Rio - A 60ª DP (Campos Elíseos) com apoio do Departamento Geral Polícia da Baixada Fluminense (DGPB), deflagrou, nesta segunda-feira, a Operação Furio, que mira o tráfico de drogas em Japeri, na Baixada Fluminense. Ao todo, os agentes cumprem 32 mandados de prisão contra traficantes do município. Até o momento, 11 pessoas foram presas.
Em entrevista ao "Bom Dia-RJ", o delegado Deoclécio Francisco de Assis Filho, titular do Departamento Geral de Polícia da Baixada (DGPB), explicou que os criminosos, liderados por Breno da Silva de Souza, chefe do tráfico no Complexo do Guandu, extorquiam dinheiro de empresários e comerciantes da região sob ameaças de retaliação.
De acordo com o Ministério Público estadual do Rio (MPRJ), investigações da Operação Sênones apontaram que Breno mantinha uma aliança com o ex-prefeito de Japeri, Carlos Moraes, preso no dia 27 de julho, e o ex-presidente da Câmara de Vereadores do município, Wesley George de Oliveira, conhecido como Miga, que se entregou à polícia três dias depois. Segundo o o promotor Carlos Eugênio Laureano, do Grupo de Atribuição Originária Criminal da Procuradoria-Geral de Justiça (Gaocrim) do MP-RJ, Carlos Moraes se aproveitava do poder do tráfico "em um curral eleitoral".
Durante as investigações, áudios interceptados pela polícia mostraram a relação estreita entre o político e o criminoso. Segundo o promotor, em um dos diálogos, o prefeito pediu desculpas ao traficante Breno do Guandu, por ter reinvidado mais segurança para o município.
"Ele autorizou a criação de duas creches e quem indicaria os empreiteiros seria o Breno", conta Carlos Eugênio Laureano. Breno Silva de Souza era o homem mais procurado da Baixada, suspeito de chefiar o Complexo do Guandu, e foi preso no dia 20 de julho.
O promotor do Gaocrin diz que foram nove meses de investigação para identificar as conversas do prefeito, de Breno e Cacau. "Era uma situação inusitada e para isso, para termos certeza que eram eles, algumas medidas foram tomadas. Após recebermos os áudios, mandamos para uma perícia do MPRJ e ouve um confronto de voz. Somente após confrontarmos as vozes, criamos um núcleo específico para investigar o grupo."
Segundo Fábio Cardoso, diretor da Delegacia de Homicídios (DH), em 2014 a Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF) iniciou uma investigação após os policiais notarem o crescimento de homicídios, latrocínios e roubos de cargas em Queimados, no Arco Metropolitano. "Tudo começou quando três seguranças de cargas de cigarro foram mortos. Os criminosos usavam essas cargas de cigarro para alimentar o tráfico de drogas. No decorrer das investigações, notamos um braço político em Japeri, que fomentava o latrocínio e homicídio nos Arcos", relata o delegado. "Foi uma operação hesitosa", acrescentou.