Preso no Jacarezinho diz que foi obrigado a carregar corpos e teria sido agredido por dez policiais
Em depoimento, o suspeito afirmou também que um policial civil ameaçou esfregar o rosto nas tripas de um morto
Policia - Operação no Jacarezinho deixa 28 mortosReginaldo Pimenta / Agencia O Dia
Por O Dia
Rio - Em depoimento à Justiça, um dos seis presos durante a operação no Jacarezinho, no dia 6 de maio, relatou como foram as supostas agressões dos policiais civis após a sua rendição, ainda na comunidade. De acordo com um suspeito, ele teria sido obrigado a carregar dez corpos foi agredido com golpes de fuzis e socos por pelo menos 10 policiais. Os vídeos das audiências de custódia e laudos de corpo de delito foram divulgados pelo jornal Folha de S.Paulo nesta quinta-feira (27).
"Ele botou a gente pra descer num beco assim, tinha vários corpos assim no beco. E ele falou: 'bora', você vai ser obrigado a levar esses corpos aqui. […] Já comecei a chorar e ele: 'Chora, não'. Querendo pegar minha cara e tacar assim na tripa do moleque que estava para fora", relatou um dos presos.
"Eu falei: eu não vou levar esse daí, não. Aí ele começou a me bater, falando que eu era obrigado a levar. Eu falei: não vou levar não, não vou levar não, não vou meter a mão nisso daí, não. Aí ele: bora, mete a mão logo. Começou a me dar várias porradas para meter a mão. Mais de dez corpos ele fez isso comigo", afirmou em um outro trecho.
Ao ser questionado se o suspeito lembrava do rosto dos policiais que supostamente teriam praticado as agressões, o preso disse que não tinha como saber pois ele "pisavam na cara falando que não era para olhar para a cara deles".
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Esses e outros relatos já divulgados anteriormente, reafirmam a versão que teria tido abuso policial durante a operação, considerada a mais sangrenta da história do Rio de Janeiro. Na ocasião, a Polícia Civil negou a versão dos presos e disse que o caso será apurado na investigação.
Procurada para comentar as acusações, a Polícia Civil informou que esta versão será apurada no inquérito policial, que tem acompanhamento do Ministério Público.
No documento, o estado alega que os dados são "considerados imprescindíveis à segurança da sociedade, da instituição policial e seus agentes" e que sua divulgação "pode vir a prejudicar ou causar risco a planos ou operações estratégicas dos órgãos da Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro". Durante a operação, 28 pessoas morreram.
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PGR entrega relatório sobre operação no Jacarezinho
O documento visa levar conhecimentos dos fatos e as circunstâncias da ação policial, que aconteceu na operação do Jacarezinho. No texto, Aras informa que a Procuradoria Geral da República (PGR) instaurou, no dia seguinte à operação, a "Notícia de Fato", uma apuração preliminar do suposto descumprimento das decisões proferidas pela Corte Suprema na ADPF 635.