Rio - A Frente Nacional Antirracista, nesta quinta-feira (13), no Dia Nacional de Denúncia Contra o Racismo, está realizando uma ação de distribuição de cestas básicas e flores camélia no Jacarezinho, Zona Norte do Rio, após sete dias da operação policial que terminou com 28 pessoas pessoas mortas - sendo um policial civil e 27 suspeitos - e deixou várias feridas na comunidade. O movimento "Panela Cheia Salva Vidas" é uma parceria da organização com a Central Única das Favelas (Cufa Brasil) e a Organização Não Governamental (ONG) Gerando Falcões. "A dor do luto e a revolta ao descaso do poder estatal permanece, mas isso também nos impulsiona a lutar, reivindicar e a plantar esperança em meio a tanta dor. Já dizia Emicida: 'Tudo que nós tem é nós'. Seguimos na luta", disse a organização em publicação na rede social. Manifestações no Brasil Além do movimento da Frente Nacional Antirracista, a Coalizão Negra Por Direitos convoca manifestações, nesta quinta-feira, em todo o país exigindo justiça para as vítimas do massacre na Favela do Jacarezinho e de todas as operações policiais que resultaram nas mortes nas favelas e comunidades do Brasil. Os protestos da coalizão reivindicam o auxílio emergencial de R$ 600 até o fim da pandemia, o direito da população negra à vacina contra a covid-19 pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e o Fora Bolsonaro. "Vivemos uma grave pandemia. Defendemos as políticas de cuidados e contenção do coronavírus. Mas tivemos o direto ao isolamento social negado. Seja pela necessidade em sair de casa para buscar o sustento, seja sendo morto em casa pela repressão policial. Por isso estamos nas ruas em protesto, mas com todo cuidado. Orientamos o uso de máscaras, higienização permanente das mãos com álcool gel e manter-se, o quanto possível, em espaços abertos e ventilados", informou a coalizão. Morte de negros no Brasil Segundo dados da Coalizão Negra Por Direitos, somente no ano de 2020, mais de 5,6 mil pessoas foram mortas pelas polícias no Brasil. Pelo menos 75% das vítimas pertencem a esse grupo racial. "A Chacina do Jacarezinho contabiliza, até o momento, ao menos 28 mortes. Vidas e histórias exterminadaspelas forças do Estado, sem respeito e nenhum direito previsto em lei. Corpos cuja humanidade e cidadania são negadas na vida e na morte. Assassinatos resultantes de uma operação policial ilegal e proibida pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Desde junho de 2020 até março deste ano, mais de 823 pessoas foram mortas em operações policiais, mesmo com a proibição da Suprema Corte" afirmou a coalizão.