Publicado 20/03/2020 09:42 | Atualizado 20/03/2020 09:54
Rio - A Justiça do Rio negou um pedido do Ministério Público do Rio (MPRJ) e manteve os cultos realizados pelo empresário e pastor Silas Malafia, mesmo diante da pandemia do coronavírus. A decisão foi tomada nesta quinta-feira, no plantão judiciário.
O juiz Marcello de Sá Baptista argumentou que não existe lei nem decreto dos poderes executivo e legislativo que impeça a realização de cultos religiosos, o que consta como um dos fundamentos do pedido do MPRJ.
"Não pode o Poder Judiciário avocar a condição de Legislador Positivo e regulamentar uma atividade, em atrito com as normas até agora traçadas pelos órgãos gestores da crise existente", diz trecho da decisão.
Sá Baptista também disse que cabe aos cidadãos seguir as recomendações das autoridades para evitar a transmissão do Covid-19. "Mesmo para momentos excepcionais como os vivenciados, o legislador traça a forma e limites de atuação dos agentes públicos. Não podemos fazer e agir, como melhor entendemos, ainda que o objetivo seja beneficiar a coletividade", explica o juiz.
O Ministério Público entrou com uma ação cível pública na Justiça contra o pastor Silas Malafaia pedindo a suspensão dos cultos ministrados por ele. O órgão também pedia uma multa de R$ 10 mil, caso as cerimônias sejam realizadas.
O pedido ocorreu após o pastor evangélico e também empresário dizer, em um vídeo em seu canal no Youtube, que não vai diminuir o número de cultos nem fechar igrejas por causa da pandemia do Covid-19, contrariando recomendações de autoridades de saúde para que não haja aglomerações.
Para Malafaia, a igreja é "tão importante quanto as medidas contra" a doença. O pastor afirmou que só suspenderia os cultos caso a Covid-19 force as prefeituras e Estados a interromper o funcionamento dos transportes coletivos. Mas o pastor ressaltou que deixará igrejas abertas para atender pessoalmente os fiéis.
Antes disso, Silas Malafaia já tinha vindo público minimizar os riscos do coronavírus, apesar de todos os alertas que vêm sendo feitos pelas autoridades de saúde.
No fim de semana, em uma transmissão ao vivo em sua página no Facebook, o bispo Edir Macedo, da Igreja Universal do Reino de Deus, disse aos fiéis que não se preocupem com a propagação do coronavírus. Ele atribuiu a tensão que o mundo vive com a doença a uma "tática de Satanás" e ao trabalho da mídia.
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