Posto de Vacinação na Praça da Cruz Vermelha, vacinando moradores de rua.
Posto de Vacinação na Praça da Cruz Vermelha, vacinando moradores de rua.Daniel Castelo Branco
Por Yuri Eiras
Rio - 'É a maior conquista da década para quem mora na rua'. Foi assim que o escritor Léo Motta, que viveu nas ruas do Rio e transformou a experiência no livro 'Há vida depois das marquises' (2018), definiu a primeira semana de vacinação da população de rua da cidade. Motta foi um dos imunizados na manhã desta quinta-feira (27), na inauguração de um ponto na Praça da Cruz Vermelha, no Centro. A vacinação de pessoas nesta condição é livre, ou seja, não tem restrições de idade ou de comorbidades. O último censo municipal estima 7 mil pessoas vivendo nas ruas atualmente.
"Só de a gente parar para imaginar quantas pessoas não tiveram essa oportunidade...A gente vê nossa classe tão excluída, sendo incluída desta vez. É emocionante", afirma Léo Motta, referência para a população de rua - ele, inclusive, convenceu um grupo a se vacinar nesta quinta. "Eu falei: vou me vacinar, vêm comigo? E vieram. A gente vai receber uma forte crítica da população. Às vezes, sou chamado de 'babá de marginal'. Recebo muito ódio. E quando chego aqui e vejo essa fila de gente para se vacinar, é emocionante", completa.
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Cearense de Antonina do Norte, Sebastião Hernandes tem 38 anos, 30 de Rio, 10 deles nas ruas. Ele também foi um dos imunizados. "Fico no MAM de dia, descanso ali. À noite, descanso em outro lugar. Quem mora na rua vive muita coisa, corre muito risco. A vida não é fácil. Estou feliz pela vacinação", diz.
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A missão da prefeitura é fazer com que a população em situação de rua tome a segunda dose. Os postos disponibilizados para esse grupo serão volantes - estarão em locais diferentes, em dias diferentes. Quem vive nas ruas poderá tomar a segunda dose em qualquer ponto, desde que respeite o prazo determinado - a AstraZeneca, por exemplo, prevê segunda dose três meses após a primeira. Todos os vacinados ganham uma caderneta de vacinação.
Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde informou que "a vacinação é feita nos abrigos municipais, nos centros de referência da assistência social (CREAS), nas unidades de Atenção Primária à Saúde (clínicas da família e centros municipais de saúde) e nas ações do programa Consultório na Rua, da Secretaria Municipal de Saúde, que já atende regularmente essa população e tem muitos deles cadastrados e acompanhados".

"A vacina disponível no município no momento, e que está sendo usada para esta população, é a AstraZeneca, com prazo entre as doses de 12 semanas. A estratégia para a aplicação da segunda dose será a mesma usada para a primeira", concluiu a pasta.