André da Silva de Souza comemora ao sair - Daniel Castelo Branco
O eletricista Carlos André da Silva de Souza comemora ao sairDaniel Castelo Branco
Por O Dia

Rio - Após sair do Complexo de Gericinó, na tarde desta quinta-feira, Carlos André da Silva de Souza, um dos 159 presos na operação de combate a milícia em Santa Cruz, só queria esquecer os momentos em que viveu na cadeia. Ainda abalado, Carlos, que é eletricista de manutenção, negou que tenha envolvimento com a milícia. 

"Estou feliz de poder ver minha família, vou poder ver meus filhos. Esse momento em que passei no presídio foi muito complicado, difícil de ser esquecido. Agradeço ao povo que lutou por nós, nós somos inocentes. Eu jamais seria um miliciano, tenho minha carteira de trabalho, meu contracheque, e tenho tudo para comprovar. Eu sinto vergonha pelos meus filhos vendo pela televisão, passando por um constrangimento desses. O que eu quero é esquecer os momentos em que fui tratado como presidiário. Quero apagar da minha vida", disse. 

Até as 19h10, 50 detentos deixaram o Complexo de Gericinó, informou a Secretaria de Administração Penitenciária (Seap). Eles ganharam liberdade após uma decisão do juiz Eduardo Marques Hablitschek, da 2ª Vara Criminal de Santa Cruz. No último dia 19, o magistrado já havia revogado a prisão preventiva do artista de circo Pablo Dias Bessa Martins, também detido na operação policial.

Os detidos serão soltos aos poucos e a expectativa é que eles sejam liberados por ordem alfabética. O TJ explicou que serão expedidos os alvarás de soltura de cada preso, pois não é um alvará único. "Trata-se de um processo que não tem como ser tão rápido, já que todos devem ser expedidos e assinados individualmente. De qualquer forma, mesmo após a chegada dos alvarás, há procedimentos também a serem realizados pela Seap, que fica na ponta final destes procedimentos até a saída dos presos", completou, em nota, mais cedo. 

Ação prendeu 159 pessoas

A operação da Medusa prendeu 159 pessoas em uma festa dentro de um sítio em Santa Cruz, na Zona Oeste. Segundo a Polícia Civil, que intitulou as prisões como o "maior golpe contra a milícia", o alvo era Ecko, que estaria na festa e conseguiu fugir com a cobertura de comparsas.

Na terça-feira, o Ministério Público (MP-RJ) solicitou à Justiça a revogação da prisão preventiva de 138 dos 159 presos no último dia 7 de abril. De acordo com o MP-RJ, não há, até o momento, provas efetivas que permitam o oferecimento de denúncia contra eles. 

Segundo o MP, será oferecida denúncia apenas contra 21 dos 159. Portanto, há necessidade de manutenção da prisão preventiva destes suspeitos. O texto do pedido de liberdade deixa claro, no entanto, que não há nenhuma ilegalidade na ação policial, tampouco na decisão da Justiça que determinou a prisão dos 159 participantes da festa.

Para o órgão, de fato, havia integrantes no local do primeiro escalão da milícia que controla o crime organizado na região, o que se comprova pela troca de tiros iniciada pelos criminosos contra a Polícia Civil, quando os agentes iniciaram a operação. Segundo as investigações, além de disparos partidos de homens que estavam na portaria da festa e de um carro com três ocupantes estacionado na porta, parte dos tiros partiu também de dentro do local do evento, o que atesta que havia criminosos no interior.

 

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