Publicado 19/03/2021 14:10
Rio - O Sindicato dos Professores do Município do Rio de Janeiro (SinPro), em conjunto com a Federação dos Trabalhadores de Estabelecimento de Ensino (Feteerj) e o Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação (Sepe) anunciaram em conjunto, nesta sexta-feira, que seguem em estado de greve para a categoria. A paralisação ocorre em protesto a continuidade das aulas presenciais em meio ao crescente número de infectados e óbitos pela covid-19. No próximo dia 27 profissionais da rede privada também irão debater a situação da pandemia e a possibilidade de uma nova paralisação.
O Sepe informou que o objetivo é defender a suspensão imediata das aulas presenciais e a manutenção do ensino remoto até que hajam condições para garantir a saúde dos profissionais de educação. Além disso, o sindicato também pede que a vacina seja aplicada a medida que os professores são convocados a voltar às escolas. A greve na rede estadual teve início em agosto de 2020 e na rede privada da cidade do Rio a paralisação durou de agosto até outubro.
"Essa greve é em defesa da vida. A característica dessa paralisação é parcial para que mantenha o ensino remoto funcionando. O objetivo é impedir que as pessoas se contaminem nas escolas. Nossa posição é clara e objetiva, já falamos com o prefeito e com o secretário de educação", disse.
Decisão na Justiça
No último dia 16, a Sinpro, o Sepe e a Feteerj protocolaram uma ação civil pública contra o governo do estado do Rio de Janeiro, pedindo a imediata suspensão do trabalho presencial dos profissionais da educação da rede estadual pública e nos estabelecimentos de ensino privado em todo o estado, em virtude dos índices de contaminação pela covid-19.
A juíza Maria Paula Gouvea Galhardo, da 4ª Vara de Fazenda Pública da Comarca da Capital, determinou ao Estado do Rio que apresentasse, em 48 horas, uma resposta sobre medidas tomadas em relação ao controle da pandemia. O prazo termina nesta sexta-feira.
De acordo com a Secretaria Estadual de Educação (Seduc), os números de casos estão sendo monitorados e as aulas seguem com o sistema híbrido, com aulas presenciais e remotas. A pasta informou ainda que está em contato com os municípios que decidirem suspender as aulas presenciais e que a decisão também cabe aos prefeitos, já que o risco de contágio varia em cada região do Estado. Ainda segundo a Seduc, o governador em exercício, Cláudio Castro e o prefeito Eduardo Paes irão debater sobre um planejamento conjunto para abordar a situação das escolas.
Nesta sexta-feira, o prefeito Eduardo Paes determinou que o banho de mar e esportes nas praias estão proibidos durante o fim de semana. O decreto foi publicado no Diário Oficial do Município. Questionado se o momento demandaria o fechamento das escolas, Paes repetiu que as medidas serão anunciadas segunda-feira.
"Segunda-feira a gente vai anunciar as novas medidas. Eu venho dizendo e repito que as escolas serão as primeiras a abrir e as últimas a fechar. As medidas já estão praticamente decididas no âmbito da Prefeitura, mas a gente vive uma especificidade aqui no Rio. Tomar decisões isoladas na cidade do Rio de Janeiro tem eficácia menor do que decisões coesas, com solidariedade metropolitana. Estou tentando construir essa coesão", afirmou.
Confira a nota da SinPro na íntegra:
O Sinpro-Rio, em conjunto com a Feteerj, seus sindicatos filiados, e o SEPE, ajuizaram na terça, dia 16/3, ação pedindo o fechamento de todos os estabelecimentos de ensino privados e públicos. Estamos numa nova onda da pandemia da COVID-19, onde as novas variantes do virús identificadas pelos cientistas demonstram ser muito mais agressivas. O país caminha para um colapso no seu sistema de saúde. A disponibilidade de leitos em UTI para a COVID-19 estão no seu limite, muitas prefeituras e governos estaduais estão administrando rigorosamente seus insumos, principalmente oxigênio e anestésicos, porque há o risco de faltarem. Já estamos no quarto ministro da saúde durante essa pandemia que já dura um ano e vemos o governo federal totalmente perdido na gestão da pandemia. Onde estão as vacinas? Onde estão os leitos de UTI? Onde estão os insumos? As equipes médicas que atuam na frente dessa pandemia têm feito, contra todos os desmandos no âmbito da saúde, o seu melhor, mas, depois de um ano de pandemia que não diminui e nem se apresenta no horizonte quando terminará, encontram-se exautas. Não há outros caminho, como inúmeros cientistas tem apontado, se não o lockdown em todo o país, pelo menos nas capitais e nas grande cidades. As escolas que abriram por conta do neganionismo de patrões, de prefeituras e de governos estadual e federal, em poucos dias, já apresentam inúmeros casos de contaminação. Quem se responsabilizará pela saúde e pela vida desses estudantes e trabalhadores da Educação? Quem assegurará leitos de UTI para os casos mais graves? Quem garantirá os insumos necessários para o tratamentos dos que precisarem de internações? Alguém conhece algum prefeito, governador ou ministro da saúde que possam garantir isso com toda a certeza? Os professores e professoras estão, desde o início da pandemia trabalhando muito nas atividades remotas. Não é verdade que o trabalho online demande menos esforço que o presencial! Os professores ainda estão pagando do seu bolso a internet e os computadores que usam no trabalho remoto. Todos gostariam de voltar a vida "normal"! Mas todos estão vendo que o país, pelo fato de todo um conjunto de erros no enfrentamento dessa pandemia, que tem origem no governo federal, que em vez de ajudar no esclarecimento junto a população da gravidade da doença e adotar medidas de coordenação nacional do combate à pandemia, assume na maioria das vezes, uma atitude negacionista diante da pandemia e se atrita com todas as esferas de poder. A situação é gravíssima! Vivemos um real descontrole da pandemia! O país precisa de medidas urgentes de isolamento social e de uma campanha de vacinação para toda a população, rapidamente!
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