Publicado 28/05/2021 07:27 | Atualizado 28/05/2021 08:49
Rio -- Policiais Civis sofreram cerca de 200 ataques de criminosos, em pelo menos 61 pontos diferentes do Jacarezinho, durante a Operação Exceptis, realizada no dia 6 de maio. A informação consta em um mapa, ao qual O DIA teve acesso.
No documento, feito a partir das oitivas dos agentes, há a marcação em amarelo, nos locais de onde criminosos dispararam contra equipes do Departamento de Polícia Geral Especializada (DPGE) e, em vermelho, contra a Core (Coordenadoria de Recursos Especiais), conforme a reportagem simula em infográfico. Também há marcações de onde partiram os tiros contra helicópteros da Polícia Civil.
Os dados foram citados pelo delegado Fabrício Oliveira, coordenador da Core, durante Audiência Pública Extraordinária, realizada pela Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado, da Câmara dos Deputados, na última terça-feira. O debate era sobre a Operação do Jacarezinho, que deixou 27 suspeitos de envolvimento com o crime mortos, além de vitimar um policial civil.
"Quando a gente analisa esse número, mais de 100 ataques pesados a equipes de policiais, e a gente verifica o resultado final de 27 delinquentes mortos em confronto com a polícia, a gente percebe que desproporcional não foi o resultado da operação. Desproporcional foi a agressividade e os ataques desses criminosos à polícia", disse. Oliveira disse que citou 100 para ser conservador, mas, pela oitiva dos agentes, é possível contabilizar o dobro dos momentos de disparos em sequência feitos às equipes do estado.
Procurado, o Diretor do DPGE, Felipe Curi, analisou o mapeamento. "Se você analisar que em cada ataque tem um grupo de no mínimo cinco policiais, são mais de 500 tentativas de homicídio praticadas pelos traficantes, sendo que em muitas delas um mesmo policial foi vítima por mais de uma vez e em mais de uma localidade".
Oliveira chamou de ataques os locais mapeados pois os tiros, segundo o agente, tiveram início por parte dos criminosos. E, muitas das vezes, não foram revidados pelos policiais. "A opção pelo confronto, ela não é da polícia, ela é do criminoso. O policial não tem o direito de reagir, mas o dever de reagir: se a principal função do policial é defender a sociedade, é defender o policial que está ao seu lado, como ele vai defender se ele não reagir e defender a sua própria vida?".
Somente no local onde o agente André Frias foi morto, em um dos acessos, foram computados seis ataques. E, para chegar naquele acesso, os agentes tiveram que enfrentar outros 13. Frias era da Dcod (Delegacia de Combate às Drogas) e foi baleado na cabeça, ao desembarcar de um blindado.
Ainda na audiência, Oliveira ponderou que já realizou inúmeras operações pela Core e outras delegacias por onde teve passagem, nas quais não houve mortes pois os criminosos não reagiram. Ele enfatizou a necessidade das aeronaves serem blindadas, já que, em pelo menos nove pontos, traficantes atiraram contra os helicópteros.
Subsecretário argumentou pelo sigilo; entidades criticam
Também presente na audiência estava o delegado Rodrigo de Oliveira, Subsecretário de Planejamento e Integração Operacional da Polícia Civil. Ao ser indagado pela deputada federal Talíria Petrone (Psol) sobre o motivo dos dados da operação terem sido colocados em sigilo, ele ponderou que há dados sensíveis.
O sigilo foi criticado por entidades, como a Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e a Anistia Internacional.
"Esse sigilo, em hipótese alguma, está vinculado aos órgãos que, por lei, têm a obrigação de fiscalizar, como o Ministério Público. (...) O que não pode, obviamente do ponto de vista da segurança do Estado, é você transformar informações sensíveis, seja com relação às investigações que estão em andamento, seja com relação até aos nome dos policiais que participaram da operação, de conhecimento público", disse.
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