Publicado 13/04/2021 10:29 | Atualizado 13/04/2021 15:41
Rio - A babá de Henry Borel, de apenas 4 anos, Thayná Oliveira Ferreira, prestou um novo depoimento na 16ªDP (Barra da Tijuca) e confessou que Monique Medeiros, a avó materna do menino e a irmã de Dr. Jairinho sabiam das agressões. Durante as declarações, a babá relatou três ocasiões diferentes em que Henry foi agredido pelo vereador.
O casal foi preso na última quinta-feira (8) acusado de atrapalhar as investigações do caso. Eles são acusados de homicídio duplamente qualificado pela morte de Henry no dia 8 de março. Confira os detalhes do depoimento de Thayná:
Três episódios de agressões
Em mais de sete horas de declarações, a qual O DIA teve acesso, Thayná revelou que o casal brigava com frequência, quase toda semana, entretanto em portas fechadas ou por telefone, nunca na frente dela. "Era comum até que um dos dois estivesse com malas prontas, para 'sair de casa', porém, estranhamente, mesmo quando ouvia tons de voz mais exaltados no interior do quarto, quando o casal saía, tudo estava bem, já que saíam se beijando e se abraçando", disse a babá.
Sobre a relação entre Jairinho e Henry, Thayná disse que percebeu algumas situações anormais. No dia 02 de fevereiro, quando Monique estava no futevôlei, pela manhã, a babá estava com o menino e o vereador no apartamento. Num dado momento, Henry chamava pela mãe e Jairinho saiu do quarto do casal e foi até o quarto da criança, onde a babá também estava. Segundo ela, o político chamou Henry de mimado e o chamou par uma conversa a portas fechadas.
"Ficaram cerca de 30 minutos com a porta fechada, porém não ouvi qualquer barulho", afirmou a babá, que após isso perguntou ao menino o que tinha acontecido e ele apenas disse que "tinha esquecido, que estava com soninho". Ela insistiu em saber o que houve, mas Henry disse novamente que esqueceu.
Thayná contou que Monique chegou logo em seguida e foi tomar banho e Jairinho tomou café e saiu. Após o vereador deixar o apartamento, a babá contou o que havia acontecido para a mãe de Henry, que disse que ia procurar saber o que houve.
No mesmo dia, Henry foi para a escola e na volta foi para a brinquedoteca. De acordo com Thayná, ele se recusou a brincar com as outras crianças porque estava com dor no joelho. Ela disse que não associou a dor ao episódio com Jairinho pela manhã.
A babá relatou que os dias se passaram e nada mais foi comentado. Segundo ela, Jairinho passou a levar presentes para Henry, que o agradecia.
No dia 12 de fevereiro, a babá estava com a criança e Jairinho o levou para dentro do quarto. Thayná entrou em contato com Monique e passou a relatar os fatos. Minutos depois, Henry saiu do quarto alegando dores e mancando.
A babá disse após fazer uma chamada de vídeo com a mãe do menino onde os dois falaram sobre as agressões, Jairinho retornou ao apartamento, visivelmente exaltado, questionando o menino "Henry, o que falou pra sua mãe", "Você gosta de ver sua mãe triste com o tio", "Você mentiu pra sua mãe". Thayná afirmou que o menino estava em seu colo e respondia, acuado, que não havia falado nada, que não havia feito nada.
De acordo com a babá, Jairinho passou a questioná-la se ele ligou para a mãe, o que eles falaram. Então, Thayná pediu para que o vereador se acalmasse, "momento em que o mesmo começou a tentar tirar Henry do meu colo, estendendo as mãos e o chamando insistentemente, mas o menino não quis ir, se encolhendo no meu colo". Em seguida, a babá contou que sentou-se no chão para tentar acalmar o menino e que Jairinho ficou em pé. Foi aí que a babá incentivou Henry a dizer o que havia ocorrido, sendo que, neste momento, na presença do namorado da mãe. Então, o menino confirmou que havia ligado para a mãe e dito que ele havia lhe agredido.
A babá disse que Jairinho que Henry não poderia mentir para a mãe dele, que ele "ficava triste". Então o vereador se afastou e a babá terminou de arrumar as coisas do menino e desceu com ele, tendo deixado o político no apartamento. Cerca de cinco minutos depois, Monique chegou e pediu para que ela entrasse com a criança no carro para darem uma volta. Segundo ela o "passeio" durou quase 3h e assim entraram no carro, a mãe de Henry pediu para que ela contasse novamente o ocorrido.
Thayná afirmou que Monique se mostrou nervosa e começou a perguntar a Henry, que confirmava com a cabeça que havia sido agredido sim. Assim que voltaram para o condomínio, Monique deixou a babá com Henry no carro e subiu sozinha. Monique desceu com os pertences de Thayná, bem como com as malas dela e do menino, as quais já estavam prontas porque eles, iriam viajar no fim de semana por conta do carnaval.
Monique disse a babá que iria para Bangu e se propôs a deixá-la perto de sua residência, na Taquara. No entanto, Thayná disse que a distância entre sua casa e o Majestic é pequena, que demora apenas cerca de 06 minutos de carro, mas Monique fez questão de deixá-la em um posto de gasolina situado na esquina de sua casa.
À noite, Rosangela, empregada da família, ligou para a babá para perguntar o que havia acontecido, ocasião em que ela contou que o menino havia reclamado que tinha apanhado de Jairinho. Segundo a babá, apesar de Monique ter dito que iria a Bangu, no dia seguinte, a partir dos Stories do Instagram, ela viu que casal estava junto em Mangaratiba, aparentando estarem bem um com o outro, carinhosos, o que, inclusive, que isso lhe causou estranheza.
Segundo a babá, ela teria voltado a trabalhar na quarta-feira de cinzas e viu que tudo estava bem, sendo que Henry contou à ela que só foi para Mangaratiba no último dia da viagem, o que foi confirmado por Monique. Nesse mesmo dia, Thayná viu um exame de raio-x em nome de Henry e questionou a patroa, que disse que levou ele pra fazer exames devido as dores no joelho, mas afirmou que "não era nada".
Passados alguns dias, babá perguntou à Monique quando seu tio poderia ir até o apartamento para fazer um orçamento referente às câmeras de monitoramento que haviam comentado durante o diálogo do dia 12 de março. A mãe do menino disse que teria que ver, mas não deu muita importância, segundo a babá. Após mais alguns dias, Thayná chegou a falar mais uma vez sobre as câmeras, mas Monique se esquivou novamente, dizendo que havia esquecido, mas que iria ver. Depois disso, Thayná não tocou mais no assunto.
De acordo com a babá, na semana seguinte, Monique foi à psicóloga e no caminho deixou Henry e Thayná na casa da avó materna do menino, que logo perguntou o que havia acontecido. A babá contou tudo para ela, que ficou assustada e ficou indagando para saber se Henry estava ou não mentindo, mas ela disse que o menino estava mancando, com dor na cabeça e com um roxo, porém não quis insistir muito no assunto, porque ficou com medo de Monique achar que ela estava fazendo "fofoca" para a mãe.
O terceiro episódio de agressões que Thainá percebeu aconteceu na última semana de fevereiro. Segundo ela, Jairinho chegou inesperadamente e chamou Henry. Quando o menino saiu do quarto relutou a contar o que havia acontecido, parecendo intimidado, mas logo depois disse que havia caído da cama e estava com a cabeça doendo.
A babá disse que não notou mais nada de anormal, até que no dia 08 de março ela soube da morte de Henry. Ela revelou que soube da notícia através de uma ligação da irmã de Jairinho. "Como assim, passou mal e morreu? É uma criança", questionou a babá. A irmã do vereador confirmou que Henry tinha passado mal e morrido e logo desligou o telefone. Thayná disse que mandou mensagem à Monique, porém esta não respondeu. Cerca de três dias depois, após ela já ter mandado algumas mensagens, finalmente a mãe da criança respondeu agradecendo a declarante por ter cuidado de Henry.
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