Sepultamento de Kathlen, na tarde desta quarta-feira, no Cemitério São Francisco de Paula, no CajuLuciano Belford/Agência O Dia
Por Bernardo Costa
Publicado 09/06/2021 18:41 | Atualizado 09/06/2021 19:44
Rio - Há cerca de um mês, a comunidade do Barro Vermelho, no Complexo do Lins, sofre com confrontos armados praticamente diários entre policiais e bandidos. A informação é do presidente da associação de moradores do local, Luiz Paulo Figueiredo, de 31 anos, que chama os confrontos de 'guerra entre gato e rato'. Na terça-feira, por volta de 14h, uma inocente foi a vítima fatal: Kathlen de Oliveira Romeu, de 24 anos, que estava grávida de quatro meses.
"Há um mês estamos sofrendo com essa guerra de gato e rato. Não queremos defender ninguém. Mas a realidade é que a polícia está agindo com truculência. As casas estão cheias de marca de bala. Tem uma que tem 17 disparos. Gostaríamos de perguntar ao governador quando essas mortes de inocentes vão acabar. Os sonhos das nossas crianças estão sendo castrados", disse Luiz Paulo, no sepultamento de Kathlen, na tarde desta quarta-feira, no Cemitério São Francisco de Paula, no Caju.
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Segundo Luiz Paulo, os confrontos têm acontecido na parte da tarde: "Dia sim, dia não tem sido assim há cerca de um mês. Os tiros acontecem na parte da tarde, por volta de 14h, o horário em que as crianças estão saindo do colégio. E por volta de 17h também".
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Assim como outros moradores da comunidade Barro Vermelho, onde Kathlen foi morta, ele afirma que só houve disparos da Polícia Militar no momento em que a jovem foi atingida fatalmente.
"Isto eu posso garantir com certeza: somente os policiais atiraram desta vez. Eles estavam escondidos dentro de uma casa, que está para alugar, sem gente morando. Quando os bandidos apareceram para colocar a boca de fumo na Rua Araújo Leitão, que tem essa área conhecida como Beco do 14, eles atiraram. A Kathlen passava pelo local com a avó e foi morta".
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Segundo os moradores da comunidade, o ponto de venda de drogas acontece em local movimentado, entre as casas e o comércio local.
"As pessoas passam por ali o tempo todo. Não tem como não passar. Antes de atirar, os policiais ao menos poderiam ver se tem inocente no local. Acabaram matando uma mulher grávida", disse um morador, que acompanhava o sepultamento.
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Luiz Paulo também falou que Katlhen era referência para os jovens da comunidade, por ter se formado como design de interiores e estar trabalhando como modelo.
"Ela era a referência para todos nós lá dentro. Veio de baixo e conseguiu vencer, estava conseguindo. Aí vai a polícia e faz isso. A polícia está despreparada. A gente não aguenta mais essa violência. A gente pede reunião com o governador, não consegue. A gente pede reunião com o comandante da UPP, não consegue. A gente só quer paz", diz o presidente da Associação de Moradores do Barro Vermelho, no Complexo do Lins.
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