A feirante Lucimar Fernandes reclama da falta de produtos para revender aos seus clientes em Volta Redonda Francisco Edson Alves / Agência O Dia
Por FRANCISCO EDSON ALVES
Publicado 23/05/2018 17:28 | Atualizado 24/05/2018 13:04

Rio - A crise na distribuição de combustíveis por conta da greve nacional dos caminhoneiros, já provoca consequências drásticas no interior do estado. No Sul Fluminense, por exemplo, as prefeituras de Barra Mansa e Volta Redonda confirmaram há pouco a suspensão de aulas em suas redes de ensino. A medida, sugerida pelo Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros das duas cidades (Sindpass) aos governantes locais, por meio de ofícios, seria para “racionalizar o uso dos ônibus”. No ofício, a entidade diz que a intenção é evitar o colapso no sistema, devido ao contingenciamento da frota, em razão da falta de óleo diesel. Mais de 20% dos coletivos já estariam sem rodar entre as duas cidades.

Em nota, a Prefeitura de Barra Mansa informa que 20 mil alunos deixarão de ter aulas em 72 escolas, onde trabalham 3 mil profissionais do ensino. As aulas serão repostas posteriormente. A secretaria informou que outra razão para a suspensão é a "falta de alimentos para compor a merenda escolar". Também em nota, a Prefeitura de Volta Redonda informa que as aulas serão suspensas entre esta quinta-feira e sábado (dia em que funcionam alguns estabelecimentos). Ao todo, 40 mil alunos de 104 escolas ficarão sem estudar. "No caso das creches, haverá atendimento normal nesta quinta-feira. A secretaria de educação junto com os pais, decidirá se na sexta-feira também haverá atendimento nas creches", ressalta a nota, que apela ainda à população para colaborar com o descarte racional de lixo nas residências, "pois há risco de que os caminhões da empresa responsável pelo recolhimento também fiquem desabastecidos". 

Na nota de Barra Mansa, o secretário de Educação, Vantoil de Souza, justifica que a pasta decidiu cancelar as aulas até segunda-feira "para saber os desdobramentos da greve". "Como não podemos prever o retorno de fornecimento de gêneros alimentícios, não poderíamos correr o risco de receber os alunos nas escolas sem alimentação para oferecer. Além disso, com o desabastecimento dos postos, os profissionais da educação e os ônibus que transportam os alunos encontram dificuldade para chegar até a escola", argumentou o secretário.

Carreata em apoio aos grevistas circula entre Volta Redonda e Barra MansaFrame e vídeo enviado ao DIA pelo Whatsapp

Nos postos de combustíveis, há filas nos postos da região, onde o preço da gasolina subiu. Em Volta Redonda, em alguns estabelecimentos, como o Posto JK, no Centro, a gasolina aditivada subiu de R$ 5,14 o litro, para R$ 5,29 (variação de 2,92%). Nos supermercados, também já há alta de valores dos produtos.

“Paguei R$ 18 o quilo da alcatra na semana passada e hoje, R$ 28. Um absurdo. A desculpa é a greve dos caminhoneiros”, protestou a funcionária pública Mariângela Assis Pinho, de 45 anos, ao passar pelo caixa do Supermercado Royal, no bairro Sessenta. De acordo com funcionários, hortifrútis já estão em falta na rede.

Na feira livre de Volta Redonda, uma das maiores do interior do estado, com mais de 100 barracas, vários produtos estão em falta, como mamão, laranja, batatas salsa e baroa, entre outros. “Começamos a ter sérios prejuízos dede ontem (terça-feira). Só temos mercadorias que sobraram do fim de semana. Nenhuma nova. Tudo parado nas estradas. Mas eu entendo o movimento dos caminhoneiros”, comentou Lucimar Fernandes, de 47 anos, dona de uma barraca de frutas.

Entre Volta Redonda e Barra Mansa, carreatas de taxistas e motoristas de Uber, com a inscrição nos vidros traseiros dos veículos `eu apoio a greve dos caminhoneiros`, deixaram o trânsito lento em diversos pontos pela manhã. No trajeto, recolhem alimentos, que serão doados aos grevistas, segundo informações de alguns motoristas.

Já a Cooperativa Agropecuária de Barra Mansa estima que deixará de receber mais de 130 mil litros de leite, produzidos diariamente, por conta da paralisação dos caminhoneiros. O prejuízo dos produtores deve chegar, segundo informações do setor, a R$ 150 mil litros/dia. Parte do leite poderá ser reaproveitada pelo fazendeiro, mas a maior quantidade da produção acabará se perdendo, conforme os próprios produtores.

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