Greve dos caminhoneiros afeta a maior central de distribuição de alimentos do estado - Fernanda Dias / Agência O Dia
Greve dos caminhoneiros afeta a maior central de distribuição de alimentos do estadoFernanda Dias / Agência O Dia
Por RAFAEL NASCIMENTO

Rio - A greve dos caminhoneiros já afeta a distribuição dos alimentos no estado do Rio de Janeiro. Nesta quarta-feira, nas 600 lojas da Ceasa faltavam algumas mercadorias. Entre os produtos que já apresentam baixa estão: laranja, batatas doce e lisa, morango, uva, caqui e tomate, além de cenoura e alface. Dos 700 caminhões que abastecem o local diariamente, 245 chegaram ao centro de distribuição nesta terça-feira e 75 nesta quarta.

A redução no abastecimento reflete na alta dos preços. A caixa de banana, por exemplo, que custava R$ 80 valia R$ 350 nesta quarta-feira. "De segunda para terça-feira os preços dobraram. De terça para hoje triplicaram. O saco da batata lisa custava R$70, ontem estava R$ 150 e hoje está R$ 300. Desde segunda não temos reposição deste produto", afirma Marcos Vinícius Figueiredo, de 30 anos, gerente de uma loja na Ceasa. 

Greve dos caminhoneiros afeta a maior central de distribuição de alimentos do estado - Fernanda Dias / Agência O Dia

"Ontem comprei a batata a R$ 200. A batata e o tomate são o nosso carro-chefe, então todo mundo compra", completa. De acordo com o vendedor, a caixa de tomate com 18 kg que era vendida a R$ 35, saiu por R$ 150 nesta quarta. "Os lojistas estão fazendo o próprio preço e isso é culpa do movimento. Para amanhã, eu não tenho mais mercadoria e vou ter que fechar as portas", lamenta.

Jarbas Duarte, 51 anos, que vende abóbora e melancia na central de distribuição, diz que terá estoque somente até sexta-feira e não aumentou o preço por ainda ter muitos produtos. "Se isso acontecesse há dois anos, nós não teríamos mais nada. Muitas lojas ainda têm alguma coisinha por causa da crise financeira. Ultimamente, temos poucas vendas", diz o empresário, que está na Ceasa há 27 anos. 

Na loja do comerciante Josué Batista, de 70 anos, o expediente acaba por volta de 15h. Nesta quarta, Josué fechou as portas às 12h por causa da falta de mercadoria. "Estou aqui desde 1978 e é a primeira vez que vejo algo assim. Bruto eu só tenho laranja, manga e uva."

Greve dos caminhoneiros afeta a maior central de distribuição de alimentos do estado. Na foto, Josué Batista - Fernanda Dias / Agência O Dia

'Tendência é piorar', diz gerente de associação

O gerente da Associação Comercial dos Produtores e Usuários da Ceasa Grande Rio e São Gonçalo (Acegri), Wagner Martins, diz que mais de 70% das lojas, que funcionam 24 horas, não abriram nesta quarta. "Faltou muita mercadoria e a tendência é só piorar. O mercado está sem nada, não está tendo reposição de produtos e as poucas que têm, é porque tem estoque". 

De acordo com ele, um comerciante perdeu uma carga de laranja e tangerina e um outro teve que desviar a carga de tomate para Ceasa de Nova Friburgo, na Região Serrana. "Infelizmente os lojistas estão repassando por um preço muito alto e o consumidor final vai sentir as consequências", completa Wagner.

Postos do Rio já sofrem com a falta de combustíveis

Postos do Rio e da Região Metropolitana sofrem desde cedo com a falta de combustíveis por conta da greve dos caminhoneiros, que reclamam dos seguidos reajustes no preço do diesel. Em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, onde filas de ônibus se formaram ainda na noite desta terça-feira para abastecer e poder circular na manhã desta quarta-feira, estabelecimentos estão sem combustível, assim como nas zonas Norte, Sul e Oeste do Rio.

Para piorar a situação, mais de 200 caminhões deixaram a Via Dutra, e parte deles bloqueia a saída das centrais de distribuição de combustíveis da BR e Raízen (distribuidora da Shell), na altura da Reduc, na Rodovia Washington Luís (BR-040). Motoristas dessas duas empresas já teriam aderido à paralisação.

 

 

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