violenciaarte o dia
Por Aline Cavalcante
Publicado 11/07/2021 00:00 | Atualizado 12/07/2021 13:18
Dados obtidos com exclusividade pelo O DIA revelam o cenário preocupante da violência na Baixada Fluminense. Segundo registros da plataforma Fogo Cruzado, com base no primeiro semestre deste ano, somente de janeiro a junho foram registrados 630 tiroteio na região, um aumento de 13% em relação ao mesmo período no ano anterior. Em média, foram registrados três tiroteios por dia na região. Só neste ano, 171 pessoas morreram em decorrência de tiroteios e outras 115 ficaram feridas. O do número de mortos subiu 11% e o de feridos teve aumento de 4%, se comparados a 2020. Dentre os dados que mais chamaram atenção estão as chacinas. Nos seis primeiros meses do ano o crescimento foi de 500% e o número de mortos subiu 717%.
A região registrou 12 chacinas em 2021, uma média de duas a cada mês. Já o número de mortos chegou a 49, quando no anterior, no mesmo período, foram registradas seis mortes. "Quando olhamos para a letalidade das ações, a Baixada se destaca e muito. Comparando 2020 e 2021, o aumento da letalidade de chacinas, por exemplo, explodiu. E a maioria dos casos teve a presença de agentes de segurança. O número de mortos nas chacinas na Baixada Fluminense teve o maior crescimento de todas a regiões", afirma Maria Isabel Couto, gestora de dados e porta-voz do Fogo Cruzado.
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No ranking das cidades que registraram tiroteios, Belford Roxo lidera. De janeiro a junho foram 183 registros, cerca de um tiroteio por dia, deixando 70 pessoas feriadas, dentre elas 37 mortos. Em 46 confrontos os agentes de segurança estiveram presentes.
"A disputa pelo controle territorial entre grupos de tráfico de drogas e milicianos é um fator que tem se destacado especialmente no município de Belford Roxo, especialmente nos bairros Pauline e Santa Tereza. Esses bairros, não por acaso, estão entre os três que mais se destacam como os que mais registraram tiroteios na Baixada neste primeiro semestre", explica a gestora do Fogo Cruzado.
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Em segundo lugar, o município de Duque de Caxias, registrou 167 tiroteios, sendo 61 pessoas baleadas e 36 mortos. Do total destes tiroteios, 34 teve a presença de agentes. 
Na terceira colocação está São João de Meriti com 79 tiroteios. Ao todo, 39 pessoas foram baleadas e 22 mortas. Logo atrás vem Nova Iguaçu com 75 tiroteios, 41 baleados e 32 mortos. Mesquita teve 47 tiroteios registrados. No município, 29 pessoas foram baleadas e 20 delas morreram.
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Adriano de Araujo, mestre em Sociologia e coordenador do Fórum Grita Baixada, também aponta o crescimento da milícia na região como um dos fatores que contribuem para a violência. 
"Conforme a milícia vai se fortalecendo como modo de negócio armado e violento, como braço ilegal do Estado Legal, como força política e porque não dizer ideológica, ela vai se complexificando também, aumentando as chances das disputas internas. E isso, na Baixada, é muito forte. Não é por outro motivo que a Baixada é um dos lugares do Brasil que mais pessoas vinculadas a política são assassinadas".
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Crescimento das mortes de policiais
As mortes de agentes de segurança também cresceram 20%. No primeiro semestre, 12 agentes morreram, 20% a mais que no ano anterior. Oito policiais foram feridos à bala, 300% a mais que em 2020. Ao todo, o número de baleados cresceu 67%.
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Maria Isabel relata que a maioria dos policiais foram baleados fora de serviço. Para ela, esse dado revela uma falha da política de segurança.
"Dos 20 agentes de segurança baleados na Baixada, apenas cinco estavam em serviço. Isso mostra pra gente que a violência que está vitimando os policiais na Baixada não é uma violência decorrente da exposição de risco desses policiais em serviço. Eles estão sendo baleados vítimas de tentativa de homicídio e assaltos. Não se trata de uma política de segurança de forma ativa. Se trata do que a política de segurança deixa a desejar, neste sentido".
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O relatório do Fogo Cruzado traz ainda as motivações dos tiroteios. Dos 630 tiroteios registrados na Baixada Fluminense, 207 tiveram os motivos identificados. As causas mais recorrentes são as operações policiais com 136 registros. Os homicídios/tentativa aparecem em seguida com 51 ocorrências. O terceiro motivo mais frequente dos disparos são os roubos/tentativa, com 25 casos.
"Há de se debruçar também sobre o papel decisivo das forças de segurança no aumento da letalidade na região metropolitana e em especial na Baixada Fluminense. As principais vítimas continuam sendo os pretos, pobres e os moradores de áreas periféricas como a Baixada Fluminense. O futuro dessa realidade não é promissora, infelizmente", ressalta Adriano de Araujo.
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A porta-voz da plataforma Fogo Cruzado explica que em muitos casos, as pessoas não identificam a causa dos tiroteios e chama atenção para a política de segurança na Baixada.
"Quando identificamos as motivações dos tiroteios na Baixada a primeira coisa que saltam aos olhos é o destaque que têm os tiroteios motivados por ações e operações policiais, embora não tenha tido aumento neste quesito. Isso é um elemento importante para entender a violência armada na Baixada e que muitas vezes a política de segurança oferecidas como soluções, na verdade não são soluções. É importante ressaltar que boa parte dos tiroteios, as pessoas não souberam informar os motivos", 
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Alguns índices baixaram
O número de crianças e adolescentes baleados registrou queda. O total de crianças baleadas (1) foi 83% menor que em 2020 (6). Já entre os adolescentes a queda foi de 40%. O número de mortos (1) caiu 75% e o de feridos (2) subiu 100%.
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O número de vítimas de bala perdida teve queda de 57%. Passou de sete (quatro morreram), em 2020, para três, das quais duas morreram em 2021.
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