Publicado 30/05/2021 12:12
Rio - A Secretaria Municipal de Cultural da Prefeitura do Rio anunciou, neste domingo, a instalação de uma placa no prédio onde morou o poeta Ferreira Gullar (1930-2016), em Copacabana, na Zona Sul. A inauguração será nesta segunda-feira (31) às 11h, com a presença do secretário da pasta, Marcus Faustini; a presidente do Instituto Rio Patrimônio da Humanidade (IRPH) Laura di Blasi e o neto de Gullar, Matheus Aragão. A Secretaria Municipal de Cultura tem como projeto a volta de circuitos culturais para quem anda na cidade. A residência fica na Rua Duvivier, 49 e pertence à família.
Responsável pela proteção do patrimônio cultural da cidade, o IRPH, em quase 40 anos, tem mais de mil bens materiais tombados na esfera municipal. Há também os bens imateriais que, ao todo, já somam mais de dez mil bens preservados.
Sétimo ocupante da cadeira nº 37 da Academia Brasileira de Letras (ABL), Ferreira Gullar, cujo nome verdadeiro era José de Ribamar Ferreira, nasceu em São Luís do Maranhão, MA, em 10 de setembro de 1930, numa família de classe média pobre e faleceu no Rio em 4 de dezembro de 2016.
Aos 18 anos, começou a frequentar os bares da Praça João Lisboa e o Grêmio Lítero Recreativo, onde, aos domingos, havia leitura de poemas. Descobriu a poesia moderna ao ler de Carlos Drummond de Andrade e Manuel Bandeira.
Dono de uma poesia que não segue fórmulas, lançou 'A luta corporal', em 1954, o livro que o inseriu no cenário literário do país. Os últimos poemas da obra provocaram o surgimento na literatura brasileira da poesia concreta, de que Gullar foi um dos participantes e, em seguida dissidente, passando a integrar um grupo de artistas plásticos e poetas do Rio: o grupo neoconcreto.
Em 1976 escreveu o importante ensaio 'Augusto dos Anjos ou morte e vida nordestina', sobre o grande poeta paraibano. No ano seguinte foi preso e torturado.
Durante o exílio em Buenos Aires, escreveu 'Poema sujo' – um longo poema de quase cem páginas – que é considerado a sua obra-prima. De volta ao Brasil, Gullar publicou, em 1980, 'Na vertigem do dia e Toda poesia', livro que reuniu toda sua produção poética até então. Nessa época também voltou a escrever sobre arte na imprensa do Rio e São Paulo.
Outro campo de atuação de Ferreira Gullar é o teatro. Após o golpe militar, ele e um grupo de jovens dramaturgos e atores fundaram o Teatro Opinião, que teve importante papel na resistência democrática ao regime autoritário. Nesse período, escreveu, com Oduvaldo Viana Filho, as peças 'Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come' e 'A saída? Onde fica a saída?'. De volta do exílio, escreveu a peça 'Um rubi no umbigo', montada pelo Teatro Casa Grande em 1978.
No entanto, Gullar afirmava que a poesia era a sua atividade fundamental. Em 2002, foi indicado para o Prêmio Nobel de Literatura.
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