Por ANA CARLA GOMES
Publicado 21/03/2021 09:00 | Atualizado 21/03/2021 10:01
Costumo dizer que as suculentas são as grandes estrelas na janela do meu quarto. Sempre que meus amigos veem um clique dali, são elas que, merecidamente, chamam a atenção. A veterana chegou em setembro de 2018, como lembrança do casamento de uma amiga de infância, a Cris, com o Jorge. Gostou tanto da casa que cresceu, ganhou vaso novo e companhias, especialmente na pandemia. Aprendi, enfim, a cuidar delas, com muito sol e pouca água. Nem precisaria, mas uma delas ainda carrega a frase: "O amor cresce aqui".
O verde entra na nossa casa como símbolo da esperança, como muito bem resume o paisagista Ricardo Portilho. Num delicioso bate-papo, falamos sobre bromélias, cactos, orquídeas, samambaias, comigo-ninguém-pode... Um universo tão democrático que pode ser perpetuado de muda em muda. "Sempre tem aquela planta que lembra a avó", comenta Ricardo.
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A jardinagem — do nosso quintal, da horta ou daqueles jardins de capas de revista — exige cuidados e tempo, mas torna prazeroso ver o crescimento. Ou renascimento. É a sensação de Ricardo. Do seu ofício, brotam artes. A planta de nome Strelitzia e conhecida como 'ave do paraíso' vira uma linda escultura da artista plástica Christina Motta.
Quando pergunto a ele se é verdade a história, passada de geração em geração, de que existe 'mão boa' para jardinagem, ele me responde lindamente: "É preciso fazer o que se gosta". As plantas também crescem regadas com afeto.
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Assim, carregadas de magia, elas se espalham. De uma semente, sai o pé de laranja, como mostra uma colega de trabalho, num clique em casa, no Centro do Rio. Do carinho diário da mãe de uma amiga, surge o verde que dá o tom na sua casa em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense.
Do olhar atencioso do meu amigo Celso Reis, aparece a mágica da transformação de uma planta do seu quintal em Oswaldo Cruz, no subúrbio: a haste vai crescendo, as flores ficam rosas e se abrem. Em todas as fases e tons, há beleza. Assim como podemos fazer nos processos da nossa vida. Basta apreciá-los.