Publicado 27/08/2020 07:09 | Atualizado 27/08/2020 12:40
Rio - Uma família que teve a casa invadida durante a madrugada, no Rio Comprido, Zona Norte do Rio, deixou a delegacia abalada no fim da manhã desta quinta-feira. Um homem que fugia da polícia em meio a uma guerra de facções que disputam o domínio do Complexo do São Carlos, na Região Central do Rio, entrou na residência onde estavam uma criança de 5 anos, a mãe de 36 e a avó, de 58, para se esconder.
Renan Fortunato se entregou à polícia após negociar com o Bope e conversar com seu pai que é pastor e vive no Morro do Cantagalo, em Copacabana. O pai, que prefere não se identificar, conta que a família tentava tirar o jovem de 29 anos da vida do crime. Ele se mudou da casa em que vivia com os pais para morar na Rocinha, em São Conrado.
O crime foi mais um desdobramento da guerra, iniciada na noite de quarta-feira, entre as facções rivais TCP e CV pelo domínio do Complexo do São Carlos, Região Central do Rio. Os policiais perceberam que bandidos fugiam pela Rua Aristides Lobo, no Rio Comprido, e entraram na contramão da via. Criminosos que fugiam em um Honda branco entraram em confronto com os militares.
Um bandido morreu no local. Outros criminosos ficaram feridos e foram socorridos. Renan invadiu um prédio da rua. Para conseguir entrar no condomínio, ele baleou o porteiro de raspão. Sebastião Braga, de 54 anos, foi socorrido ao Hospital Municipal Souza Aguiar nesta madrugada e passou por atendimento e exames durante a manhã.
Renan subiu com o porteiro ferido para o último andar do prédio e invadiu um apartamento arrombando a porta com a perna, revelou a vítima Amanda Coelho, 36 anos. A decoradora conta que estava com a filha de cinco anos e a mãe Ana Lu, de 58, em casa. Ela conta que assumiu o controle da situação e conversou com o bandido para acalmá-lo. Amanda diz que conseguiu convencer Renan a liberar o porteiro ferido, que foi socorrido.
"Foi assustador. Ele chutou a porta e entrou. Ele estava arrastando o porteiro baleado e dizendo que só queria salvar a vida. Eu consegui negociar de tirar o porteiro. Consegui fazer amizade com ele, passar confiança, falei pra ele mudar a vida dele", relatou Amanda no local do crime. A mãe e a filha da decoradora ficaram o tempo todo no banheiro, durante o momento classificado como 'incrivelmente terrível'.
O pai de Renan foi acordado por um sargento da PM às 3h que negociava a rendição. Segundo a polícia, o bandido dizia que queria falar com o pai. O pastor foi ao local e conversou com o jovem e pediu desculpas à vítima. Renan tem passagem passagem pelo sistema prisional, mas não estava com pendências criminais.
O homem se rendeu por volta das 7h da manhã e saiu preso do prédio por volta das 8h.
A polícia foi acionada depois que a vítima conseguiu gravar uma mensagem informando sobre o crime para a patroa, quando o apartamento foi invadido.
Ao deixar a delegacia, a refém Ana Lu, de 58, cobrou atitude das autoridades. "As coisas estão ruins demais. Tivemos calma e paciência para lidar com tudo isso, mas muita gente não tem essa mesma atitude", disse.
A Polícia Militar informou que durante cerco tático feito pelo 4ºBPM (São Cristóvão), BPChq e RECOM a criminosos em fuga no Rio Comprido, as equipes depararam-se com o veículo usado por eles. Depois de ocorrer confronto, três deles foram localizados - um estava em óbito e outros dois feridos - e dois fuzis, uma granada e uma pistola foram apreendidos, além de munições. Os feridos foram socorridos aos hospitais municipais Souza Aguiar e Salgado Filho.
Um criminoso conseguiu seguir em fuga e entrou em um prédio na Rua Aristides Lobo, onde duas mulheres e uma criança foram mantidas reféns. Policiais militares do Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE) prenderam o criminoso após negociação, sendo apreendidos uma pistola calibre .40 com "kit rajada", carregadores e cinco rádios comunicadores. Um homem foi ferido na entrada do criminoso no local e foi socorrido ao HMSA.
As ocorrências foram encaminhadas para 6ª DP, 19ª DP e Delegacia de Homicídios.
Um criminoso conseguiu seguir em fuga e entrou em um prédio na Rua Aristides Lobo, onde duas mulheres e uma criança foram mantidas reféns. Policiais militares do Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE) prenderam o criminoso após negociação, sendo apreendidos uma pistola calibre .40 com "kit rajada", carregadores e cinco rádios comunicadores. Um homem foi ferido na entrada do criminoso no local e foi socorrido ao HMSA.
As ocorrências foram encaminhadas para 6ª DP, 19ª DP e Delegacia de Homicídios.
Em outra consequência trágica da guerra de facções, uma mulher foi baleada e morreu durante intenso tiroteio no Rio Comprido, na Zona Norte do Rio, na Rua Azevedo Lima, uma das vias de acesso ao Morro São Carlos. Ana Cristina da Silva, de 25 anos, estava com o filho, de 3 anos, indo trabalhar e os dois ficaram no meio do confronto. Ela se curvou para proteger o filho e foi atingida por tiros de fuzil na cabeça e na barriga.
Disputa de facções por domínio do São Carlos
Na noite de quarta-feira iniciou-se uma disputa entre as facções criminosas Comando Vermelho (CV) e Terceiro Comando Puro (TCP) pelo domínio do Complexo do São Carlos no Estácio, região Central do Rio de Janeiro, composto pelas comunidades do São Carlos, Mineira, Querosene e Zinco, que estavam sob o domínio da facção TCP. Traficantes do Comando Vermelho do Morro do Coroa, com apoio de comparsas da Rocinha, iniciaram a invasão ao Complexo do São Carlos. Os bandidos fizeram a incursão pelo Morro da Mineira e pelo Morro do Querosene. Os traficantes do Comando Vermelho gravaram vídeo comemorando a invasão, mas segundo informações, o complexo de favelas permanece sob o domínio do TCP, segundo informações.
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